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Literatura: Fatos e Contos.

Fatos ou não, narrados de forma leve por Maria Alice Lackinger

Desenho: Pinterest

    
Os Carnavais de meus tempos


O Carnaval está chegando e para mim é sempre um mergulho no passado. 

Meus pais, muito festeiros, transmitiram o gen imutável da animação para todos nós. 

Foto: Arquivo pessoal 

Na infância, minha mãe nos surpreendia com máscaras de papelão e bexigas plásticas com água, dias antes da folia, para entrarmos no clima.

Ela se reunia com outras mães, bolavam fantasias, que para nós eram feitas com esmero pela nossa querida Bebé. 

Devidamente fantasiados, participávamos dos bailes infantis nos clubes sociais e assistíamos o delicioso Carnaval de rua, na Avenida Sete de Setembro. 

Tia Esmeralda, espanhola, minha madrinha de Crisma e parenta por afinidade, colocava cadeiras no passeio, na porta do prédio em que morava com a família. As cadeiras eram amarradas com corda entre si e no poste. Quando chegávamos para ocupá-las, as pessoas que lá estavam se levantavam pedindo desculpas. Era o Carnaval da gentileza! 

Dentro do apartamento tinha uma mesa enorme, repleta de iguarias. Minha mãe contribuia com sanduíches de pão vara cortado em pedaços e recheados com lombo assado e frigideira. 

Cada um de nós levava um saquinho de filó, com serpentinas, confete e lança- perfume e nos divertíamos com os mascarados ou caretas gritando no falsete: "-Você me conhece? "Curtíamos também blocos e fantasias individuais inusitados e criativos, enquanto esperávamos os clarins anunciarem o desfile dos grandes clubes com suas alegorias. 

Em casa, na geladeira, travessas de sanduiches de pão de forma com recheios variados, eram enroladas em toalhas alvíssimas, umedecidas, para que permanecessem macios nos três dias da momesca.

A entrega do lança- perfume obedecia a um ritual: meu pai abria a caixa da Rodouro, quebrava o lacre de cada um e os entregava em nossas ávidas mãos! "Cuidado com os olhos! "  Era a única advertência, pois o lança- perfume só tinha a utilidade: perfumar os outros e a nós mesmos! Era o Carnaval perfumado!

Foto: Arquivo pessoal 

Na adolescência o lança- perfume era usado na paquera masculina e nós é que escolhíamos a fantasia! 

Reuníamos em grupo de amigas e depois de várias brigas, era decidida por unanimidade a roupa que  vestiríamos! E foi assim que ganhamos três concursos de fantasia na Associação Atlética da Bahia! 

Nessa época eu comprava nas bancas a revista das músicas que iriam ser cantadas no Carnaval daquele ano! Treinávamos na frente do rádio, até decorarmos as letras! 

Íamos aos bailes noturnos acompanhadas de nossos pais, na Associação Atlética da Bahia, Bahiano de Tênis e Centro Espanhol. De tarde não perdíamos os bailes infantis e pelas manhãs, as batalhas de confete.

Chegamos a ensaiar presença no centro da cidade, acompanhadas discretamente por minha mãe que fazia de conta que não nos conhecia. 

Foto: Arquivo pessoal 

Já na vida adulta, Reinhard saia no Bloco do Jacu na minha companhia e à noite, nos reuníamos com parentes e amigos nos bailes do Bahiano de Tênis, para dançar até o sol raiar e a orquestra se despedir tocando: "Ai, ai, ai,ai, está chegando a hora! "🎶🎵🎶🎵🎵🎵🎶🎵🎵🎵


Autora: Maria Alice Lackinger

Desenho: Pinterest

Fotos: Arquivo pessoal - Maria Alice




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Geraldo Brandão


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