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Suas Histórias
O Governo Estadual, através da Secretaria de Educação e Cultura, firmou vários convênios com o Governo Federal, permitindo assim a restauração de centenas de prédios escolares em ruina e a construção de muitos outros mas, nesse setor, a iniciativa principal reside na edificação do magnífico Colégio Estadual Manoel Devoto, no bairro do Rio Vermelho em Salvador, que veio poupar a milhares de alunos o sacrifício de um longo e custoso transporte para o Instituto Normal.
Fonte: Cartilha Histórica da Bahia, composta e impressa por Carlos Frensch. Editora Cívica. Essa Cartilha foi depositada na Biblioteca Nacional de acordo com a lei.
O seu primeiro diretor foi o Prof. Mário Câmera de Oliveira que alem de excelente educador é tambem advogado e milita na área trabalhista. O prof. Mário é o autor do hino do colégio, "Hino do CEMD".
Segundo relato do nosso colega Magno Reis Andrade (ex - aluno da turma de 1962 a 1968) o autor do Hino colocou nele todo o sentimento que tinha sobre o colégio e seus alunos.
Conta-nos o colega Magno Reis Andrade " - Estive certa feita com o Prof. Mário Câmera de Oliveira nas dependências do prédio onde funciona a Justiça do Trabalho. Naquela oportunidade, travei com ele saudoso diálogo ao longo do qual lembrávamos da feliz convivência que antigos alunos, professores e servidores nutriam entre si naqueles tempos pretéritos.
Tenho a observar que o espírito da letra e da ênfase emprestada pelo Prof. Mário levava-nos à convicção de que "o (colégio) ignoto, ou desconhecido, não nos causava temor, porque dentre todos, neste incluído o (colégio) ignoto, éramos os melhores". Portanto, ignoto não era o temor, e, sim, outro colégio qualquer.
Assim como ignoto não era o temor, e, sim, um colégio qualquer, o qual, mesmo desconhecido, não nos causaria assombro “porque éramos os melhores”, devemos observar que esta idéia era conclusiva no estribilho.
Disse-lhe eu que ficara gravado na minha memória aquele moto sempre por ele repetido ao final dos seus discursos, a enfatizar que éramos "os melhores alunos no melhor Colégio". Esta idéia ele colocou no Hino: "Que não nos assombrava o desconhecido, ou o ignoto, pois éramos, efetivamente, os melhores."
O estribilho do Hino do CEMD diz:
A cultura aqui é maior
Pois o nosso querido Devoto
Dos melhores é sempre o melhor.
O Colégio acolhia tambem alunos residentes em outros bairros mais distantes como Barra, Barra Avenida, Graça, Vitória, Chame Chame, Ondina, Vila Matos, Vila América, Vasco da Gama, Federação, Santa Madalena, Nordeste, Amaralina, Pituba, Caminho das Árvores, Boca do Rio, entre outros.
Como o ensino público naquela época era muito conceituado, a procura de vagas para matricular os filhos era maior que o número de vagas disponíveis. Para se ingressar em um colégio estadual, era necessário fazer o então chamado "exame de admissão" uma espécie de vestibular para aqueles que concluiam o curso primário de cinco anos.
Os candidatos aprovados nesse exame, ingressavam nos colégios públicos, entre eles o Manoel Devoto, para cursarem os então chamados "Curso Ginasial" (4 anos) e "Curso Colegial ou Científico" (3 anos).
O corpo de alunos era formado por pessoas de diversas classes sócio-economicas. Havia alunos que iam, por exemplo, em carros próprios, outros de ônibus e até alguns que se deslocavam a pé e muitas vezes sem tomar café por falta de recursos. Existiam aqueles que podiam apenas estudar e os que para ajudar a família ou a si próprios, vinham do trabalho para a escola. No Colégio Manoel Devoto estudavam os filhos de pessoas já famosas naquela época, entre eles, por exemplo, os filhos de Mário Cravo (artista plástico e escultor),
O Colágio Manoel Devoto comportava centenas de alunos em cada um dos seus três turnos, matutino, vespertino e noturno.
Excelentes professores e funcionários, proporcionavam aos alunos a melhores condições possíveis de aprendizado, preparando-os para o futuro. Aqueles que optavam em seguir uma profissão de nível médio, concorriam nos exames existentes para ingressar em escolas desse nível, principalmente a Escola Técnica Federal, se especializando em diversas áreas ou em outras escolas profissionalizantes. Os que preferiam continuar os estudos para profissões de nível superior, concorriam com vantagem de conhecimentos no vestibular com aqueles que vinham da maioria dos colégios particulares. Esses últimos, tinham que apelar para os chamados cursinhos pré-vestibular para conseguirem concorrer com os alunos dos colégios públicos.
Hoje, esses cursinhos praticamente não existem mais visto que, quem mais precisa deles hoje são aqueles com pouca ou nenhuma condição de pagar suas mensalidades. Os antigos cursinhos pré-vestibular hoje se transformaram em colégios e alguns até em faculdades.
Em 1972, foi realizada uma gincana interna entre os alunos dos diversos anos e turnos. Todas as tarefas dessa gincana visavam conseguir material e mesmo caçambas de terra para primeiro aterrar a área do fundo do colégio (atraz da cantina) e depois construir uma quadra de esportes. O que foi feito. Era uma quadra simples, de cimento, descoberta porem, de grande valia para todos nós e principalmente, motivo de grande orgulho para os alunos uma vez que, conseguiram com esforço próprio uma melhoria para o colégio.
