Foto: Jeferson Vieira |
O tombamento traz respeitabilidade por parte do Estado não só para o Mokambo, mas para toda a religião de matriz africana na Bahia, para um povo que sofreu por séculos por exercer a sua cultura”. Com essas palavras, o Taata Anselmo Santos, do Terreiro do Mokambo, traduziu a emoção com que recebeu o certificado e placa de Patrimônio da Bahia entregue neste domingo (23) à tarde pelo diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), João Carlos de Oliveira.
Localizado na Vila 2 de Julho, Trobogy, na Avenida Paralela, em Salvador, o Mokambo foi fundado em 1996 pelas mãos do Taata Kamukenge (Gervásio da Silva, Pai Zequinha), o Taata Pokó do Terreiro São Jorge Filho da Goméia. A tradução do nome do terreiro é a ‘Casa da Força Espiritual das Divindades Dandalunda e Tempo’.
“Até poucos anos atrás, na década de 1970, os candomblés tinham que pedir permissão à Polícia do Estado da Bahia”, completou o zelador do terreiro Onzó Nguzo za Nkizi Dandalunda Ye Tempo que descende do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, da famosa Mãe Mirinha do Portão (Altanira Souza 1924—1989).
Além de trazer reconhecimento dos poderes públicos, o tombamento do IPAC possibilita conseguir recursos com projetos, já que o bem cultural tombado tem prioridade nas linhas de financiamento. “Temos que ter continuidade e sustentabilidade para garantir que as futuras gerações tenham acesso a esse conhecimento cultural”, explica.
Foto: Jeferson Vieira |
LIVROS e VÍDEOS - O IPAC desenvolve muitas ações de proteção aos terreiros, não só tombamentos e registros, mas, publicação de livros e videodocumentários. Taata Anselmo falou do trabalho do IPAC. “Temos uma mudança efetiva nessa gestão do IPAC e comprovamos a aproximação que o instituto tem feito nos dois últimos anos com a comunidade religiosa de matriz africana na Bahia; isso é um diferencial!”, finalizou.
Representantes de terreiros de candomblé de Salvador, como o Axé Opô Afonjá, além de autoridades, artistas e personalidades estiveram presentes na cerimônia. Logo após, começou a Festa de Mutalambô (Oxóssi no Kêto).