Grupo técnico retoma negociações para desbloquear ajuda financeira à Grécia

Da Agência Lusa

O grupo de trabalho do Eurogrupo reúne-se nesta quarta-feira  (1°) para discutir a situação econômica da Grécia, enquanto continuam as discussões com os credores para finalizar uma lista de reformas que permita desbloquear a ajuda financeira com os parceiros europeus.

Apesar de já estar marcada uma discussão técnica com representantes dos países da zona euro, conforme disse à Lusa uma fonte oficial do Conselho Europeu, ainda não está prevista uma reunião dos ministros de Finanças do Eurogrupo, que tem o poder de desbloquear a ajuda à Grécia, no momento em que o país enfrenta com uma grave crise.

Esse encontro do Eurogrupo poderá ocorrer na próxima semana, mas, para isso, é preciso chegar a uma lista de reformas que, segundo o porta-voz da Comissão Europeia, tem de ser tanto “credível quanto ampla”.

No sábado (28), representantes da Grécia e da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e do Mecanismo Europeu de Estabilidade – o Grupo de Bruxelas - começaram a analisar o primeiro rascunho da lista de reformas enviada pelo governo grego que, segundo informações divulgadas pela imprensa, deverão resultar em aumento das receitas, de cerca de 3 bilhões de euros (R$ 10,5 bilhões), em excedente orçamentário primário - sem pagamento de juros - de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 3% anteriormente definidos, e em crescimento econômico de 1,4% do PIB este ano.

No entanto, as discussões continuam difíceis, com muitas divergências entre os dois lados. Os credores insistem em medidas mais detalhadas, e mesmo mais duras, enquanto a Grécia, liderada pelo partido de esquerda Syriza, tem repetido que se comprometeu a não tomar medidas recessivas.

O porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, disse hoje (30), em entrevista à imprensa, que as discussões, que ocorrem desde sexta-feira (27), são “construtivas”. Ele ressaltou, porém, que ainda é necessário trabalhar mais e recolher mais dados, o que será feito pelas equipes que estão trabalhando em Atenas.

A Grécia tem cada vez mais necessidade de assistência financeira para evitar uma situação de descumprimento, o que poderá ocorrer já em abril.

Além do desbloqueio de parte dos fundos da última fatia do programa de resgate (de 7,2 bilhões de euros ou R$ 25,3 bilhões), os ministros da zona do euro têm em seu poder a decisão sobre 1,9 bilhão de euros (R$ 6,67 bilhões) que Atenas reclama de lucros obtidos pelos bancos centrais da zona euro com títulos soberanos gregos.

Os problemas de liquidez dos cofres públicos do país têm se agravado porque a Grécia só pode emitir até 15 bilhões de euros (R$ 52,7 bilhões) em bilhetes do Tesouro.

As autoridades gregas têm sido ainda muito críticas com a atuação do Banco Central Europeu, segundo o qual as instituições financeiras só podem recorrer à linha de emergência a um preço mais elevado do que o financiamento normal. O Banco Europeu também enviou recomendações aos bancos para que não comprem mais dívida pública do país.

A Grécia tem de amortizar 15,5 bilhões de euros em dívida aos seus credores até agosto, sendo que já na próxima semana tem de pagar 450 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional. Isto além das despesas correntes normais, como salários e pensões.

No dia 8 de abril, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, vai à Rússia em uma visita que pode tornar-se incômoda para os parceiros europeus, pois não se sabe se o governo grego vai pedir ajuda financeira a Moscou.

Em 20 de fevereiro, um acordo alcançado no Eurogrupo permitiu estender o segundo programa de resgate à Grécia por quatro meses, até final de junho.

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