Por outro lado, contavamos já naquela época nas instalações do Colégio com um teatro, laboratório de física e outro de química, biblioteca, sala para artesanato e trabalhos de arte, espaço cultural onde eram dadas aulas de capoeira e outras artes do folclore baiano assim como os ensaios do nosso coral.
No ano de 1971, com as modificações introduzidas pelo governo no ensino, foram trocados os nomes dos cursos de Primário (5 anos), Ginasial (4 anos) e Colegial (3 anos), para cursos de primeiro e segundo graus.
A partir desse ano, ficou determinado que o Colégio Manoel Devoto, não teria mais o antigo curso colegial ou novo curso de segundo grau. Aqueles que completassem o primeiro grau teriam que se transferir para outro colégio. Como já existiam alunos matriculados e cursando o colegial, ficou decidido que, essas turmas completariam o curso no Manoel Devoto, sendo os cursos extintos gradativamente a cada ano. Sendo assim, no final de 1973, se formou a última turma do curso colegial.
Era o início de um período triste para o ensino público como é do conhecimento de todos, tanto que, os colégios particulares proliferaram em número e em qualidade invertendo a situação dos alunos culminando com medidas paliativas como a reserva de vagas nas universidades para alunos oriundos de colégios públicos, indígenas e negros que, na nossa opinião, não passa de um paliativo que poderá desencadear numa discriminação e até num certo preconceito e racismo.
Porem, os abnegados professores, funcionários e a força de vontade dos alunos que sabem o que querem na vida e lutam por isso, vêm mantendo e procurando melhorar a qualidade do ensino e estudos nos colégios públicos como no caso do Colégio Manoel Devoto dentro do possível e muitas vezes do impossível. Esperamos que muito em breve, os cursos públicos, voltem à força total como antes, dando o que funcionários e professores desejam e merecem (salários justos e condições materiais para o trabalho) e para os alunos, o que eles realmente necessitam e desejam, um ensino de
"Nossos filhos estudavam no Colégio Estadual Manuel Devoto, escola pública, onde tiveram a oportunidade de conviver com crianças de todas as
Não custou a João fazer amizades no colégio e fora dele. Com os mais íntimos - Mariozinho Cravo, Arthur Sampaio, José Luiz Penna, Cláudio Dortas, entre outros -, todos ótimos meninos, João tinha sempre seus programas.
Curiosidades
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“Camarajibe” é um nome que foi transformado pelo uso popular em “camurujipe”. “Camarajibe” é rio dos camarás.
Quem conhece camarás aqui?
Ninguém mais conhece, todo mundo é do asfalto.
É uma florzinha vermelha, abundantíssima, antigamente tinha demais aí, na cidade. Rio das florzinhas vermelhas, rio vermelho, daí nasce o nome do rio que foi propriedade da casa de Ibiza. Propriedade de Manoel Inácio da Cunha Menezes, que ganhou de sesmaria a terra que vai dali, da Mariquita até a sede de praia do Bahia, daí para dentro, a mesma coisa. Morou numa casa que eu ainda conheci e vocês aqui? Aqui ninguém conheceu, todo mundo é menino.
Foi durante muito tempo sede do Aeroclube da Bahia, depois foi demolida e agora fizeram lá, aquela coisa.
Ali estava a sesmaria de Manoel Inácio da Cunha Menezes do rio Vermelho.
O bairro atual, limitado pelos bairros da Vila Matos e Amaralina, na orla, continuou mantendo o antigo nome, Rio Vermelho.
Informações fornecidas pelo Prof. Cid Teixeira (historiador).
Muitas histórias foram, são e serão vividas no Colégio Estadual Manoel Devoto. Histórias escritas por cada um de nós que fomos, somos e os que serão professores, funcionários e alunos dessa instituição de ensino.
Brandão, G.A.
Ex - Aluno do CEMD turma de 1967 a 1973
Trabalho registrado no CNPq
Encontrado na Plataforma Lattes Veja Aqui
Coordenação Geral do Projeto Reencontros
Equipe Reencontros
Todos os direitos reservados.
ESTROFE 1:
Esta casa aonde a vida aprendemos
a enfrentar, e a viver sem temor;
da ciência é a fonte e ai temos,
o estudo, o incentivo e o amor.
CORO:
Não nos causa temor o ignoto,
a cultura aqui é maior
pois o nosso querido Devoto
dos melhores é sempre o melhor.
ESTROFE 2:
Companheiro, façamos do estudo,
baluarte constante e viril,
o que hoje aprendemos é tudo
que daremos depois ao Brasil.
CORO:
Não nos causa temor o ignoto,
a cultura aqui é maior
pois o nosso querido Devoto
dos melhores é sempre o melhor.
ESTROFE 3:
Amanhã, vencedores na vida,
desta casa nós vamos lembrar,
que ontem jovens nos deu acolhida
e hoje homens nos faz triunfar.
CORO:
Não nos causa temor o ignoto,
a cultura aqui é maior
pois o nosso querido Devoto
dos melhores é sempre o melhor.
Não nos causa temor o ignoto,
a cultura aqui é maior
pois o nosso querido Devoto
dos melhores é sempre o melhor.
Partituras
Ouça o Hino do CEMD
Colégio Estadual Manoel Devoto.
Letra e Música: Prof. Mário Câmera
Arranjo musical: Magno Reis Andrade
Parte cantada pelo próprio Professor Mário Câmera.
Escudo do Colégio:
Foto: Arquivo GCW |