Desesperado por silêncio

Ouço ruídos de todos os lados,
São ruído da inquietude da vida moderna.
Ouço os carros com seus motores e buzinas,

Ouço os palavrões dos motoristas irritados.

Ouço os gritos das mães com seus filhos,
E crianças mal educadad que choram e esperneiam por coisas vulgares.
Ouço meu vizinho com sua música no último volume,
E as vozes daqueles que passam por baixo da minha janela.

Ouço o som dos cães a latirem,
E a televisão alta na sala.
No carro ligam o rádio, fazendo com que o som das vozes de seus ocupantes se misturem com o noticiário.
Ouço vozes nas ruas daqueles que falam alto ao telefone,
Além da música ridícula do jovem que vai a frente com seu MP3 a estourar-lhe os tímpanos.

Não há para onde fugir, há ruídos em todos os lados,
O silêncio entrou em extinção, já nos acostumamos aos ruídos de tal forma que o silêncio nos deprime.
No entanto, busco pelo silêncio como um pássaro espantado em busca de um lugar tranquilo.

Mesmo no lugar de oração há ruídos de passos que não param,
E de vozes que não cessam.
Ouço os cânticos, mas estes não me trazem paz,
Pois estão poluídos com o barulho de tantos instrumentos e vozes.

Meu ser foi violado pelos tantos ruídos,
Meu coração não encontra paz.
Há uma inquietação inexplicável na alma, e por isto tudo me aborrece.
Mesmo sozinho aparentemente em silêncio, ouço ruídos, as vozes dos outros e a minha.
Sinto-me como se desesperado gritasse sem parar implorando o silêncio.

Mas ninguém me ouve!

Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco

Tambem publicado em:

Verdade na Prática

wordpress

Cascais - Lisboa - Portugal

-----------------------------------

Geraldo Brandão