Últimos dias para conferir o espetáculo Os Pássaros de Copacabana

Cultura -
Foto: Divulgação



O espetáculo Os Pássaros de Copacabana entra na última semana de apresentação. Em Cartaz no Teatro Molière, localizado na Ladeira da Barra, o público pode conferir a montagem até o dia 14 de maio, aos sábados e domingos, sempre às 20h. Com sessões lotadas e sucesso de público, a nova montagem do Teatro NU bebe no universo musical do compositor Ary Barroso para contar a história de uma transexual e sua vida nos primeiros momentos da ditadura militar. A peça conta com apoio do Governo do Estado, através do Fazcultura e Vivo, por meio da Plataforma Vivo Transforma.

Os Pássaros de Copacabana é a celebração dos 30 anos de palco do ator Marcelo Praddo, que se prepara para o desafio de viver um novo monólogo onde, além de atuar, canta e dança. Nos anos 60, uma transexual sonha em fazer um grande espetáculo, encomendado por seu amante, cantando os maiores sucessos do compositor Ary Barroso, um dos célebres nomes da Música Popular Brasileira. Enquanto ensaia seus números, a personagem mostra sua intimidade e as memórias durante conturbados dias de 1964. O novo espetáculo de Gil Vicente Tavares, que assina a direção e a dramaturgia, numa obra inédita, que usa da história de vida da aspirante à cantora para provocar reflexões sobre a nossa história e o presente.

Os Pássaros de Copacabana tem na história um importante pano de fundo com o qual o autor, Gil Vicente Tavares, traz as primeiras circunstâncias da ditadura deflagrada em 64, por meio das memórias da personagem protagonista, aparentemente pouco afeita às discussões políticas, embora absolutamente impactada pelo cenário pesado que vai se instalando. A história dá sua partida no dia em que se comemora o aniversário da cantora Carmem Miranda, mas também morre o compositor Ary Barroso: 09 de fevereiro de 1964, um domingo de carnaval. Outros personagens perpassam a história: a namorada dos tempos de juventude, a figura materna de quem se lembra com saudade, o amante militar de poucas palavras, o vizinho comunista.

Absolutamente musical, a montagem entrecorta as lembranças da narradora com diversas canções de Ary Barroso, de sucessos a pérolas pouco conhecidas desse compositor tão notável na história da Música Popular Brasileira, e principal artista a projetar o samba mundialmente, chegando a concorrer ao Oscar por uma de suas canções.

"Ainda quando realizávamos o espetáculo Caymmi, do rádio para o mundo, nossa produtora Fernanda Bezerra nos provocou a falar sobre Ary Barroso, por conta da riqueza de suas canções e de sua importância para o Brasil e o mundo. Essa vontade ficou, assim como o desejo de construir um solo para Marcelo Praddo, que completou recentemente 30 anos de palco no mesmo ano que nosso grupo Teatro NU alcançou uma década em atividade" explica o encenador Gil Vicente Tavares, que optou por agregar, ao texto, questões sobre gênero e sexualidade, que eram interesse do ator e um assunto tão pulsante na sociedade brasileira. "O espetáculo toca em diversas temáticas paralelas, refletindo sobre música, política, gênero, assuntos tão debatidos na sociedade brasileira, no meio dessa grande quebra de braço em que vivemos entre progressistas e conservadores" acrescenta o dramaturgo.

Pela primeira vez, Gil Vicente Tavares trabalha ao lado de Jarbas Bittencourt, que assina a direção musical do espetáculo, apesar de já terem sido parceiros noutros três espetáculos. Em cena, o músico Elinaldo Nascimento toca instrumentos como piano e acordeão, entre outros, ao lado da voz de Marcelo Praddo. De acordo com Jarbas Bittencourt, a música da peça evoca a riqueza melódica das canções compostas por Barroso, considerado um virtuoso. "Ary era um grande melodista, criador de canções inesquecíveis. Mas ao longo do espetáculo, é inevitável não olhar para algumas letras com os nossos olhos inquietos do presente" pontua o músico. Perpassam 17 canções em cena, trazendo releituras musicais, das quais apenas duas manterão as características do samba, mas também ressignificadas pela interpretação da personagem.

O espetáculo é realizado pela Maré Produções Culturais e o patrocínio da Vivo e do Governo do Estado por meio do Fazcultura, programa de fomento da Secretaria Estadual de Cultura e Secretaria Estadual da Fazenda da Bahia. O superintendente de Promoção Cultural da SecultBA, Alexandre Simões, salienta a importância do Fazcultura na promoção do desenvolvimento artístico e cultural do Estado. "O programa é estratégico e traz oportunidade para as empresas investirem na cena cultural, ratificando seu papel social. É interessante também pela dimensão econômica, pois movimenta os equipamentos culturais, faz girar essa cadeia e gera emprego e renda para centenas de profissionai".

Os Pássaros de Copacabana mantém a característica de trabalho do grupo, que prima por um teatro de mínimos elementos que potencializam o trabalho do ator, contando com a equipe de criadores que reúne Euro Pires concebendo conjuntamente a cenografia e indumentária; Anna Oliveira na maquiagem; e o desenho de luz de Eduardo Tudella, colaborador do Teatro NU. Gil Vicente Tavares ainda conta com Bárbara Barbará, parceira de trabalho, que assina a direção de movimento e assistência na encenação.

FAZCULTURA - Parceria entre a SecultBA e a Secretaria da Fazenda (Sefaz), o mecanismo integra o Sistema Estadual de Fomento à Cultura, composto também pelo Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). O objetivo é promover ações de patrocínio cultural por meio de renúncia fiscal, contribuindo para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas, levando em consideração que esse tipo de patrocínio conta atualmente com um expressivo apoio da opinião pública.