Pelo fim das meias verdades no conflito Israel Palestina

Anita Efraim 



O jornalismo não é mais o mesmo. O que dá cliques, vende revistas não são os mesmos temas e os textos não são mais tão densos e longos como costumavam ser.

O público quer mais fofoca, quer saber o que acontece com o seu jogador de futebol favorito ou com aquela musa fitness.

Não é uma questão de certo ou errado; simplesmente é assim.

Claro que ainda há quem leia artigos maiores que explicam background e contexto histórico, mas quantos são? Provavelmente quem se preocupou em entrar aqui para ler este texto faz parte da exceção.

O problema é que são muitos os que não querem se informar de forma profunda sobre um assunto, mas insistem em falar nele mesmo assim, com a crença de que tem propriedade para falar. No conflito entre Israel e Palestina isso acontece dos dois lados.

Dos dois lados há pessoas falando o que não sabem. Não é que elas tenham que saber tudo, mas se não dominam o assunto, para que falar?

Muitos judeus e pró-Israel só sabem criticar o outro lado, a Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a falta de iniciativas de paz, sem conhecimento sobre o assunto.

Falar do outro é fácil, mas e tentar olhar para o próprio umbigo?

E falar sobre o descumprimento de acordos de paz com os quais Israel se comprometeu? Sobre os assentamentos que só crescem e não têm data para pararem de ser construídos?

Falta autocrítica. Falta querer procurar a raiz do problema para achar uma solução viável.

É óbvio que quem apoia a existência de Israel tem todo o direito de criticar instituições terroristas, como o Hamas, que pregam a destruição do Estado Judeu e DEVEM apontar momentos em que a mídia não fala a verdade sobre o que está acontecendo no conflito agora, como as facadas pouquíssimo noticiadas pelos veículos brasileiros.

Mas é preciso abrir os olhos, a mente e o coração para ver o problema de outra forma. Se não há paz e há conflito, é porque os dois lados estão errando.

Quem apoia a Palestina de forma incondicional também não vê a figura como um todo, e é preciso parar de usar a máxima de Maquiavel de que "os fins justificam os meios".

O povo palestino tem direito a um Estado, a um lar nacional, a um espaço que não seja ocupado por outro governo, mas isso não justifica esfaquear NINGUÉM, sejam civis ou militares.

Esses ataques com armas brancas têm acontecido com frequência em Israel, mas especialmente em Jerusalém e na Cisjordânia, no último mês.

Civis palestinos sem ligação com instituições terroristas atacam judeus israelenses motivados pela ocupação em seus territórios e pela suposta mudança da autoridade sobre a esplanada das mesquitas (negada pelo primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu).

Mas qual o sentido disso? A maioria dos vídeos que falam sobre o tema e rodam a internet são de palestinos feridos, o que é errado, mas as meias verdades dominam as redes sociais e os veículos jornalísticos brasileiros.

É raro ler sobre a justificativa para a pessoa do vídeo ter levado um tiro do exército israelense: ter tentado esfaquear judeus israelenses.

É preciso ter propriedade para falar.

Ainda há jornalismo de qualidade sobre o assunto, há referência em jornalismo internacional que explicam detalhadamente a situação.

Basta querer ir atrás de um panorama amplo da situação, em vez de querer ler só o que já condiz com sua opinião.

Se as pessoas abandonassem um pouco essa posição defensiva e arrogante e aceitassem entender sobre o outro lado, talvez a guerra diminuísse, ao invés de aumentar um pouco mais a cada dia.

Os duelos argumentativos nas redes são como naquele pequeno espaço de terra no Oriente Médio: as pessoas usam todas as suas armas para mostrar que seu lado está certo, e o diálogo, maior caminho para a paz, fica cada vez mais distante.


Fonte: Brasil Post