Confira as principais datas e fatos da semana entre 15 e 21 de maio
| Foto: Marcelo Camargo |
Dois eventos no ano de 1987, com caráter de conscientização e luta, garantiram uma data oficial para reflexão sobre saúde mental. Esse é um dos principais temas do Hoje é Dia desta semana.

Aqueles eventos ajudaram a amadurecer entre os profissionais da área de que era necessário virar a página de todo o tipo de violações ocorridas em manicômios contra pacientes com transtornos psiquiátricos. Naquele ano, entre 25 e 28 de junho, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental (confira aqui relatório final) celebrava a proximidade de uma nova Constituição e propunha políticas de humanização no tratamento dos pacientes. "A definição de uma pessoa como 'perigosa' não deve ter o caráter de definitivo julgamento. Sua elaboração deve estar subordinada aos objetivos de uma sociedade democrática, justa, igualitária e capaz de garantir os direitos humanos fundamentais", apontava o documento.
Também em 1987, entre os dias 3 e 6 de dezembro, a cidade de Bauru (SP) sediou o 2º Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, onde é criado o Movimento Nacional de Saúde Mental. "Ao recusarmos o papel de agente da exclusão e da violência institucionalizadas, que desrespeitam os mínimos direitos da pessoa humana, inauguramos um novo compromisso", apontava a Carta de Bauru, documento gerado ao final do evento.
Foi por esse congresso que foi levada a proposta de marcar o dia 18 de maio como o Dia da Luta Antimanicomial. Outro marco ocorreu, no ano 2000, com uma lei antimanicomial.
As temáticas sobre saúde mental podem ser visitadas no acervo dos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), incluindo a série de avanços, como é a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), no país.
O Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, também já investigou, em 2015, o passado de violações, como ocorreu no Hospital Colônia, em Barbacena (MG). O programa teve o título de "Loucura e liberdade". A unidade, criada em 1903, ficou conhecida como o maior manicômio do Brasil e onde, pelo menos, 60 mil pessoas perderam a vida em um cenário de desrespeito aos direitos humanos. Assista:
As violências e crimes cometidos em Barbacena voltaram a ser abordados pela TV Brasil, em 2017. O programa Trilha das Letras entrevistou a jornalista Daniela Arbex, que escreveu o premiado livro Holocausto Brasileiro (2016). Ela explica como investigou o tema, entrevistou vítimas e recuperou histórias difíceis de lembrar. Confira:
Nas Rádios EBC, o programa Na Trilha da História abordou a evolução do conceito de loucura, dos diagnósticos e dos tratamentos psiquiátricos.
Arte como terapia
A semana reserva também uma outra data (dia 20) de marco revolucionário por uma nova forma de atendimento a pacientes psiquiátricos. Há 70 anos, foi implantado o Museu de Imagens do Inconsciente, com trabalhos produzidos por pessoas atendidas pela equipe da médica alagoana Nise da Silveira, no Rio de Janeiro.
A psiquiatra criou em 1946, no Centro Psiquiátrico Nacional, Rio de Janeiro, a Seção de Terapêutica Ocupacional. Como terapia de atendimento, ela estimulava que as pessoas produzissem pinturas e modelagens a fim de que a equipe de saúde compreendesse o mundo interno dos pacientes. "A produção desses ateliês foi tão abundante que em 1952 nasceu o Museu de Imagens do Inconsciente", conforme divulga o site do espaço cultural.
Aliás, se há uma consolidação das ideias antimanicomiais e de violações humanas, o país deve à sabedoria da médica Nise da Silveira.
A profissional se contrapôs aos eletrochoques e lobotomias feitos à época, e passou a investir em arte para tratar os pacientes, com resultados reconhecidos pela medicina internacional. Uma de suas parceiras em sua equipe foi a enfermeira Ivone Lara que, depois de aposentada, iria se tornar também uma sambista consagrada.
Para conhecer o legado imensurável que Nise deixou, visitantes podem conhecer o Museu do Inconsciente, com obras produzidas pelos pacientes de Nise da Silveira:
As descobertas de Nise da Silveira resultam em iniciativas e estudos até hoje. O programa Viva Maria, da Rádio Nacional, por exemplo entrevistou a professora de história Meri Nildes, que trabalha com alunos na Rádio Revolução, no Rio de Janeiro, com programas apresentados por pacientes de saúde mental.
Museus
Além do Museu do Inconsciente, a semana tem programações especiais para celebrar a história e o patrimônio público. A quarta-feira é Dia Internacional dos Museus. Por isso, diferentes espaços públicos abrirão suas portas para celebrar a semana inteira.
A visita a um museu expande conhecimentos de um povo. A TV Brasil mantém acervo de vídeos sobre histórias e estruturas de museus em todo o país. O Brasil possui quase 4 mil museus com os mais diversos enfoques como história, arqueologia, artes e ciência.
O programa Ciência é Tudo tratou da importância dos museus como representação e identificação da história de um povo. Confira abaixo:
Identificação
Por falar em identificação cultural, neste domingo é Dia da Latinidade. Inclusive, a Rádio Animada veiculou conteúdo especial sobre o tema no ano passado. Na alma da arte brasileira, outro ícone que deve ser lembrado neste ano é o músico João da Baiana (ouça sobre o artista no Clube do Vinil), que nasceu há 135 anos. Ele é considerado como o introdutor do pandeiro no samba.
No campo da fé, o dia 19 de maio é também um marco com a canonização de Madre Paulina. A religiosa foi fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição em Nova Trento (SC), em 1895. Ela foi reconhecida como responsável pela cura de Eluíza Rosa de Souza, moradora de Imbituba, município do sul catarinense, que sobreviveu às complicações decorrentes da perda de um bebê no sétimo mês de gravidez.
Conscientização
Nesta semana, ainda, há uma data (dia 18) sobre uma questão muito séria, e que é lembrada o mês inteiro. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes inspira o Maio Laranja.
A data refere-se a um crime ocorrido em 1973, com uma menina de 8 anos de idade, chamada Araceli, em Vitória (ES). Ela foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada. Seu corpo apareceu seis dias depois, carbonizado e os seus agressores nunca foram punidos (saiba mais sobre a data).
Em entrevista à Rádio Nacional, a psicóloga Leila Tardivo afirma que esse tipo de violência causa efeito devastador em crianças e também explica como observar sinais que elas podem trazer no dia a dia, mesmo que ela esteja silenciada.
Por que o mundo é assim...
O dia 19 celebra a atividade de um profissional que se indaga para descobrir mistérios do mundo. O Dia do Físico, na quinta-feira, foi criado em homenagem às publicações do alemão Albert Einstein (que, aliás esteve no Brasil em 1925) e revolucionou a academia com a teoria da relatividade.
Para saber mais sobre o que fazem os físicos, o programa Ciência em Casa, de forma lúdica e didática, explica, por exemplo, como funcionam extintores e os isolantes térmicos.