É o caso da caixa de padaria Ângela Maria dos Santos Silva. Ela conta que está sendo um período bem difícil. “A gente fica com medo de se contaminar, mesmo usando máscara e álcool gel. O tempo todo limpamos a máquina de cartão e o balcão, mas a parte mais difícil tem sido lidar com os clientes que têm sido bastante ignorantes com a gente, sem paciência, porque não deixam a gente pegar nos produtos deles para fazer a leitura do preço, ou não deixam pegar no cartão. Tem que ter muita paciência e calma”, relata Ângela que trabalha há três anos na padaria que fica na zona leste de São Paulo. “Mas preciso trabalhar e ainda pegar o transporte público todo dia”, lamenta a caixa.
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“Neste momento o movimento comercial está até melhor do que antes, porque teve comércio que não se adequou e não pode abrir. Estamos todos de máscara, na entrada da loja tem álcool em gel para quem entra e foi preciso colocar um vidro no caixa. Mesmo assim me sinto inseguro, mas tenho que trabalhar né?”, disse o comerciante. Ele disse ainda que a população está respeitando as regras. “Todos andam de máscara, aqui é obrigatório, além do álcool em gel que a gente sempre vê as pessoas com o próprio [vasilhame do produto]. Por enquanto só tivemos três casos, porque as pessoas têm respeitado as regras.”
Para o motorista de caminhão Leonardo Soares, que trabalha nas estradas há anos, o movimento está pior do que antes da pandemia. “O serviço deu uma boa parada, está bem difícil. Quando trabalho uso máscara, sempre levo álcool gel no caminhão, estão todos os caminhoneiros de máscara, mantendo a distância física, mas espero que isso passe logo, porque atrapalha muito a gente, dificulta mais o serviço e diminui a demanda, já que faço mais entrega de roupas”, lamentou Leonardo.
Já a locutora de rádio Elizabeth Silva, de Belo Horizonte, acredita que a data esse ano terá um novo significado. “Hoje quando se fala Dia do Trabalho se tem uma conotação nova, diferente, a gente reflete inclusive se vai ter trabalho amanhã. O que o trabalhador tem enfrentado é um desafio e tanto. Eu me desloco para o trabalho todos os dias e preciso pegar dois ônibus. Na volta, como saio de madrugada, volto com carros de aplicativo, então, não tem jeito o risco é iminente, estou exposta o tempo todo, o que me dá medo”, lamenta.
Ela diz que faz uso dos equipamentos de proteção, mas que ainda se sente insegura. “Vou de máscara, levo o álcool em gel, é o que dá para fazer. Seguro 100% a gente sabe que não está. E tem que se colocar em risco porque o seu trabalho é essencial, no meu caso comunicação faz parte da rotina das pessoas, também porque preciso trabalhar para me sustentar, mas agradeço porque ainda tenho um trabalho”, explica a locutora.
Ela conta que, apesar de manter o emprego, teve redução de jornada e salário. “Passamos por reajustes, a empresa precisou diminuir o salário e fizemos um acordo pelo menos para os próximos três meses, reduziu-se a renda e a carga horária para poder manter o nosso trabalho, enfim, é a nossa luta, mas tenho certeza de que vamos passar por essa”, finalizou.
O descanso do feriado do Dia do Trabalho não será sentido e comemorado como nos anos anteriores, mas o esforço de quem ainda pode trabalhar para manter a sociedade ativa e daqueles que podem manter-se em isolamento colaboram para que, em 2021, a data possa ser celebrada de forma festiva.
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