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A Ceia do Senhor
Este breve artigo tem como objetivo oferecer uma visão prática da doutrina paulina presente em 1 Coríntios 11:23-34. Embora todos os cultos desempenhem um papel vital, o momento de celebração da Ceia do Senhor deveria ser aquele em que todos se empenham em participar.
É uma oportunidade ímpar de renovar nossa aliança com o Cristo Ressurreto, um momento em que nos entregamos plenamente a Ele. A grandiosidade desse ato vai além da mera comunhão simbólica; é uma experiência de conexão espiritual profunda, um ato sagrado que transcende o tempo e o espaço.Participar da Ceia do Senhor não é apenas um ritual religioso, mas um compromisso renovado com os princípios fundamentais da fé cristã. É um lembrete tangível da redenção alcançada através do sacrifício de Cristo, uma oportunidade para refletir sobre nosso relacionamento com Ele e fortalecer nossa comunhão com a comunidade de crentes. Dessa forma, cada Ceia do Senhor se torna um marco significativo na jornada espiritual, uma celebração que nutre e sustenta a fé dos participantes.
Nossa compreensão da Ceia do Senhor é profundamente enraizada em nossa declaração de fé, que destaca esse ato como um compromisso obediente dos membros da igreja. Participar do pão e do vinho não é apenas um ritual simbólico; é uma celebração conjunta da morte redentora de Jesus Cristo e uma antecipação esperançosa de Sua segunda vinda. Através dessa ordenança, estabelecemos uma comunhão espiritual com Cristo, compartilhando em Sua morte e testemunhando vividamente nossa esperança viva.
A Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, por sua vez, reforça a importância dessas ordenanças, afirmando que o próprio Senhor Jesus as instituiu soberanamente para serem perpetuadas em Sua igreja até o fim dos tempos. A Ceia do Senhor, conforme expresso nessa confissão, transcende a simplicidade de um memorial comum. É um recordatório de um ato que, embora possa ser escandaloso para o mundo, é glorioso para nós: a morte redentora de Cristo no Calvário.
Este memorial não apenas olha para trás, mas projeta-se para o futuro, apontando para a segunda vinda do Senhor. Nessa perspectiva, a Ceia do Senhor não é apenas uma lembrança da redenção passada, mas também uma expressão de nossa esperança na ressurreição dos mortos. Aguardamos ansiosamente o cumprimento da promessa de união com Cristo e com todos os santos, sejam eles aqueles que já descansaram ou os que serão arrebatados pelo Senhor. É um memorial que transcende a compreensão humana, uma apoteose inimaginável, mas verdadeira, aguardando todos os redimidos.
Um ponto relevante que merece destaque é a frase extraída do texto bíblico: “…em memória de mim” (1 Coríntios 11:24). Este versículo é fundamental para nossa compreensão da Ceia do Senhor como um “memorial” e não um sacramento, conforme delineado nas Escrituras. Optamos por utilizar o termo “Ordenanças” ao nos referirmos à Ceia do Senhor e ao Batismo, pois ambos foram instruções específicas entregues por Jesus à Sua igreja.
No tocante à Ceia do Senhor, a instituição dessa ordenança ocorreu durante a última ceia de Jesus com seus discípulos, quando Ele afirmou: “…façam isto em memória de mim” (Lucas 22:19). O apóstolo Paulo, em suas epístolas, reforça essa instrução, salientando a importância de seguir as palavras do Senhor ao dizer: “…façam isto…” (1 Coríntios 11:24-25). Dessa maneira, tanto o Batismo quanto a Ceia do Senhor são designados por Jesus como mandamentos a serem obedecidos e celebrados pela Sua igreja, visando perpetuar a lembrança Dele.
Spurgeon enfatizou a natureza memorial da Ceia e destacou a importância de os cristãos participarem dela com um coração grato e reverente. Spurgeon viu a Ceia do Senhor como um memorial significativo da morte de Cristo na cruz, um momento em que os crentes podem refletir sobre o sacrifício de Jesus pelos pecados da humanidade. Ele enfatizava a necessidade de os cristãos participarem da Ceia com um espírito de gratidão e lembrança, lembrando-se do amor redentor de Cristo.
Além disso, Spurgeon enfatizava a importância de uma participação digna na Ceia, advertindo contra uma abordagem irreverente. Ele incentivava os crentes a examinarem seus corações, confessarem seus pecados e se aproximarem da Ceia com um espírito que reconhece a santidade do momento.
O texto sobre a Ceia do Senhor nos convoca a uma reflexão profunda, instigando-nos a “examinar a si mesmo” (1 Coríntios 11:27). Diferentemente do catolicismo, onde a confissão de pecados ao padre é uma prática obrigatória antes de participar desse sacramento, nós protestantes não adotamos tal costume. No entanto, isso não implica que a confissão deva ser negligenciada. Antes de participar da Ceia do Senhor, é essencial que o crente se prepare, examinando sua consciência e confessando seus pecados diante de Deus.
A preparação para a Ceia também envolve a reconciliação com os outros. Participar de um memorial que simboliza a purificação de faltas enquanto guardamos ressentimentos contra nossos semelhantes é contraditório. A Ceia é um momento de reconciliação plena, tanto com Deus quanto com o próximo. Mesmo diante de mágoas profundas causadas por outras pessoas, a instrução é clara: perdoar. Este ato não apenas alinha o coração do crente com os princípios cristãos, mas também cria um ambiente propício para a comunhão durante a Ceia.
Pode surgir a objeção: “Mas, essa pessoa me causou tanto mal e
não demonstra arrependimento.” Nesse caso, a orientação é perdoar da mesma maneira, cumprir sua parte e permitir que a pessoa em questão preste contas diretamente a Deus. A Ceia do Senhor não apenas celebra a redenção pessoal, mas também destaca a importância da reconciliação como parte integrante da experiência cristã.
Concluindo esta reflexão sobre a Ceia do Senhor, somos instigados a reconhecer a profundidade e a importância dessa ordenança em nossas vidas como cristãos. A celebração desse memorial vai além de um simples ato simbólico; é um momento de comunhão íntima com o Cristo Ressurreto, renovando nossa aliança com Ele. Cada Ceia do Senhor se torna um marco significativo em nossa jornada espiritual, fortalecendo nossa fé e conectando-nos à comunidade de crentes.
A natureza memorial da Ceia, destacada tanto na Confissão de Fé Batista de Londres quanto nas palavras do apóstolo Paulo, reforça a importância dada por Jesus a essa prática. Olhamos para trás, recordando o sacrifício glorioso de Cristo, mas também olhamos para frente, aguardando com esperança Sua segunda vinda e a ressurreição dos mortos.
Em meio a todas essas reflexões, o convite é claro: participemos da Ceia do Senhor com corações gratos, reverentes e preparados. Que, ao examinarmos a nós mesmos, confessemos nossos pecados e busquemos a reconciliação com Deus e com nossos irmãos. Assim, a Ceia se torna não apenas um ritual, mas uma experiência transformadora e edificante em nossa jornada espiritual. Que cada participante se aproxime desse momento sagrado com a seriedade que ele merece, reconhecendo a profunda significância que a Ceia do Senhor tem em nossas vidas como cristãos redimidos.
Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal
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Geraldo Brandão
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