Coronavirus: E a novela da hidroxicloroquina continua.

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"Controvérsia sobre hidroxicloroquina virou palhaçada que deve acabar", diz o jornal Libération.


O jornal francês Libération publicou nesta quarta-feira dia 27 de maio,
cinco páginas de reportagem sobre a hidroxicloroquina e os métodos de pesquisa controversos do professor Didier Raoult, de Marselha, sul da França. O especialista em microbiologia defende o uso da molécula no tratamento da Covid-19. O Libération questiona se a "novela" em torno dessa substância não teria chegado ao fim, depois que a OMS a o Alto Conselho de Saúde Pública da França suspenderam os ensaios clínicos e desaconselharam o uso da substância em pacientes infectados pelo coronavírus.

The Lancet (uma revista científica) publicou na semana passada uma ampla pesquisa internacional onde se concluiu que a hidroxicloroquina não demonstrou eficácia no tratamento da Covid-19 e confirmou o risco de efeitos colaterais graves produzidos pelo remédio nesses pacientes.

"Essa controvérsia, no final, virou uma palhaçada", lamenta o Libération em seu editorial. "Em vez de um debate científico, vimos um pugilismo estranhamente politizado durante várias semanas." De um lado, os "pró-Raoults", descritos como "uma facção nervosa", que encara a medicina como se ela fosse uma luta entre "pequenos e grandes" cientistas, "pessoas de baixo e de cima", com poder de decisão sobre a área médica.

A principal crítica feita ao professor Raoult é o fato dele ter publicado resultados positivos em pacientes com a Covid-19, mas baseado em um número pequeno de doentes e ainda sem um grupo de controle. "Um experimento científico sério deve reunir duas amostras para testar uma hipótese. O grupo experimental recebe a molécula que se deseja avaliar, enquanto o outro recebe um placebo, para que os cientistas possam comparar eventuais alterações".

Para o Libération, "é difícil imaginar que a comunidade científica rejeitaria um tratamento claramente favorável aos doentes da Covid-19 se não existissem sérias dúvidas sobre seu efeito benéfico". "Talvez esteja na hora de pôr fim a essa farsa em meio a uma tragédia".
Somente com um grupo de controle, poderá esclarecer essa controvérsia. "Enquanto isso não ocorre, prudência e modéstia devem prevalecer", conclui o Libération.

A imprensa francesa destaca nesta quarta-feira dia 27 de maio, a aceleração da pandemia de coronavírus no Brasil, Chile e Peru.

O Semanário Courier International, afirma que "O pior ainda está por vir para o Brasil, que se tornou o epicentro das contaminações, com um número diário de mortes superior ao dos Estados Unidos".

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O jornal Le Monde reproduz as declarações da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne. "Na América do Sul, estamos particularmente preocupados, já que o número de novos casos registrados na semana passada no Brasil é o mais alto em um período de sete dias desde o início da pandemia". Completou a diretora, "O Peru e o Chile também registraram altas taxas, sinal de que o ritmo está se acelerando nesses países".