Exposição “Habitantes da Cidade” acontece no Palacete das Artes

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Foto: Divulgação


O Palacete das Artes, no bairro da Graça, em Salvador, recebe nesta quinta-feira (22), às 19h, a exposição “Habitantes de Cidade”, do artista Adilson Santos. A mostra, que poderá ser vista na Sala Contemporânea Mario Cravo Jr., possui 180 quadros em têmpera sobre tela e sobre papel. O espaço, administrado pela Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (DIMUS/IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), também trará vídeos de exposições anteriores e textos escritos por críticos de arte, além de curadores.


Renomado artista plástico baiano, Adilson Santos possui trajetória de vida e de trabalho reconhecidos pelos mais respeitáveis críticos de arte e galeristas do país. Suas obras estão incluídas nas mais importantes coleções de apreciadores da arte não só na Bahia, mas de todo o Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde residiu e expôs por vários anos. Agora, com residência fixa em Vitória da Conquista, Adilson continua com seu ofício de transmitir para as telas as suas memórias, ideias e sonhos.

“O que marca mais no meu trabalho, o que predomina na minha contemporaneidade, é a genialidade da cor, do desenho e da composição dos pintores pré-renascentistas - dos quatrocentos - e dos artistas flamengos”, diz Adilson Santos.

O diretor do Palacete das Artes, Murilo Ribeiro, destaca que, além de uma grande figura humana, Adilson possui uma técnica de extrema qualidade. "Para o museu é um privilégio receber um artista do interior, que ganhou projeção internacional. Com certeza vamos promover debates durante a exposição e convidar o público para conhecer a obra desse extraordinário artista baiano".

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A curadora da exposição, Irene Santino, explica em detalhes os ‘habitantes’ de Adilson. “Que habitantes são esses? Figuras que repousam na imaginação fértil de Adilson; seres solitários, sisudos e expressivos que dialogam, numa linguagem silenciosa feita de gestos e expressões, e levam o observador mais sensível a imaginar as mais diversas conversações. Os ex-votos transitam pelas telas do artista desde muito tempo, mas de forma tímida: ora no canto de uma mesa, ora compondo uma natureza morta ou mesmo numa composição surrealista. Agora elas ganham humanidade, com características fisionômicas e sentimentos e explodem nas telas, em primeiro plano, tendo como fundo os traçados geométricos de fachadas de casas de cidade interiorana”.

O também curador, Mario Britto, reforça a importância das ‘cidades’. “Que cidade é esta? É a cidade da memória afetiva do artista, aquela onde passou a sua infância, e da qual guarda as melhores lembranças. Talvez para o público, ela possa ser inserida no seu imaginário como a cidade da sua própria infância, ou pode ser uma cidade qualquer, dessas que são comuns no interior do Brasil ou mesmo em bucólicos bairros das grandes capitais, compostas de moradias com platibandas simples, em linhas retas, mas de uma beleza plástica inigualável”.

Em recente exposição apresentada na Caixa Cultural de Salvador, artistas e críticos discorreram sobre a trajetória e a obra de Santos. Rúbio Rocha declarou que “os Habitantes de Cidade, de Adilson, são representações de pessoas cujo pensamento perambula pelo terreno da infância. Em várias obras da aludida série, vemos um pião ou mais deitados sobre o chão. Poderemos interpretar esses piões tombados como símbolo da infância perdida”. Já César Romero complementa sobre a obra de Santos. “O gosto pelo simbólico faz dos desenhos de Adilson peças que sondam o inconsciente, a vida instintiva profunda. Seu vocabulário fixa o mistério do que foi e não é mais. Refaz o passado no aqui e agora, teima em reatualizar aquilo que não volta, que ficou nas dobras das tardes, dos gestos. O que passou não foi ficção, sim nódoa irretirável, que é matéria para uma nova realidade, a arte”. "Habitantes de Cidade" ficará à disposição do público até o dia 27 de janeiro de 2019.

Palacete das Artes – O Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino integra os espaços administrados pela Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (DIMUS/IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). Seu espaço é constituído da Sala Contemporânea Mario Cravo Jr., que abriga exposições temporárias de importantes artistas no cenário das artes plásticas da Bahia, do Brasil e outros países; uma loja e café bar. Nos jardins, além de árvores centenárias e espécies diversas de flora nativa, estão quatro esculturas, em bronze, do escultor francês Auguste Rodin, adquiridas pelo Governo do Estado da Bahia. Foi o primeiro imóvel de estilo eclético tombado pelo IPAC, em 1986. Funciona de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Mais informações no tel. 71 3117 6987.
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