O mundo inteiro ficou chocado com a história do estupro sofrido pela adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro por supostamente mais de trinta homens, uma revelação feita pelos próprios abusadores através de um vídeo da jovem, nua e desacordada, que foi postado em redes sociais. Na gravação, um grupo de rapazes, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”. Uma violência assustadora num país tido como civilizado, enquanto na verdade alguns dos seus praticam crimes com riqueza de requintes de crueldade. Hoje discute-se se foram 30 ou menos, se a moça era daquelas que andava onde não deveria, se os pais foram irresponsáveis ou se tudo foi uma fábula.
Fábula não foi, uma vez que há um vídeo onde o crime é confessado, tenha ele sido cometido ou se havia a intenção de ser realizado. Há ainda o agravante dos toques íntimos e a exposição da menor nua. Uma coisa é certa, um crime aconteceu, os envolvidos devem ser encontrados e punidos com o rigor da lei. Mulher alguma, nem ser humano algum, seja uma prostituta, um travesti, um homosexual e muito menos uma adolescente. A vida que uma pessoa escolheu viver ou se foi levada a algum estilo de vida pela fatalidade da vida, não retira da pessoa sua dignidade, seu direito ao respeito, seu direito a sua integridade física e psicológica. Não é porque uma mulher é encontrada na rua drogada, desacordada, tarde da noite, que dá a qualquer homem o direito de abusá-la. Quem pratica tal ato deve ser punido!
Tudo isto me faz relembrar um texto antigo, o qual transcrevo abaixo:
Vivemos numa época de grandes avanços tecnológicos, sociais e filosóficos, no entanto, em pleno Séc. XXI, em muitas partes do mundo, inclusive nos países de primeiro mundo, as mulheres vivem sob o terror da violência, da falta de educação, da privação da liberdade, da falta dos direitos básicos do ser humano.
Uma boa notícia para as mulheres em todo o mundo é que Deus é justo no seu relacionamento com as mulheres. Em todas as sociedades antigas, mesmo as mais democráticas como a Grécia, nunca deram à mulher a dignidade que a ela pertence e que encontramos na Bíblia Sagrada. Infelizmente nossa sociedade criou uma espécie de preconceito religioso e no ocidente, tudo o que está relacionado com a religião, em especial com o cristianismo, é resistido com desconfiança. Na verdade existe uma cultura de resistência ao cristianismo clássico, muito subjetiva, mas inegável.
O texto de ouro da justiça de Deus em favor das mulheres está em Gênesis: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). O homem e a mulher são obras diretas das mãos de Deus, ambos foram criados à imagem de Deus. A mulher, em todos os sentidos, foi criada com os mesmos direitos, privilégios e responsabilidades que o homem.
O verso 28 que diz: “E Deus os abençoou…”. Isto significa que Deus abençoou ambos, homem e mulher, de forma exatamente igual. A miséria em muitas sociedades está diretamente relacionada a este ponto, pois não reconhecem o valor e a dignidade da mulher.
Atualmente, mais do que nunca, a imagem da mulher é explorada pelas empresas de marketing, e quase sempre de forma sensual. A exposição do corpo da mulher está associada a muitos produtos – de pneus de carro a alimentos. Esse exagero na exploração da sensualidade feminina criou um padrão de beleza que tem afetado negativamente a mente de muitas adolescentes e jovens. Nunca houve tantas adolescentes anoréxicas como nos dias de hoje.
Outra grande injustiça que vem acontecendo contra as mulheres é a exploração sexual, o que desencadeia em todo o mundo um número assustador de tráfico de mulheres para exploração sexual. Os países como China, Índia, Coréia entre outros, que durante muito tempo mantiveram a preferência por crianças do sexo masculino, levando ao infanticídio milhões de bebês do sexo feminino, hoje enfrenta o drama de centenas de milhares de homens que nunca poderão se casar pela falta de mulheres nestas regiões do mundo. Este drama tomou uma nova direção que é o tráfico de milhares e milhares de meninas do Nepal para Índia, de Bangladesh para o Paquistão, etc. E para surpresa de muitos, um dos aeroportos do mundo por onde passa o maior número de mulheres traficadas é justamente o aeroporto de Atlanta, nos Estados Unidos. Na verdade, em Atlanta uma mulher pode ser comprada de traficantes por aproximadamente mil dólares, e a mesma renderá muitos milhares de dólares nas casas de prostituição espalhadas pelo mundo. Estima-se que 800 mil mulheres e crianças sejam vítimas da rede de tráfico internacional todos os anos; desse número, aproximadamente 120 mil são introduzidas na Europa ocidental anualmente. Muitas dessas mulheres saíram de seus países com falsas promessas de emprego e, ao chegarem aos países de destino, onde supostamente iriam trabalhar, seus documentos são tirados e, então, são obrigadas a se prostituírem.[1] O problema do tráfico de mulheres e de crianças não é um problema originado apenas pela pobreza, mas principalmente pela perversão humana. Os países ricos, sobretudo os da Europa Ocidental e Estados Unidos, também são culpados por este problema, pois são eles os que dão o maior lucros para a exploração sexual da qual essas mulheres e crianças são vítimas.
Caracterizar o problema como um assunto meramente oriundo da pobreza é, sem dúvida, recusar-se a reconhecer que os países ricos sofrem de uma grave doença ética e moral, sendo os principais patrocinadores desse tipo de injustiça contra mulheres e crianças.
Sempre que assisto ao noticiário com reportagens sobre a questão da prostituição ou da exploração sexual na Europa, pergunto-me por que estes mesmos meios de comunicações e até os relatórios sobre o assunto não incluem os consumidores desses serviços sexuais. Seria justo dizer quem são eles; se são jovens, velhos, solteiros ou casados; se têm filhos; se são pobres ou ricos; funcionários públicos ou privados, etc. Seria muito interessante conhecer o perfil dos consumidores dos serviços sexuais. Mas por que não há esse tipo de relatório, ou por que não são comuns? É a recusa da sociedade em admitir que quem usa esses serviços é tão culpado pelo problema como todos os demais. É preciso vencer o preconceito e levantar nossa voz em defesas dessas mulheres.
A Bíblia nos dá um exemplo importante no tratamento que devemos dar as vítimas desses abusos. Certa vez, Jesus estava ensinado algumas pessoas quando lhe trouxeram uma mulher que havia sido flagrada em adultério. Seus acusadores queriam que a mulher fosse apedrejada, mas Jesus se recusou a emitir qualquer palavra de condenação contra ela. O que Jesus fez foi levá-los a olhar para si próprios e ver que em nada eram melhores que aquela mulher. Jesus lhes disse: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” (Jo 8.7). Não houve ali um só homem inocente, e todos, um a um, se foram, deixando aquela mulher sozinha com Jesus, que lhe disse: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado” (Jo 8.11). O exemplo de Jesus deveria servir de modelo para a sociedade: ele não concentrou seu olhar na mulher acusada, mas fez que a sociedade presente naquele episódio olhasse para si própria e reconhecesse também sua culpa.
É preciso não só denunciar, mas também acolher. É importante observar que muitas dessas pessoas são vítimas inocentes da exploração a qual foram expostas. Repudiá-las, repatriá-las e expor suas vidas como se fossem criminosas é uma terrível injustiça. A sociedade, os governos e, sobretudo, a igreja devem acolher essas vítimas e ajudá-las a se recuperarem e a reconquistarem sua dignidade.
Autor: Luís Alexandre Ribeiro Branco
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal
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Geraldo Brandão
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