Oposição faz acordo para votar pauta de convocação e quebra de sigilo

Carolina Gonçalves Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo

A poucos minutos da reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, líderes da oposição costuraram um acordo para votar todos os requerimentos de convocação e quebra de sigilo ainda hoje (18). O desafio do grupo será garantir quórum mínimo de 17 parlamentares. “Se não houver quórum vamos pedir chamada nominal para que cada um mostre para o país quem está querendo a CPMI ou não”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Ao destacar a frase “tudo e todos” por mais de três vezes, Bueno afirmou que todas as pessoas que tiveram ordem de prisão decretada pela Polícia Federal pelas investigações da Operação Lava Jato serão incluídas em um único requerimento de convocação. Segundo ele, se houver qualquer manifestação de falta de tempo, o grupo proporá um mutirão de trabalho. “Todo dia da semana estaremos aqui, interrogando de manhã, à tarde e à noite, para que CPMI cumpra seu papel de investigar o escândalo”, disse.

Diante de um tempo apertado, considerando que só restam mais cinco dias de validade da comissão, Bueno aposta que até amanhã será possível reunir o número mínimo de assinaturas – 171 de deputados e 27 de senadores – para prorrogar por mais 30 dias o trabalho da CPMI.

“O primeiro item [na reunião de hoje] é votar os que ficaram pendentes: [ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato] Duque, Sérgio Machado, [ex-diretor da Área Internacional da Petrobras] Nestor Cerveró e o tesoureiro do PT [João Vaccari Neto]”, disse. Explicou que Cerveró - que já depôs em setembro deste ano no colegiado - deve ser novamente ouvido para esclarecer novas informações sobre o esquema.

Duque foi acusado pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, durante a delação premiada, de receber propinas de contratos firmados pela empresa pública, e Vaccari é suspeito de mediar contatos entre operadores do doleiro Alberto Youssef e o Fundo de Pensão dos Empregados da Petrobras, o Petros.

Indagado sobre a possibilidade de os convocados não responderem às perguntas, como ocorreu com o depoimento de Costa - que se manteve em silêncio durante toda a audiência no colegiado -, Bueno, que falou pelo grupo de líderes reunidos na manhã de hoje, disse: “Inócuo é nós não tomarmos a providência de convocá-los. Quem não quer convocá-los é a base do governo. Estamos insistindo desde abril com a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico das empreiteiras, na convocação deles”, disse.

A oposição também tentará aprovar outro pedido para que uma comissão formada entre os integrantes da CPMI vá até a Holanda para estudar o acordo feito entre o Ministério Público e a empresa SBM Offshore, depois da divulgação de que a empresa holandesa pagou propinas a empregados da Petrobras em troca de contratos. “[O objetivo é] investigar o que de fato aconteceu com as propinas de US$ 139 milhões que a SBM pagou a funcionários da Petrobras”.

O último item a ser discutido na reunião é a coleta de outro grupo de assinaturas para que seja criada uma nova CPMI, que vai atuar a partir do próximo ano, com a abertura de outra legislatura com novos parlamentares eleitos. No esforço para alcançar os objetivos na comissão hoje, a oposição ainda prometeu obstruir a sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) prevista para a tarde de hoje.

- Assuntos: CPMI, Petrobras, Ministério Público, PPS