Edição XIV do Panorama Internacional Coisa de Cinema celebra produção nacional e filmografia de Spike Lee

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Longa-metragem “Bando, um filme de”, sobre o Bando de Teatro Olodum, dirigido por Lázaro Ramos e Thiago Gomes / Foto: Márcio Lima


Cerca de 100 filmes produzidos no Brasil e em outros países serão exibidos ao longo do XIV Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece de 11 a 21 de novembro, em Salvador e Cachoeira. Em torno de mil filmes foram assistidos pela equipe de curadoria para definir as competitivas Nacional, Baiana e Internacional, todas subdivididas em longas e curtas-metragens. A programação é formada ainda por dez mostras paralelas e sessões especiais, incluindo uma retrospectiva do cineasta norte-americano Spike Lee.

Uma novidade desta edição é que Cachoeira terá mostra competitiva exclusiva, com curadoria independente feita pela cineasta Camila Gregório. A cidade irá receber o festival de 11 a 17 de novembro, enquanto em Salvador, a programação tem início no dia 14, seguindo até o dia 21.

O Panorama é uma realização da produtora Coisa de Cinema e do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura e sua Secretaria do Audiovisual; o XIV Panorama acontece de 11 a 17 de novembro em Cachoeira (Cine Theatro Cachoeirano) e de 14 a 21, em Salvador. O festival conta com patrocínio da Ancine, do Fundo Setorial do Audiovisual e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul; além do apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, via Fundo de Cultura.

As produções baianas predominam na seleção nacional de curtas, sendo representadas por 11 Minutos (Hilda Lopes Pontes), As Balas Que Não Dei Ao Meu Filho (Thiago Gomes), A Praia (Pedro Maia), Orgulho (Ricardo Sena) e Um Ensaio Sobre a Ausência (David Aynan). Também marcam presença as obras fluminenses BR3, (Bruno Ribeiro), Inconfissões (Ana Galízia) e Umas & Outras (Samuel Lobo); além dos paulistas Estamos Todos Aqui (Chico Santos e Rafael Mellim) e Mesmo Com Tanta Agonia (Alice Andrade Drummond). A mostra se completa com Alma Bandida (MG), de Marco Antônio Pereira; Aulas Que Matei (DF), de Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia; Da Curva Pra Cá (ES), de João Oliveira; Guaxuma (PE), de Nara Normande; Kris Bronze (GO), de Larry Machado, e a co-produção Brasil/Portugal, Russa, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr.

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Dirigido pela brasileira Renée Nader e pelo português João Salaviza, o longa Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos é um dos oito selecionados para a competição nacional. Premiado no Festival de Cannes, o filme traz um jovem indígena Krahô, que tem um encontro com o espírito do falecido pai. Entre os filmes com reconhecimento internacional estão o pernambucano Azougue Nazaré, de Tiago Melo, premiado no Festival de Roterdã; e a produção gaúcha Tinta Bruta, de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, que ganhou o Teddy Award no Festival de Berlim. 

Premiados na última edição do Panorama, por Café com Canela, Glenda Nicácio e Ary Rosa voltam com a ficção baiana Ilha, mostrando um jovem da periferia que sequestra um cineasta para filmar sua história. A produção venceu as categorias roteiro e ator no Festival de Brasília, onde o terror A Sombra do Pai levou os prêmios de atriz coadjuvante, montagem e som. O longa é dirigido por Gabriela Amaral Almeida, cineasta baiana radicada em São Paulo. 

Em primeira exibição mundial, Sem Descanso (BA), de Bernard Attal, resgata o caso de Geovane, um jovem da periferia de Salvador que foi encontrado esquartejado após ser levado por uma viatura policial. A Competitiva Nacional de Longas tem ainda Luna (MG), de Cris Azzi; e Deslembro (RJ), de Flávia Castro, que conta com Jesuíta Barbosa no elenco e participou do último Festival de Veneza. 

