Leitura e reflexão: Crónicas da Vida Real – O Dia do Chador.


  Crónicas da Vida Real – O Dia do Chador 


Adoro dias de chuva mas tenho sérios problemas para lidar com guarda-chuvas. Sou eu ou eles e eu sempre saio molhada. Tenho a impressão de que eles sempre ganham. 

Então, na maioria das vezes, eu não tenho um guarda-chuvas à mão quando está chovendo.

Chuva de verão, é uma delícia! Mas, chuva no inverno, minha mãe diria que deixa até os ossos molhados.

Esta semana fez frio. Muito frio. E bem no dia em que mais choveu, eu precisava passar no Posto de Gasolina e em três bancos.

A gasolina poderia esperar mas alguém inventou que banco tem que ter horário. O horário da chuva, é claro!

Sem um guarda-chuvas como sempre e sem querer me molhar muito, resolvi improvisar um chador com a minha pashimina.

A pashimina é um acessório que eu uso muito,  em dias de chuva ou de sol, sempre ajudam a fazer um charme. E até que eu tento inovar: às vezes, uso amarrada na alça da bolsa, uso ao redor da cintura, já usei duas vezes como faixa na cabeça (não em Curitiba – mas uma vez em São Paulo e outra, em Angra dos Reis). Você se sente super fashion!

Mas quem me conhece sabe que eu nasci com um pezinho no Oriente Árabe e a minha grande vontade sempre foi usar um chador.

Quem me conhece também sabe que eu não me importo nem um pouco com a opinião alheia e sempre dou um jeitinho de fazer o que eu quero e realizar as minhas vontades. Capricórnio morro acima!

E assim,  naquele dia de chuva, a pashimina transformou-se em chador e lá fui eu para as passagens pelos bancos!

Devo contar que como guarda-chuvas, funciona que é uma beleza. Nunca mais vou ter nem uma microssombrinha na minha bolsa mas, uma pashimina, sempre.

Porém, gostaria de contar a sensação de se usar um chador e pensar nas tantas muçulmanas que o fazem não por brincadeira. Esta, sim, foi uma experiência nova e interessante.

Se um dia realmente Alá quis esconder os cabelos das mulheres foi porque sabia o quanto elas ficariam bonitas. E tolos são todos os homens que não enxergam a beleza das Janelas da Alma!

O chador emoldura o rosto, destaca os olhos e acende a imaginação de quem vê de fora.  Parece simples mas, chama muita atenção!

Lamentavelmente, neste dia eu tinha saído de casa com pressa e, ainda sem pretender esta encenação, não tinha maquiado meus olhos tanto quanto gostaria. Teria ficado ainda mais bonita, teria atraído ainda mais olhares.

No silêncio das muçulmanas, elas sabem o que estão fazendo em cada traço perfeito de kohl.

Por outro lado, para nós, ocidentais acostumadas à liberdade e a andar de narizinho empinado, o chador é uma lição de humildade.

Ele retém os movimentos da cabeça, diminui a visão periférica e de um jeitinho muito especial, força o olhar para baixo.

Penso nas mulheres que nascem sabendo que terão que usar isso sempre e no, quanto isso ajuda a torná-las submissas. Culturalmente, significa formar uma nação de mulheres sem abertura de visão, no mais amplo dos sentidos.

Penso em nós, mulheres que nascemos com toda a liberdade de um país que deixa você fazer o que quiser: até brincar de muçulmana por uma horinha!

Nada que é extremo é saudável e, acredito que tanto do outro lado do Mundo, como aqui, todas temos os nossos grilhões.

Felicidade então, é não precisar mais de guarda-chuvas mas jamais se esquecer da pashimina e do khol.

Curitiba, Agosto de 2013.
  (Carla Jansson escreve quando tem vontade e às vezes envia para pessoas que gosta)

Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco




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Geraldo Brandão

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