Recentemente ouvi numa estação de rádio no carro sobre um caso de um idoso que estava internado num hospital há vários meses, os últimos sem receber
qualquer visita, e quando a família do idoso foi contatada pelo hospital recebeu, este recebeu como resposta: “Deitem-o no lixo!” Fiquei impressionado com a falta de humanidade por parte dos envolvidos.
É difícil culpar apenas a família, talvez não seríamos inteiramente justos, talvez devêssemos perguntar como este idoso, que hoje pela debilidade própria da idade, faz despertar em nós a compaixão viveu a sua vida e suas relações com as pessoas. Hoje chamar de desumano as palavras dos familiares é fácil, mas fica a pergunta no ar sobre o quão humano foi este idoso no auge da sua força, quer no tratamento com os filhos, quer no tratamento com os demais.
O grande problema está no fato de termos nos desumanizados nas nossas relações afetivas. Vivemos como se nunca fôssemos envelhecer e nos tornar dependentes de outras pessoas. Enquanto estamos com saúde e quando tudo nos vai bem é muito fácil dizer: “- Eu não dependo de ninguém!” Esquecemos que a vida é um ciclo de interdependência uns dos outros. A criança, o adolescente negligenciado hoje, será, possivelmente, um negligenciador no futuro. Igualmente o jovem ou adulto negligenciador hoje, possivelmente, será negligenciado no futuro.
Enquanto vive-se egoisticamente, esqueçamo-nos do essencial, o amor. Um velho provérbio já diz: “Amor, com amor se paga!” Seres humanos não foram criados para serem negligenciados e serem deitados ao lixo. Fomos feitos para amar e sermos amados. No entanto, o individualismo dos dias atuais tem tirado da humanidade sua capacidade de amar e o privilégio de ser amado. Enquanto seguirmos este presente fluxo inumano, veremos coisas cada vez mais chocantes.
Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal