Ofensas na Comissão

Senadores petistas e advogada trocam ofensas na Comissão do Impeachment
Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco

Wilson Dias/Agência Brasil

Um bate-boca marcou os trabalhos da Comissão Processante do Impeachment hoje (27), durante a oitiva do ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, como testemunha de defesa da presidenta afastada, Dilma Rousseff. Depois de ter dito em plenário que o juiz que determinou a prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, tinha sido orientando pela advogada de acusação do processo de impeachment, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), voltou a levantar o assunto durante a reunião da comissão.

“Não me constrange nem um pouco vir aqui, nem me intimida estar aqui. Nem os comentários que aqui foram feitos, ou comentários soltos, de professora orientadora de tese de juiz de primeiro grau que quis intimidar o Senado da República”, disse Gleisi.

O comentário da senadora levou a advogada Janaína Paschoal a fazer um pedido de resposta, alegando a necessidade de defender a própria honra. Janaína disse que as “ilações” sobre o posicionamento eventualmente político do juiz Paulo Bueno de Azevedo, que conduz as investigações da Operação Custo Brasil, foram levantadas inicialmente pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e negou que tenha ingerência sobre decisões judiciais.

“As pessoas medem as outras pela própria régua. Como os petistas têm vassalos, e não orientandos, acreditam que os outros professores também exigem que as pessoas se ajoelhem. Os meus orientandos são juízes, promotores, advogados, pesquisadores, das mais diversas orientações ideológicas. Eles nunca se submeteram a mim. Eles nunca me deram uma satisfação, a não ser da própria pesquisa. Porque o meu papel na universidade é formar pessoas de cabeças livres. Por isso, tenho orientandos inclusive petistas”, afirmou.

Em seguida, Lindbergh Farias usou o microfone para acusar Janaína de usar a comissão para se posicionar politicamente, evitando o debate jurídico em torno de eventual crime de responsabilidade que tenha sido cometido por Dilma. O senador disse que advogada tinha sido contratada pelo PSDB e não estava ali por idealismo. "A senhora começou nesse processo por R$ 45 mil. Foi por isso que a senhora começou. Contratada pelo PSDB, sim. Agora é a idealista. Não venha com esta!.”

A acusação gerou nova reação de Janaína, que questionou Lindbergh sobre os R$ 2 milhões que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter repassado ao senador. “Eu não sou processado, eu respondo a inquérito. E tenho certeza de que vou provar a minha inocência nesse processo todo”, respondeu o parlamentar.

O presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB) teve dificuldade para controlar o plenário e reiniciar os trabalhos. Ao fim, Lira ficou de analisar uma questão de ordem apresentada pelo líder do PT, Humberto Costa (PE), sobre os limites da atuação da advogada na comissão.


“Lava Jato não é salvação"

“Lava Jato por si só não salvará o Brasil”, diz Janot
André Richter – Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli

Valter Campanato/Agência Brasil

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse hoje (27) que a Operação Lava Jato não “salvará o Brasil” da corrupção sem partipação popular. Janot participou no início da noite da abertura de um seminário sobre grandes casos de corrupção julgados no país e na Itália.

No discurso de abertura, o procurador disse que a Lava Jato é a “maior e mais profunda” investigação de combate à corrupção da história do país. No entanto, segundo o procurador, o fim dos desvios de dinheiro público não depende somente dos procuradores e dos juízes.

“Não chegaremos ao fim dessa jornada pelos caminhos do Ministério Público ou do Judiciário. Esses são peças coadjuvantes no processo de transformação e de aprofundamento dos valores republicanos. A Lava Jato, por si só, não salvará o Brasil, nem promoverá a evolução do nosso processo civilizatório”, disse Janot.

No discurso, o procurador-geral também disse que existe atualmente no Brasil um ambiente favorável ao fim da impunidade e que retrocessos não serão tolerados pelo Ministério Público.

“Hoje, algumas vozes reverberam o passado e ensaiam a troca do combate à corrupção por uma pseudoestabilidade, a exclusiva estabilidade destinada a poucos. Não nos sujeitaremos à condescendência criminosa: não é isso que o Brasil quer, não é disso que o país precisa”, disse.

