Independentes na Catalunha não têm apoio da lei, diz presidente espanhol

Da Agência Lusa

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou hoje (28) que as eleições na Catalunha – convertidas num referendo sobre a independência – mostraram que aos partidos soberanistas lhes falta o apoio da lei e dos cidadãos.

Na noite desse domingo (27), os partidos pró-independência da Catalunha ganharam as eleições, obtendo a maioria dos assentos no parlamento regional (62 deputados a Juntos pelo Sim e 10 a CUP), mas perderam na votação popular (reunindo 47,8% da votação dos catalães). A Juntos pelo Sim – de Artur Mas – afirmou em campanha que estas eleições eram um "referendo de fato" sobre a independência, mas colocou como condição para iniciar o processo de declaração de soberania a obtenção de uma maioria absoluta (algo que pode conseguir no Parlamento caso consiga o apoio da CUP).

Hoje, numa primeira reação aos resultados das eleições de domingo, Mariano Rajoy declarou que "os independentes apenas receberam o apoio de quatro em cada dez catalães", pelo que "não têm o apoio da maioria da sociedade catalã".

Numa coletiva de imprensa na Moncloa, a sede do governo em Madrid, destacou que "o que não se pode fazer é violar a lei contra a vontade da maioria", numa referência ao fato de que a Constituição espanhola proibir expressamente a separação unilateral de qualquer uma das regiões.

"O governo está aqui para garantir em primeiro lugar o cumprimento da lei e depois, como sempre, para falar e negociar", acrescentou Rajoy, presidente do PP, um partido que na noite de domingo teve uma das suas piores participações em eleições na Catalunha, elegendo 11 deputados (uma queda de nove em relação a 2012) e ficando como a quinta força política.

Rajoy convidou ainda o novo governo catalão – ainda não constituído – a "voltar ao caminho da convivência normalizada".

"Nenhum espanhol, viva onde viver pode ficar aquém da atenção do governo de Espanha", disse o presidente do governo espanhol, acrescentando que o Executivo continuará a "velar para que se cumpra o Estado de Direito".

Para Rajoy, "ontem constatou-se que a Catalunha é muito plural".

"Quero apelar ao governo catalão para que governe para todos os catalães, para que ultrapasse a fratura e para que substitua o monólogo e a imposição pelo diálogo construtivo", afirmou.

A Juntos pelo Sim indicou que, em caso de ter maioria absoluta no Parlamento regional, iniciaria um processo negociado de independência da Catalunha em 18 meses, independentemente do voto popular.