 |
| Foto: Verdade na Prática |
Abandonar-me
Quero simplesmente abandonar-me como quem já perdeu todas batalhas.
Não, não me importa ser vencedor,
Só me importa ser livre de toda ansiedade e dor.
Lançar-me sem pudor na relva verde,
Sentir na pele o toque de cada ramo e flor.
Sentir o cheiro da terra, o limite máximo da minha queda e horror.
Quero abandonar-me em meio a vegetação rasteira,
Sentir o soprar suave do vento que toca o chão,
Ver de perto as formigas e grilos que habitam no anonimato de um mundo vão.
Quero cair numa queda livre como alguém que já entregou todas as armas.
Cansei de lutar, não há pelo que empanhar tanta força,
Se no final todos perdemos para a vida.
Me dei conta que perder é inevitável,
Mas pior do que perder e cair é não desfrutar da queda.
Sei que posso parecer louco, mas o que isto importa?
Quero me reconciliar com a fragilidade e a banalidade da vida.
Queimar todas as minhas camisas com frases heróicas.
Quero estar rendido ao nada e a completa disposição de tudo.
Ali no chão rendido quero ser sem nome,
Há tantos que vivem sem nome é são felizes.
Ser apenas mais um a compartilhar aquele espaço insignificante com formigas e grilos.
Vou apagar toda palavra triunfalista,
Adotar um vocabulário simples,
Trocar minha septuaginta por uma vulgata.
Quero encarar o Sol na vertical,
Ver os desenhos das nuvens,
Contemplar o voo suave dos pássaros.
Quero eternizar este momento de abandono,
Esquecer as horas e obrigações,
Sentir-me verdadeiramente leve, como quem não tem nada a perder nem a ganhar.
Quero sentir-me por um instante como se fora o único da minha espécie,
Sem a preocupação de ter que responder a outros ou qualquer coisa explicar.
E depois de refeito, deste lindo sonho acordar.
Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal
-----------------------------------
Geraldo Brandão
SIGA-NOS
Para seguir o Jornal da Cabriola e receber nossas atualizações clique na imagem abaixo:
 |
| Se não entrar CLIQUE AQUI |