Ministro da Justiça

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Morais, também discursou na abertura do seminário e disse que o governo apoia as mudanças legislativas de combate à corrupção, como o projeto de lei denominado Dez Medidas contra a Corrupção. A inciativa é baseada em dez pontos de alteração da legislação atual, entre eles o aumento de penas para crimes relacionados com a corrupção e a criminalização das doações não declaradas em campanhas eleitorais.

Morais também disse que defende mudanças na legislação sobre improbidade administrativa. “Muitas vezes há dificuldade de comprovar algo que é claro. Se o servidor público ganha 13 salários por ano, não pode ganhar um tostão a mais, se a soma dos 13 salários é infinitamente menor do que o seu patrimônio, ele que explique o seu patrimônio. É algo óbvio”,disse.


O vencedor do Festival

Boi Garantido é o vencedor do Festival de Parintins
Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel

Bianca Paiva/Agência Brasil
O Garantido é o campeão da 50ª edição do Festival Folclórico de Parintins. O resultado foi anunciado hoje (27) após a apuração das notas. O Boi vermelho venceu o azul, o Caprichoso, por uma diferença de três décimos. O bumbá que carrega o coração na testa subiu em um carro e comemorou a vitória com a galera vermelha nas ruas de Parintins. Os torcedores tiveram a oportunidade de segurar o troféu.

O presidente do Garantido, Adelson Albuquerque, lembrou das dificuldades para viabilizar o evento deste ano, que ficou sem a verba do governo estadual. “Totalmente superação. Um ano difícil, um ano de muitas dificuldades. Mas o Garantido foi merecedor por tudo aquilo que apresentou na arena. O Garantido foi muito superior ao contrário", disse Albuquerque. O contrário é o Caprichoso. Como parte da tradição, quem torce para um boi não fala o nome do outro.

O Boi Garantido, que tem o coração como símbolo, escolheu o tema Celebração. O bumbá vermelho celebrou os antepassados, a tradição e a fé do povo de Parintins e o folclore da Amazônia.

A tradição e a cultura de Parintins e da Amazônia foram ressaltadas pela comissão julgadora antes do início da apuração. Os sete jurados vieram da Paraíba. O presidente da comissão, Paulo Vieira, que é diretor de teatro, ficou impressionado com a qualidade da festa.

“Pela televisão, parece ser uma coisa grandiosa. Mas a experiência de estar dentro da arena, de acompanhar o trabalho de cada um de vocês, nos mostrou que é mais que grandiosa, é espetacular. Vocês fazem coisas lindas e maravilhosas. Vocês estão dentro da Amazônia, dentro da floresta, apresentando um espetáculo que não deve nada ao que se faz de melhor em teatro no mundo”, ressaltou.

Festival

O prefeito de Parintins, Alexandre da Carbrás, que assumiu a organização da festa após o corte de recursos do governo estadual,  informou que tem a intenção de manter a realização do festival sob a responsabilidade da prefeitura.

“Foi além das nossas expectativas. Muito trabalho, determinação, união e sem dúvida nenhuma quem ganha com isso é Parintins, é nossa cultura. Se depender de mim, não sai daqui. Eu vou encaminhar para o governo estadual a minha solicitação para que eles devolvam para Parintins o que é Parintins, que é o bumbódromo”, afirmou o prefeito.

Melhor galera

O Festival Folclórico também premia a melhor galera, ou seja, a melhor torcida dos bois e, neste ano, a vencedora foi a do Caprichoso. O boi azul, que leva uma estrela na testa, homenageou, com o tema Viva Parintins, a cidade que é berço da festa.


A polêmica ciclovia

MPF propõe que Rio suspenda a reconstrução da Ciclovia Tim Maia
Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli

ernando Frazão/Agência Brasil

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) propôs ação para que o município do Rio de Janeiro não reconstrua a Ciclovia Tim Maia e não permita a utilização de qualquer trecho da via até que seja feito o licenciamento ambiental corretivo. Além do município, respondem à ação movida pelo MPF o consórcio Contemat-Concrejato e o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea).

A medida, distribuída para a 19ª Vara Federal do Rio pede que o licenciamento ambiental corretivo seja feito com intervenção da União e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com apresentação de estudo de impacto ambiental que deve observar, no mínimo, as recomendações técnicas do relatório do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ (Coppe) elaborado após a queda do trecho entre os pilares 48 e 49 da ciclovia em 21 de abril. O MPF justifica a intervenção da União pelo fato de a ciclovia estar em zona costeira, patrimônio da União cujo bioma é de interesse nacional.

