A trilogia original anteviu descobertas astronômicas que só viriam décadas depois, como os Sistemas Solares com duas estrelas e as luas amigáveis à vida.
Bip. Biiip. Bip |
Conhecendo apenas um exemplo, o do nosso próprio Sistema Solar, os cientistas até então haviam modelado suas teorias de formação de planetas com base no nosso próprio sistema, com planetas rochosos e pequenos nas regiões mais internas, e gigantes gasosos nas externas. Nesse esquema, não havia a possibilidade de gigantes gasosos próximos à estrela, nem a existência de mundos em órbitas altamente elípticas (ovais). Com a descoberta dos primeiros planetas fora do Sistema Solar, sacamos que a natureza era muito mais criativa do que supunham nossos modelos. Havia sistemas planetários nas mais variadas configurações, e planetas não ficavam sempre na mesma órbita. Em alguns casos, eles migravam.
DOIS SÓIS
TatooineDivulgação |
Ocorre que, depois do lançamento do satélite Kepler, em 2009, descobrimos que não é nada disso. Na verdade, planetas em torno de uma estrela que faz par com outra estrela são o feijão com arroz do cosmos. E até mesmo mundos que giram ao redor de duas estrelas ao mesmo tempo são comuns.
A essa altura, graças ao Kepler, os cientistas já conhecem dez planetas que orbitam dois sóis ao mesmo tempo. Mas devem existir muitos mais. Ao anunciar a descoberta do décimo, chamado Kepler-453b, em agosto, Jerome Orosz, da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos, apontou que o padrão orbital do planeta é tal que foi um golpe de sorte o Kepler tê-lo visto.
Esse planeta ora passa na frente das estrelas que lhe servem de sóis, ora não, por conta de uma variação periódica em sua órbita. Como é justamente essa passagem, obscurecendo parte do brilho da estrela por alguns instantes, o fenômeno que o satélite detecta para descobrir planetas, foi um golpe de sorte a órbita desse mundo ter se alinhado para isso bem na hora em que o Kepler estava observando. "A baixa probabilidade de detecção significa que, para cada sistema como o Kepler-453 que vemos, há provavelmente outros 11 que não vemos."
Em outras palavras, deve haver muitos mundos como Tatooine lá fora. E um aspecto curioso disso tudo é que, em torno de estrelas duplas, a região do sistema em que a temperatura é adequada para a vida ? nem muito quente, nem muito fria ? é mais larga. O que na prática significa que a chance de encontrarmos mundos habitáveis e, quiçá, com vida num sistema com dois sóis é até maior que em sistemas com uma única estrela, como o nosso.
LUAS HABITÁVEIS
Outra profecia cientificamente correta de George Lucas é a existência de luas capazes de abrigar uma biosfera tão pujante quanto a da Terra. Em Star Wars, podemos citar os exemplos de Yavin e Endor, duas luas em torno de planeta gigantes que tinham porte e ambiente similares ao terrestre.
Já sabemos que há planetas gigantes localizados na chamada "zona habitável" de suas estrelas, onde o nível de radiação é o ideal para a vida. Por serem gasosos e não terem uma superfície sólida, eles, por si mesmos, não são bons lugares para uma biosfera. Mas luas de grande porte em torno deles podem muito bem ser.
É verdade que, no Sistema Solar, não temos nenhuma lua que seja de tamanho comparável ao da Terra. Todas são bem menores. Mas modelos de formação sugerem que é possível. E agora os cientistas estão se esforçando para descobri-las, fuçando nos dados colhidos pelo Kepler. Até o momento, sem sucesso. Mas se você pensar que, duas décadas atrás, nem planetas conseguíamos detectar, tudo vira apenas uma questão de tempo.
Fonte: Revista SuperInteressante