Covid-19: entenda a importância da segunda dose da vacina.

Foto: Marcelo Camargo
Com o andamento da vacinação contra o coronavírus no país, muitas dúvidas têm surgido a respeito do assunto, principalmente sobre a aplicação da segunda dose da AstraZeneca e da CoronaVac.

O tema chegou a apresentar aumento de 100% nas buscas do Google Trends, principalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo e Ceará. O portal Brasil61 recebeu dúvidas de alguns leitores que podem ajudar a entender melhor os prazos, eficácias e efeitos colaterais das vacinas aplicadas no Brasil.

Rita Frazão, Cidade Ocidental (GO) - Qual a importância de tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19? 

O epidemiologista do curso de saúde pública da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho, explica que os fabricantes das vacinas chegaram à conclusão de que a imunidade com aplicação de apenas uma dose era muito baixa, por isso, passou-se a testar também duas doses e o aumento da eficácia da vacina foi positivo.

“A ideia é que com duas doses tenhamos a eficácia desejada. A Organização Mundial da Saúde preconiza para a Covid-19 uma imunidade eficaz acima de 50%. As vacinas que nós temos no Brasil giram em torno de 60% a 70% da CoronaVac e da AstraZeneca. Vale lembrar que, com uma dose apenas, a eficácia é muito menor e a conversão para as células de imunidade são baixas.”

Tiago Morais, Goiânia (GO) - Para que serve a segunda dose da vacina? 

“É importante que sigamos as bulas dos laboratórios, porque são elas que garantem a pesquisa que foi feita inicialmente. Portanto, a primeira dose, mais a segunda dose é que vão garantir uma imunidade para as pessoas, contando com a eficácia que o laboratório divulga, e da qual a Anvisa também liberou. Somente com as duas doses nós temos a titulação de anticorpos condizentes com as que o laboratório preconiza”, explica Walter Ramalho.

Giovana Macêdo, Campestre (MA) - Se eu não cumprir a data da segunda dose, o que acontece com a eficácia da vacina? Eu perco os anticorpos que garanti na primeira dose? 

A vacinação contra a Covid-19 estimula o corpo a induzir imunidade contra o vírus SARS-CoV-2 para a prevenção de doenças causadas pelo mesmo. Cada fabricante estipula um intervalo próprio para a segunda aplicação do imunizante. A segunda dose da vacina Oxford/AstraZeneca deve ser aplicada entre 4 e 12 semanas após a primeira dose, e a CoronaVac deve ser aplicada entre 2 a 4 semanas após a injeção da segunda dose.  

A infectologista e professora da Unicamp, Raquel Stucchi explica que ainda não existem dados sobre a diminuição da eficácia caso o indivíduo tome a vacina depois do prazo indicado, mas que apenas duas doses garantem a completa imunização. 

“O importante é que o paciente tome a segunda dose o mais próximo possível da data que estava agendada. Se a vacina estiver em falta, assim que chegar, a pessoa deve procurar o posto de vacinação para completar o esquema de duas doses. A eficácia da vacina e a proteção contra a Covid-19 só é conseguida com duas doses do imunizante e do mesmo fabricante”, explica.

 O Ministério da Saúde divulgou nota técnica que instrui a população a tomar a segunda dose da vacina mesmo que a aplicação ocorra fora do prazo recomendado pelo laboratório. A pasta distribuiu mais de 76.900 milhões de doses para todo o país, o número de vacinados com a primeira dose passou dos 32.200 milhões de pessoas, e os que receberam a segunda somavam mais de 15.500 milhões. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia são os estados que, até o momento, mais vacinaram. 

Quais os efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19?

Como todo medicamento, a vacina contra o coronavírus pode provocar eventos adversos, dos quais alguns podem exigir atendimento médico. A infectologista Raquel Stucchi, diz que o imunizante da Oxford/AstraZeneca costuma apresentar efeitos colaterais em pessoas mais jovens. 

“Vimos muito em profissionais mais jovens da saúde. Febre acima de 38 graus nas primeiras 48h/72h horas. Pode dar dor no corpo e até diarreia. São efeitos mais frequentes em relação a AstraZeneca. O ideal é manter uma hidratação adequada e medicação para febre. Se houver dor no local da aplicação, fazer uso de compressa fria.”

Leia também:

Circulação viral da Covid-19 e sequelas alertam para cuidados mesmo com vacinação em curso

Gestores pedem apoio para compra de vacinas por estados e municípios

Covid-19: OMS aprova o uso emergencial da vacina da Sinopharm

Vacinada neste mês com a primeira dose da AstraZeneca, a psicóloga Jéssica Medeiros, de 28 anos, relata que teve diversos efeitos colaterais que só melhoraram três dias após a imunização. “Quando fui vacinada senti o meu braço duro e uma tontura muito forte. No dia seguinte, tive uma fraqueza grande e só conseguia ficar deitada, além de dor de cabeça e enjoo. No segundo dia, o braço passou a doer mais, não conseguia movimentá-lo e os sintomas continuaram. No terceiro dia fiquei com dor de cabeça, e a partir do quarto dia as dores passaram e os sintomas também foram embora.” 

A psicóloga destaca ainda que apesar de estar feliz em receber a imunização, teme passar pela mesma situação quando chegar o momento da aplicação da segunda dose. “Em relação à segunda dose eu vou tomar em agosto, após 86 dias da primeira aplicação. Estou um pouquinho temerosa em relação aos efeitos colaterais que possa sentir, não sei se podem ser piores. Meu único medo é isso, mas com expectativa para tomar o quanto antes”, afirma. 

Os efeitos colaterais mais comuns que a vacina Oxford/AstraZeneca podem trazer são: 

  • Sensibilidade, sensação de calor, coceira ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é administrada; 
  • Sensação de indisposição de forma geral; sensação de cansaço (fadiga);  
  • Calafrio ou sensação febril;
  • Dor de cabeça; enjoos (náusea); 
  • Dor nas articulações ou dor muscular; 
  • Inchaço, vermelhidão ou um caroço no local da injeção; 
  • Febre ou diarreia;
  • Sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre acima de 38 °C, dor de garganta, coriza (nariz escorrendo), tosse e calafrios. 

Já os efeitos colaterais menos graves que a vacina CoronaVac pode apresentar são:

  • Cansaço, febre, dor no corpo, diarreia;
  • Náusea, dor de cabeça, enjoo, dor ao engolir;
  • Dor muscular, calafrios, perda de apetite, tosse;
  • Dor nas articulações, coceira, coriza, congestão nasal;
  • Vermelhidão, inchaço, endurecimento e coceira no local da injeção.

Eficácia das vacinas

A eficácia geral da vacina AstraZeneca foi de cerca de 70% (entre 62% e 90%), após a aplicação das duas doses, apresentando o resultado exigido pela Anvisa, acima dos 50%.

A eficácia geral apresentada pelo Instituto Butantan para a CoronaVac nos testes brasileiros foi de 50,38% e mostrou-se 100% eficaz nos casos moderados e graves e 78% eficaz nos casos leves da Covid-19. Ou seja, a aplicação da vacina, quando feita adequadamente em duas doses, tem potencial de redução do número de internações pela doença. 



Reportagem: Laísa Lopes
Fonte: Brasil 61
Foto: Marcelo Camargo