Comitê de monitoramento avalia cenário de fornecimento de energia no país

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

Nesta semana o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico se reunirá em Brasília para avaliar o cenário de fornecimento energético do país. Para esse encontro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai apresentar dados sobre a produção de energia do país. De todas as regiões, o Nordeste apresenta os menores índices de água em seus reservatórios.

Na última sexta-feira (2), as bacias do Nordeste juntas registraram 13,76% da capacidade total de água em seus reservatórios. Os principais reservatórios da região são Sobradinho, com 8,35% da capacidade total; Três Marias, com 21,89%; e Itaparica, com 11,24%.

Na previsão do ONS para o mês de outubro, é esperado que os reservatórios da região estejam com 8,9% da sua capacidade total. Em 2014, o mesmo mês registrou 15,70%. As previsões de energia armazenada são atualizadas semanalmente.

De acordo com o ONS, apenas no dia 1º de outubro o Nordeste recebeu 1.002 megawatts médios (MWmed) de energia da Região Sul e produziu 9.136 MWmed. Essa transferência foi possível graças às boas condições do Sul do país. Atualmente, a região está com 77,32% da capacidade total de seus reservatórios preenchida. Com isso, ela foi capaz de transferir, no mesmo dia, energia também para o Sudeste e Centro-Oeste (2.296 MWmed) e para o Norte do país (401 MWmed).

O nível dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste está em 32,26%, mas a região começa a apresentar melhora em relação ao ano passado. Em 2014, o mês de setembro registrou 25,31% de armazenamento dos reservatórios. Desde julho o desempenho dos reservatórios tem superado o ano passado na região.


Fontes alternativas

O último balanço divulgado pelo ONS mostra que 73,42% da energia no Brasil está sendo produzida em hidrelétricas. Existem, no entanto, outras fontes de energia que contribuem para atender a demanda do país. Uma delas é a eólica, que gera energia a partir de turbinas movidas pela força do vento. As usinas eólicas respondem por cerca de 4,8% da produção nacional.

As usinas termonucleares (produzem energia a partir da divisão de átomos de um determinado elemento químico) geram cerca de 1% da energia produzida no país, enquanto as usinas termelétricas contribuem atualmente com cerca de 20% da produção nacional. As termelétricas geram energia a partir da produção de calor vinda da queima de combustíveis fósseis, como carvão, óleo ou gás.

A energia das termelétricas é mais cara do que a produzida pelas usinas hidrelétricas, por isso, as termelétricas são acionadas quando há déficit nos reservatórios do país. Em agosto, após reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, o governo decidiu desligar 21 termelétricas, o correspondente a 2 mil MWmed.

As termelétricas desligadas eram as mais caras do sistema e o custo de produção chega a R$ 600 o Megawatt/hora. Um dos motivos da decisão foi justamente a expectativa de melhora nos reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste. Atualmente, as termelétricas ligadas no Brasil produzem 10 mil MWmed.

Comitê

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico foi criado em 2004, para acompanhar a geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia em todo país e é presidido pelo ministro de Minas e Energia. O comitê faz reuniões periódicas para avaliar a situação energética do país e, ao detectar algum tipo de dificuldade ou obstáculo, pode sugerir propostas de ajustes ou recomendar ações. Fazem parte do comitê os titulares da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Petróleo, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Empresa de Pesquisa Energética e do próprio ONS.

Já o ONS coordena e controla a geração e transmissão de energia elétrica no país, priorizando o menor custo, ou seja: aciona as usinas com custo operacional menor. Em tempos de seca, por exemplo, é o órgão responsável por, após determinação do governo, acionar usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia e economizar a água dos reservatórios.