Competição – Na Competitiva Baiana, o ator Lázaro Ramos apresentará o longa-metragem “Bando, um filme de”, sobre o Bando de Teatro Olodum, dirigido por ele e Thiago Gomes. Dominada pelo caráter documental, a seleção tem ainda Dr. Ocride (Edson Bastos e Henrique Filho), Orin - Música para os Orixás (Henrique Duarte), Onde dormem os sonhos (Cecília Amado) e Quarto Camarim (Camele Queiroz e Fabrício Ramos). O sexteto de longas é completado pelo experimental Vaga-lumes (Daniela Guimarães). A mostra inclui 21 curtas-metragens e terá sessões seguidas de debate com os realizadores.

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Teatro para seu evento

Fechando as competitivas, a Internacional reúne produções de 16 países, trazendo a Salvador filmes inéditos de lugares como a Austrália, Israel, Irã, Líbano, Geórgia, Colômbia e Suécia. Os seis longas e doze curtas selecionados abordam principalmente questões contemporâneas, a exemplo da vida dos refugiados nos países europeus e as relações humanas com tradições, amores e expressões artísticas. 

Homenagens – Tema da identidade visual do XIV Panorama, o cinema de Spike Lee integra uma mostra com 13 longas-metragens. Faça a Coisa Certa (1989), um dos filmes mais conhecidos do diretor, será exibido na abertura do evento em Salvador (14/11), com acesso gratuito. Realizado em 1989, o longa mostra as tensões raciais no Brooklyn, tema que marca toda sua filmografia. Outros destaques da mostra são Febre da Selva, Crooklyn - Uma família de pernas pro ar e O Plano Perfeito. 

A abertura do festival terá ainda a exibição da produção mineira Temporada, de André Novais Oliveira, o grande vencedor do último Festival de Brasília, onde ganhou cinco Candangos, incluindo Melhor Filme. Premiado por seu trabalho como ator coadjuvante, Russão estará no Panorama e debaterá com o público após a exibição.

O centenário do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007) também será homenageado, com a exibição de Morangos Silvestres, O Sétimo Selo, Persona, Gritos e Susssuros e Sonata de Outono. 

No mundo – Ganhador do prêmio Teddy Bear de melhor documentário no último Festival de Berlim, o documentário Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, é um dos destaques do Panorama Brasil, que reúne mais de 30 filmes (longas e curtas) produzidos no país entre 2017 e 2018. Ganhador do Festival de Brasília, na categoria Júri Popular, o filme mostra a trajetória da cantora negra e transexual Linn da Quebrada.

Outro ponto alto é Dê Lembranças a Todos, de Fabio Di Fiore e Thiago Di Fiore, um documentário sobre Dorival Caymmi (1914 - 2008), que traça sua trajetória desde a infância até a consagração como um dos maiores compositores da música popular brasileira. A mostra inclui o filme de encerramento do Panorama em Salvador (21/11): Los Silencios, uma coprodução Brasil, França e Colômbia. Vencedora do prêmio de Melhor Direção em Brasília, Beatriz Seigner debaterá com o público após a sessão. 

Em 2018, além das mostras tradicionais dedicadas às produções italianas e portuguesas, o Panorama traz o trabalho de duas cineastas do continente africano. A nigeriana Chika Anadu vai apresentar o seu primeiro longa-metragem, M de Menino, que mostra uma mulher de classe média fortemente pressionada pela família para ter um filho homem. À frente da masterclass Taxidermia Fílmica da Animação, a queniana Ng'endo Mukii exibirá nove curtas de sua autoria, incluindo Marielle Franco, uma homenagem à vereadora assassinada em março deste ano, no Rio de Janeiro.


SERVIÇO

XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema
Datas:
 11 a 17 de novembro (Cachoeira) e 14 a 21 de novembro (Salvador)
Locais: Cine Theatro Cachoeirano / Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha / Sala Walter da Silveira
Ingressos: Espaço Itaú - R$ 12,00 (inteira) / R$ 6,00 (meia) avulso / Passaporte: R$ 50,00 (10 ingressos).
Sala Walter da Silveira e Cine Theatro Cachoeirano: aberto ao público