Leitura e reflexão: Machado de Assis e o preconceito racial.

Foto: Verdade na Prática 

 Machado de Assis e o preconceito racial


O cúmulo do preconceito racial fere a dignidade humana e desrespeita inclusive a história. Em 2011 foi exibido nos canais de televisão brasileiros um vídeo publicitário da Caixa Econômica Federal (banco do estatal) onde Machado de Assis é representado por uma personagem de pele branca, enquanto o mesmo era de origem negra.



Segundo descreveu o francês Jean-Michel Massa ao analisar “os retratos que ficaram” de Machado de Assis, “nota-se que, adulto, tinha, como muitos brasileiros, alguns traços negroides – cabelos ligeiramente crespos, o lábio inferior bastante carnudo, um nariz achatado”. No entanto esclarece que “esses traços, mais ou menos acentuados segundo os vários retratos, são bem encobertos pelo ‘pince-nez’ e pelo uso da barba”.

machado_de_assisUm outro fator interessante e que merece a nossa atenção é o fato de que Machado de Assis foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, em 20/07/1897, sendo que a libertação dos escravos aconteceu em 13/05/1888. Apenas dez anos antes da sua tomada de posse na mais prestigiada organização intelectual brasileira.

Embora fosse de origem negra, Machado de Assis, foi um homem livre, o que não evitou que encontrasse muitos preconceitos na sua época, como bem escreveu o advogado Ivan Maciel de Andrade, Machado de Assis foi descendente “de ex-escravos, criado num ambiente humilde, convivendo, durante grande parte de sua vida (até 49 anos), com o regime de escravidão que ainda subsistia, vergonhosamente, no Brasil, ascendeu à posição mais alta nos meios intelectuais do país escravocrata.” Machado de Assis superou todos os obstáculos e imortalizou-se como um dos maiores intelectuais da história do Brasil.

A Caixa Econômica Federal desculpou-se do equivoco, alegando desconhecimento das raízes de Machado de Assis, já os canais que exibiram a publicidade, parece-me, que nada alegaram da sua ignorância ao permitir que uma publicidade destas fosse exibida em cadeia nacional de televisão.

O incidente que apenas realça a ignorância da sociedade quanto a sua história, e porque não dizer também preconceito. Sim, preconceito, pois uma sociedade que julga ser branco o homem que assume tão elevada posição intelectual, sem buscar certificar-se dos fatos históricos, é certamente uma sociedade preconceituosa.

Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco




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Cascais - Lisboa - Portugal

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Geraldo Brandão

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