Foto: Verdade na Prática
Língua portuguesa ou língua brasileira?
Em uma gramática editada com o selo FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN e em uma outra reproduz um trecho que aborda o alcance geográfico da língua portuguesa no mundo. Diz lá:
Na América do Sul, o português é língua oficial e língua materna da grande maioria da população do Brasil, restando, contudo, algumas bolsas de população que falam apenas línguas ameríndias (cf. Cap. 6).
Abaixo, uns parágrafos do meu relatório VISITANDO PORTUGAL E ESPANHA:
(…) Aproveito aqui para tocar num ponto: o milenar braço-de-ferro46 disputado entre linguistas e gramáticos, acerca da existência ou não da língua brasileira[47].
Para ganhar tempo, valho-me de um comentário feito pelo Prof. Sérgio Nogueira em sua seção Dicas de Português, publicada no Portal Globo (http://goo.gl/ldpcd3). Reconhecendo e exemplificando distinções de ordem fonética, semântica e sintática existentes entre as duas variedades do Português, o conhecido professor enfatiza ser “importante lembrar o que afirmaram alguns estudiosos: o professor Antenor Nascentes não falava em língua brasileira e sim em “idioma nacional”; o mestre Gladstone Chaves de Melo falava em língua comum e variantes regionais; e o grande filólogo Serafim da Silva Neto afirmou que o português culto do Brasil é quase igual ao português culto de Portugal. Isso significa, portanto, que as diferenças maiores estão na linguagem do dia a dia“.
(…) “Aquando da nossa visita a Portugal em 2012, eu fui bisbilhotar numa das lojas FNAC. Resisti bravamente a tudo de tecnológico que lá havia, mas quedei-me vencido na livraria, na específica seção de Língua Portuguesa. Comprei um exemplar de cada gramática que lá se expunha. Eu as tenho lido e constatado uma coisa: os gramáticos portugueses são unânimes em afirmar que a língua portuguesa falada em Portugal, no Brasil e em Angola é uma só, ressalvando-se tão-somente que em Portugal pratica-se a variedade europeia, no Brasil, a brasileira, e, em Angola, uma das variedades africanas. Desta vez, comprei umas três gramáticas, alguns dicionários e obras esclarecedoras de equívocos linguísticos, tudo ao custo dos bem empregados € 164,00.
Ciente das bandeiras linguísticas e tecnicamente embasado no que pregam todos esses gramáticos – e por vezes quatro deles escrevem conjuntamente uma mesma obra – penso ter fundamento para crer ser portuguesa a língua falada no Brasil, variedade brasileira, apesar dos graves desvios ensinados e estimulados pelos mass media48 nacionais, nomeadamente49 as emissoras de rádio e televisão. O fato de as línguas indígenas terem dado os seus contributos50 ao Português do Brasil, ou de esta variedade ter sido afetada por fluxos imigratórios não lusitanos, apenas enriquece o idioma, não o enfraquece”.
(…) “No Estoril, ao pé de Cascais, ficamos hospedados no Hotel Londres Estoril. Isto fizemos para facilitar o nosso acesso à IEBC, onde trabalha o Rev. Luis A R Branco. Um dia, estando no restaurante do hotel para tomarmos o pequeno-almoço[22], um dos simpáticos atendentes dirigiu-se a mim em inglês, pensando ser eu da terra da Rainha Isabel II[51]. Respondi-lhe que podia falar em Português, pois eu era do Brasil. Foi aí que ele saiu-me com a história de língua brasileira[47]. Nessa hora eu polidamente lhe expliquei que tenho inúmeras gramáticas editadas em Portugal, e todas elas, sem exceção, são enfáticas em afirmar que a língua que se fala no Brasil é a portuguesa, variedade brasileira. O simpático português preferiu não retrucar mais nada.
Em geral, penso que em termos de concatenação lógica a variedade europeia do Português tem mais a nos ensinar do que a homóloga brasileira teria aos lusitanos; porém, muita calma nesta hora, porque nem sempre… O autocarro, por exemplo, perderia para o nosso ônibus[52], que, a meu juízo, tem melhor razão etimológica de assim ser designado. Nos hotéis, referem a quarto não fumador; contudo, quem é o fumador, o quarto ou o hóspede? Na rua, vi uma propaganda de um gelado[53] a zero *graus. Zero *graus? Se na escala Celsius a temperatura desse sorvete estivesse um ponto mais elevado, estaria a 1 grau ou a 1 *graus? E abaixo de 1 a concordância vai para zero *graus? É evidente que temos diante de nós uma agramaticalidade portuguesa”.
Autor: Magno Reis Andrade
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal
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Geraldo Brandão
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