(...) O inconsciente não é de forma alguma, como aparece na concepção de Freud, um saco vazio em si, onde são reunidos os restos da consciência, mas é toda a outra metade da psique viva.
E, mais, é um reflexo psíquico de todo o mundo. Se o senhor aprofundar-se nessa problemática, perceberá logo que nosso eu está colocado entre duas realidades opostas do mundo, entre o chamado mundo externo, acessível aos sentidos, e entre a condição psíquica inconsciente que torna possível a compreensão do mundo em geral. Esta condição psíquica precisa ser necessariamente distinta do chamado mundo exterior, caso contrário não haveria nenhuma possibilidade de compreender este último, pois o igual não pode conhecer o igual. —
Carl G. Jung, no livro "Cartas 1906-1945: carta a destinatário não identificado [05.02.1934]". (Ed. Vozes; 2.ª edição [2002]).
(Obra: "O amor, a morte e o sonho", 2017 - Roberto Ferri.)
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