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| Foto: Ilustração |
Talvez devesse ocupar meus pensamento com outras figuras mais proeminentes na problemática missionária, quem sabe David Bosh, Timóteo Carriker ou Patrick Johnstone, mas ao contrário, foi a Mirta que ocupou meus pensamentos.
A Mirta era uma irmã por volta de seus 45 anos, muito envolvida com sua igreja local, uma igrejinha estabelecida numa cidade pequena nos arredores de Belo Horizonte. A igreja da Mirta era realmente pequena, mas os cultos estavam sempre cheios. Nos fundos da igreja morava o pastor e a família, a imagem que tenho dele é a de um guerreiro que lutava para conduzir aquelas pessoas simples à pessoa de Cristo. O que não faltava naquele lugar era necessidade e trabalho, e a Mirta era uma fiel cooperadora. Conheci esta igreja nos meus estágios nos fins-de-semana, quando estava em Belo Horizonte me preparando para o ministério.
O que me encantava na Mirta era a sua paixão missionária. Ela sonhava com missões e desejava muito servir a Deus no campo missionário, mas devido às responsabilidades familiares, era mãe de um punhado de filhas e seu esposo era funcionário público, não tinha como ir, mas isto não a impedia de fazer missões.
Toda a sua família era envolvida com a causa missionária, tal como a pequena igreja, devido a influência da Mirta. Sua casa era uma verdadeira “base missionária”, havia sempre alguns missionários por lá, chegando, saindo ou simplesmente indo comer seu delicioso feijão tropeiro e outros quitutes. Mirta e sua família marcaram a vida de todos os missionários que passaram por lá, que tal como eu, nunca mais esquecerão seu carinho, seu encorajamento, seus choros e sorrisos e sua paixão por missões. A Mirta não era só envolvida, mas preparada, havia feito vários cursos de caráter missiológico, era uma verdadeira missionária.
Enquanto arrazoava, me dei conta que missões pode vir a ser mera falácia, tema de conferências, simpósios, seminários e conversas. Me impressiona o número de movimentos em torno de missões, pessoas que vivem nos corredores da causa missionária e tudo não sai disto. Missões não está institucionalizada, limitada a boa-vontade da igreja e organizações. Nem mesmo está presa aos congressos, conferências e salas de aula. Missões não é luxo das igrejas que dispõe de algum recurso, aliás é bom dizer que nem sempre o dar é fazer missões. O importante não é quanto dinheiro é dado para missões, mas o quanto ele produz de resultado prático na expansão do evangelho. Missões também não está presa aos caprichos das lideranças eclesiásticas. Missões não é prerrogativa de alguns que se dispuseram a ir, aliás é bom dizer que nem todo “ir” é fazer missões. O importante não são quantos missionários são enviados, mas quantos povos não alcançados recebem o evangelho. Missões nem tão pouco está presa aos círculos acadêmicos de Lausanne, AMTB e outros. Missões deve ser uma iniciativa individual, um envolvimento consciente e responsável de cada crente com a obra missionária.
Hoje não é só a igreja que precisa ouvir falar de missões, mas até mesmo as agências, e inclusive missionários precisam ser despertados para uma conscientização responsável para com a problemática missionária. É ridículo ver que algo como missões tem servido de trampolim para a auto-promoção de pessoas que no fundo nada fazem. Missões não é simplesmente levantar um determinado valor em dinheiro por ano e mandar para outros fazerem missões por nós. Missões é uma tarefa pessoal intransferível e impagável. É a tomada da responsabilidade, é o envolver-se de forma comprometedora, é o chorar e rir com os que vão, é o ir, mas o também ficar e sustentar, é o estar também na beira do caminho daqueles que já foram e proporcionar algum encorajamento, é o dar, mas também o receber, é não só encorajar nossas igrejas a irem, mas encorajar nossos próprios filhos, tal como fizeram os morávios. É o preparar os outros para irem, mas também ser preparado. Missões não pode simplesmente ser realizada na “boa-vontade”. É preciso paixão, mas também preparo.
Quando a coisa é feita de qualquer maneira as conseqüências surgem mais cedo ou mais tarde. Se missões não for uma questão individual, uma responsabilidade que todos devemos assumir, continuaremos a passear pelos corredores das conferências, dos seminários, dos cultos missionários, sem resultado algum.
Autor: Luis Alexandre Ribeiro Branco
Tambem publicado em:
Cascais - Lisboa - Portugal
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Geraldo Brandão
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