Sindipetro diz que impeachment é pretexto para entregar o pré-sal

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Edição: Luana Lourenço



O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros, Emanuel Cancella, disse hoje (31), durante ato em defesa da democracia no Rio de Janeiro, que um eventual impeachment da presidenta Dilma Rousseff e sua substituição pelo vice-presidente Michel Temer pode levar à privatização da Petrobras e à entrega do pré-sal para empresas privadas.

Segundo Cancella, o governo do PT foi o responsável pela retomada da Petrobras, e não pela crise na companhia. “O governo Fernando Henrique tentou privatizar a Petrobras, e se privatizasse, o pré-sal ia de bônus. Foram os governos do PT que desenvolveram tecnologia inédita no mundo que propiciou a descoberta do pré-sal.”

Convocado pela Frente Brasil Popular em várias cidades do Brasil, no Rio, o Ato pela Democracia ocorre no Largo da Carioca, no centro da cidade. Milhares de pessoas participam da manifestação com bandeiras, cartazes e adesivos com os dizeres #nãovaitergolpe. Lideranças sindicais, de entidades de classe e movimentos sociais se revezam nas falas em palco montado no local.

Segundo o líder sindical, a crise das companhias de petróleo é mundial e a Petrobras tem condições de superar o momento de dificuldade e ajudar o país a retomar o crescimento. “O pré-sal já produz um milhão de barris por dia, o acúmulo de reservas hoje da Petrobras é de 100 bilhões de barris, isso garante o abastecimento do Brasil nos próximos 50 anos. Com o preço [do barril] a 40 dólares, nós temos um tesouro de 4 trilhões de dólares, essa empresa não está falida. Mas a gente quer que todos os corruptos vão para a cadeia. Muito antes da Lava Jato os sindicatos já denunciavam a corrupção da Petrobras, de diretores que agora foram presos”, lembrou.

O movimento estudantil também está presente no ato no Largo da Carioca. O presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro, Leonardo Guimarães, disse que, historicamente, os movimentos sociais se manifestam no dia 31 de março para “descomemorar” o aniversário do golpe militar, ocorrido nesta data em 1964.

"É fundamental que a gente venha hoje às ruas, num momento de polarização do Brasil, para dizer que a gente tem lado. E o lado dos estudantes é o lado da defesa da democracia, o lado da legalidade de um mandato eleito com mais de 50 milhões de votos, que foi o da Dilma Rousseff, e que não vai ser derrubado por aqueles que querem subir ao poder, como Michel Temer e Eduardo Cunha”, criticou.

Segundo a Frente Brasil Popular, organizadora do evento, 50 mil pessoas participam do ato no Rio.