Otimista, ministra lembra taxa decrescente de desemprego e aumento da renda

Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

Alinhada com o discurso da equipe do governo, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou hoje (26) que o país tem registrado uma trajetória de queda da extrema pobreza e não deve se concentrar apenas no indicador do ano atual. Convidada para uma audiência pública na Câmara dos Deputados, Tereza Campello explicou aos deputados reunidos na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, que há uma flutuação normal desses números e uma margem de erro dos levantamentos que precisa ser considerados.

“Mesmo em situação de crise internacional, o Brasil continua tendo taxa decrescente de desemprego. Não podemos só olhar os indicadores que não nos favorecem, temos que olhar os indicadores favoráveis, e um deles é a aumento da renda média do brasileiro”, afirmou.

Tereza Campello foi convidada para explicar números divulgados no início deste mês, segundo os quais, pela primeira vez, em dez anos, aumentou o número de indivíduos em situação de miséria no Brasil. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano passado, a população abaixo da linha de extrema pobreza aumentou 3,68%, passando de 10.081.225, em 2012, para 10.452.383.

O governo tem destacado números das últimas edições da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) que apontam que, em 2012, a renda dos 5% mais pobres no ano cresceu 20% acima da inflação. Os dados também mostram que, somado a 2013, o crescimento dessa renda chega a 4,2%. A argumentação é que não é possível analisar os dados por apenas um ano, quando o país ainda se mantém com queda da extrema pobreza 50% maior que a prevista pelas metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).

A ministra lembrou que “o compromisso da presidenta [Dilma Roussef] é manter o Brasil sem Miséria e os gastos com o Bolsa Família”, descartando riscos de a crise internacional impactar no programa do Planalto de manutenção da atual política econômica. Tereza Campello afirmou que as prioridades continuarão sendo a manutenção das taxas de emprego e renda e descartou que o aumento da inflação tenha provocado crescimento do número de miseráveis. “Teria crescido também a taxa de pobres”, disse.

Parlamentares da oposição, como o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), criticaram o fato de os números serem divulgados apenas depois das eleições. “Vou requerer à Advocacia-Geral da União (AGU) para saber por que se interditaram os números do Ipea no período das eleições”, anunciou o deputado. Segundo ele, o governo foi beneficiado com essa divulgação pós-pleito.

Tereza Campello rebateu e afirmou que “a AGU deu uma orientação geral para o conjunto dos órgãos” e que a decisão do Ipea sobre as divulgações foi tomada em agosto pelo próprio instituto. “É uma decisão tomada em agosto e não à luz da divulgação da Pnad”, completou. Na tentativa de afastar as acusações sobre uso eleitoreiro, a ministra ainda afirmou que os dados sobre o número de miseráveis estavam disponíveis na página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) na segunda quinzena de setembro.

- Assuntos: Tereza Campello, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome