'Ainda não há evidências de que a homeopatia funcione', diz British Medical Journal

HuffPost Brasil  |  De Ana Beatriz Rosa



"Ainda não há evidências de que a homeopatia funcione."

É o que defende o artigo publicado na British Medical Journal, uma das principais publicações sobre medicina no mundo. A conclusão é baseada em um estudo mais recente e no relatório sobre homeopatia do National Health and Medical Research Council (NHMRC), publicado em 2015.

Autor do texto e pesquisador do tema, Paul Glasziou iniciou a sua pesquisa "curioso sobre se este tratamento improvável funcionaria em alguma situação". Mas, segundo as evidências obtidas, a homeopatia ainda não tem provas de ser eficaz.

"Eu perdi as esperanças depois de olhar para as 57 revisões sistemáticas (em 68 condições) que continham 176 estudos individuais e não encontrar efeitos convincentes discerníveis, além do placebo."
O estudo feito por Glasziou testou a homeopatia em diversas situações: artrites, estomatites e até na infecção pelo vírus do HIV.

"O que me chocou depois disso foi saber que as organizações promovem a homeopatia para situações de infecções graves, como a aids e a malária em regiões como a África", contou.

Segundo o pesquisador, essas atitudes justificam a posição adotada pelo NHMRC:

"As pessoas que escolhem a homeopatia podem colocar sua saúde em risco caso rejeitem ou atrasem tratamentos para os quais há boa evidência de segurança e eficácia na medicina tradicional."
A posição defendida por Glasziou foi alvo de críticas dos integrantes do Conselho Internacional de Homeopatia, que estão promovendo uma campanha de financiamento coletivo para criar um projeto que refute as alegações do documento do NHMRC.

Esse relatório, publicado em 2015 pelo maior órgão de pesquisa em saúde da Austrália, foi feito após a análise de 225 estudos. O NHMRC disse com todas letras: homeopatia não é efetiva para tratar qualquer tipo de doença.

Entenda

A homeopatia foi criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1853) com base na ideia de que as mesmas substâncias que provocam uma determinada doença em alguém saudável podem provocar também a cura em uma pessoa doente.

Em sua obra-prima, o Organon (1810), ele especifica que as substâncias devem ser dinamizadas, isto é, diluídas até que não restem mais resquícios da substância na solução. Alguns remédios chegam a ser diluídos mais de mil vezes, na razão de uma parte de essência medicinal para 99 partes de diluente.

Por isso tamanha polêmica: como relata esta reportagem da Superinteressante, diluir uma substância, em geral, diminui a intensidade de sua ação. Mas, para os homeopatas, quanto mais diluído, mais potente o remédio.