Leitura e reflexão: Utilitarismo e seus impactos.

Arte: Verdade na Prática 

 Utilitarismo e seus impactos


O utilitarismo é mais uma das cabeças desta Hidra de Lerna chamada de posmodernismo. Em suma, o utilitarismo é uma ampla tradição do pensamento filosófico e social, onde a ideia central consiste em que a moralidade e a política estão centralmente preocupados com a promoção da felicidade, portanto, a felicidade passa a ser o objetivo final de todas as ações e decisões humanas, sendo assim, os fins justificam os meios e comprometem os valores éticos e morais. 

A moralidade e a ética são na verdade as pedras no sapato do utilitarismo, pois se a felicidade humana e a ausência da dor são objetivos únicos a serem alcançados, isto nunca será possível a menos que haja um grave comprometimento dos valores morais e éticos. A sociedade caminha cada vez mais influenciada pelo utilitarismo e desta forma veremos ruir paulatinamente valores que no passado foram fundamentais no estabelecimento de uma sociedade justa e igualitária. John Stuart Mill explica que “as ações são certas na proporção em que tendem a promover a felicidade. Por felicidade entende-se prazer, e a ausência de dor; e, por infelicidade, dor e a privação de prazer.”[1] Desta forma, todo utilitaristas são também hedonistas. No intuito de resumir esta nota, iremos analisar duas formas de utilitarismo. O primeiro é o utilitarismo coletivo, onde a felicidade de um maior número de pessoas justifica a infelicidade de uma só pessoa ou de um pequeno grupo. Um exemplo clássico da história é o que acontecia nas arenas romanas ou no coliseu, onde lançar um grupo de cristãos para serem devorados pelas feras era uma atitude justificada pela alegria que o espetáculo proporcionava as milhares de pessoas que assistiam a cena com entusiasmo nas galerias do coliseu. Um outro cenário seria o fato de que em um hospital existam pessoas a espera de transplante de coração, rim, fígado, pulmão, cornea, etc. E neste mesmo hospital aparece uma pessoa para uma cirurgia simples, mas que é uma potencial doadora destes orgãos, desde que ela venha morrer na mesa de cirurgia, portanto, o utilitarismo reconhece que o fato do médico levar esta pessoa a morte durante a cirurgia é plenamente justificado pelo fato dele usar estes orgãos para salvar um número maior de pessoas. A segunda forma de utilitarismo é o utilitarismo pessoal, ou seja, uma vez que é impossível ou difícil de produzir uma felicidade coletiva, o utilitarista buscará satisfazer a sua própria felicidade em detrimento de um grupo maior ou da sociedade. Esta forma de utilitarismo pode ser encontrada no mundo dos negócios, onde o interesse do indivíduo é enriquecer cada vez mais, para assim ser mais feliz, e para atingir seu objetivo, sonega impostos, paga baixos salários, pratica o suborno, compra políticos e outros para vencer licitações, etc. Um outro exemplo é o que vemos na política, onde uma vez eleitos, os políticos cientes das burocracias, das impossibilidade, da falta de projetos sociais e falta de apoio para alguns projetos, com um mandato restrito a um determinado número de anos, busca de todas as formas meios de extrair dos cofres públicos o máximo que pode para seu enriquecimento pessoal e felicidade. O utilitarista não vê qualquer constrangimento moral ou ético nestas ações. Como resolver este problema? Não é fácil e nem existe atalhos disponíveis, é preciso educar, formar e discutir estas ideologias com nossos jovens na escola e universidades levando-os a enxergarem que a virtude nem sempre está na felicidade e na ausência da dor. É preciso compreender que toda maximização da felicidade e do prazer representa a infelicidade e a dor de outro.

Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco




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Verdade na Prática 

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Cascais - Lisboa - Portugal

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Geraldo Brandão

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