Identidade cultural é valorizada na nova expografia da Coleção de Arte Popular

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Foto: Fernando Barbosa


A compreensão da nossa identidade cultural é a principal referência da Coleção de Arte Popular que acaba de ganhar nova expografia no Centro Cultural Solar Ferrão (Pelourinho) e será reaberta para visitação pública em 14/11, às 16h. Em três salas totalmente reformadas, as 258 peças expostas são representativas da Cultura Popular do Nordeste coletadas entre as décadas de 50 e 60 do século XX. O núcleo inicial teve origem na coleção adquirida pelo cenógrafo e diretor de teatro Martim Gonçalves para subsidiar e ilustrar estudos e práticas na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), posteriormente ampliado pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi.

O encontro de Martim Gonçalves com a arquiteta, primeira diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), e a afinidade profissional entre ambos gerou diversos projetos não só para peças teatrais como para mostras de arte. Esta parceria viabilizou, em 1959, a “Exposição Bahia” (Arte Popular Nordestina), na V Bienal de São Paulo. O acervo também compôs a exposição “Nordeste”, realizada em 1963, no MAM, e diversas mostras promovidas na Bahia e em São Paulo. Em 2003, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) passa a ter a guarda da coleção.


Dentre as peças utilitárias e figurativas que compõem a Coleção de Arte Popular, encontram-se ex-votos, imaginária (arte sacra católica e de matriz africana), esculturas em cerâmica, utensílios domésticos como fifós, panelas, potes de barro, além de carrancas, brinquedos e outros objetos criados a partir de materiais reutilizáveis que representam a sintonia entre a arte e a vida cotidiana. Completam a nova expografia a obra “Emblemática Casinha”, de Denissena (2018) e a foto “Margem do Rio São Francisco – Barra (BA)”, de Mateus Pereira (2008).

O artista plástico Denissena informou que esta foi a primeira vez que utilizou a técnica de argila sobre parede para, num processo experimental, produzir a obra. “Foi uma experiência muito gratificante, pois pude produzir pela primeira vez toda a textura, o relevo e os tons da argila sobre a parede para compor a obra. Além isso, este processo me remeteu às pessoas que constroem suas próprias casas de barro”, explicou.

A reabertura da coleção faz parte do processo de requalificação do Solar Ferrão. “Já revisitamos as salas da Coleção de Walter Smetak e agora estamos entregando a nova expografia da Coleção de Arte Popular. Além disso, estamos finalizando uma requalificação física geral do prédio e ainda vamos finalizar o trabalho no Museu Abelardo Rodrigues e da Coleção de Arte Africana”, explica a coordenadora da Diretoria de Museus (Dimus/Ipac), Fátima Santos.

“Neste momento em que o país vive após o incêndio no Museu Histórico Nacional, é emblemático que o Estado da Bahia entregue à população um equipamento que, além do seu acervo, seja extremamente rico e importante para a cultura não somente da Bahia, mas nacional. Um equipamento cuja arquitetura singular para o Brasil é patrimônio histórico nacional e da Unesco. Este trabalho deixa claro que existem políticas públicas importantes de enfrentamento, de continuidade no sentido de termos equipamentos que se comuniquem melhor com a sociedade, que sejam espaços mais qualificados para receber os cidadãos“, declarou o diretor geral do Ipac, João Carlos Oliveira. 

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