Leitura e reflexão: Por que mudar?

Foto: Verdade na Prática 

Por que mudar?


Olho para trás e o que vejo?
Vejo obras incompletas,
Caminhos não percorridos,
Pessoas mal-amadas,
Uma caridade não realizada,
Quadros não pintados,
Árvores não plantadas, 


Abraços não dados,
Dias de silêncio enquanto alguém esperava uma palavra.

Olho para trás e o que sinto?
Sinto um vazio tão grande que perdi-me dentro dele.
Sinto a escuridão que rodeia-me,
Outrora já fora luz, mas hoje é apenas escuridão e silêncio.
Sinto uma dor no peito, um pesar na alma, um remorso na mente,
Tudo isto querendo se transformar num arrependimento.
Mas, meus constantes tropeços nas mesmas pedras
Dizem-me: “Para que chorar, para que se arrepender se tudo isto é um ciclo sem fim de repetições intermináveis?”

Chamam-me de o poeta triste e pessimista,
É verdade, assim o sou.
Mas alegrar-me em que? Sorrir para quem? Onde encontrar otimismo?
Sou isto, um poeta velho e cansado, embora insistam em dizer que sou novo.
Quando vêm-me as palavras da poesia,
Chegam-me neste tom carregado.
O que há de errado em ser triste e pessimista?
Sei que não terei amigos, sei que a família negarar-me-a,
Sei que a religião bestializar-me-a,
Sei que psicologia é a psiquiatria diagnosticaram-me como deprimido crônico.
Mas sou isto, exatamente isto que está de pé diante de ti.

A vida para mim perdeu seu glamour e tudo o que mais aprecio é efêmero.
O episódio mais marcante da humanidade foi a morte do Filho de Deus,
Uma vida efêmera e um sofrimento pessimista resgataram a humanidade.
Sou um estranho tentando viver,
Sou um perdido tentando encontrar o caminho,
Sou um poeta tentando falar mais das flores e do amor,
Sou um ser de carne e osso, coberto de pele por todos lados,
Cercado pelos mais profundos sentimentos.

Por que incomodas-te comigo?
Por que espera que eu seja diferente?
Por que incomodas-te comigo?

Por que espera que eu seja diferente?
Por que incomodo-te tanto?
Por que essa luta acirrada, muitas vezes calada e subjetiva
No intento de mudar-me?
Mudar-me para que?
O que espera que eu seja?
Se não posso ser eu mesmo, melhor seria-me simplesmente não ser.

Um dia serei passado,
Uma lembrança talvez carregada por alguns durante anos,
Mas logo entrarei no anonimato da história,
De quem ninguém fala, reclama ou elogia.
Serei uma entidade que só á Deus importará,
Onde, quando é como não sei.
No passado esta dúvida era acompanhada de uma estranha agonia,
Hoje é apenas uma realidade eminente, hora doce e hora amarga.
Olharei para trás e verei a mim mesmo,
Esquecido no corredor da história.


Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco




Tambem publicado em:

Verdade na Prática 

wordpress 

Cascais - Lisboa - Portugal

-----------------------------------

Geraldo Brandão

SIGA-NOS

Para seguir o Jornal da Cabriola e receber nossas atualizações clique na imagem abaixo:

Se não entrar CLIQUE AQUI