Reavaliação da ciclovia

De acordo com a procuradora da República, Zani Cajueiro, autora da proposição, a obra foi objeto de licenciamento simplificado e os projetos básico e executivo não levaram em conta o eventual impacto das ondas além de 2,5 metros de altura. Em reunião em maio com o MPF, representantes da Coppe ressaltaram a necessidade de que a ciclovia seja feita em sua totalidade para analisar a ação das ondas na estrutura, porque o licenciamento ambiental não avaliou a questão e enfatizou apenas a supressão de vegetação e a retirada de entulho no curso das obras. O relatório da Coppe ainda aponta que a mureta da Gruta da Imprensa potencializou o efeito da onda que derrubou o trecho da ciclovia.

“Ocorre que não apenas o trecho entre os pilares 48 e 49 são de potencial formação de tais jatos. Há outros trechos onde o costão da Niemeyer foi alterado pelo homem. Muretas foram construídas ao longo de tal costão, a fim de conter a queda de pedras e a erosão”, disse a procuradora.

A ciclovia Tim Maia tem 3,9 quilômetros de extensão e liga os bairros do Leblon e de São Conrado, na zona sul do Rio, seguindo o costão rochoso ao longo da Avenida Niemeyer. Em 21 de abril, uma ressaca fez com que o trecho sobre a Gruta da Imprensa desabasse, causando a morte de duas pessoas. Próximo da ciclovia está o Morro Dois Irmãos, tombado pelo Iphan em 1973 como patrimônio natural. O MPF considera o licenciamento ambiental necessário porque qualquer intervenção, mesmo que não seja feita diretamente sobre o morro, pode afetar sua visibilidade e ambiência.

A procuradora Zani Cajueiro diz que “a beleza cênica daquela área é reverenciada no mundo todo e foi reconhecida, para além da questão do entorno do Morro Dois Irmãos [Iphan], também pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural”. O próprio conselho condicionou a obra à construção de estruturas que se integrassem à paisagem, o que não foi observado pela prefeitura.

A prefeitura do Rio, procurada pela Agência Brasil, disse que ainda não vai se pronunciar sobre a medida encaminhada à Justiça Federal sobre a reconstrução da Ciclovia Tim Maia até que seja emitido o licenciamento de estudo ambiental corretivo.


Selos dos Jogos

Correios e Comitê Rio 2016 lançam no Rio novos selos dos Jogos Olímpicos
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil Edição: Armando Cardoso

 Divulgação/Correios
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e os Correios lançaram hoje (27), no Rio de Janeiro, a emissão Nossos Selos Rio 2016 – Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que reúne 16 ilustrações vencedoras do concurso cultural de selos postais promovido pelo comitê por meio do aplicativo digital Meu Rio 2016.

Este foi o sexto lançamento conjunto feito pelas duas instituições, conforme informou a diretora de Licenciamento de Varejo do Comitê Rio 2016, Sylmara Multini.

De um total de 16 selos, quatro foram destinados a crianças e o restante para adultos. O lançamento ocorreu na Escola Ginásio Vicente Licínio Cardoso, que tem três alunas vencedoras: Hemilly Pereira, Danielle Martins e Samara Brum.

Entre as ilustrações ganhadoras de adultos, uma foi de um morador do Rio de Janeiro e as demais de outros estados brasileiros. O concurso teve por temática “O que mais te inspira no espírito Olímpico e Paralímpico”.

“Foi uma forma de nós estarmos engajando o público, para ele poder participar dos Jogos. A emoção das crianças e a alegria no rosto delas hoje foram demais. Muito bacana”, disse a diretora do comitê.

As ilustrações vencedoras foram reunidas pelos Correios em uma folha com 16 selos, que podem ser adquiridos em sua totalidade ou individualmente, inclusive por colecionadores. Segundo informou a assessoria de imprensa dos Correios, o valor de cada selo é o referente ao primeiro porte de carta comercial.

A emissão tem tiragem de 45 mil folhas e estará à venda nas principais agências dos Correios e na loja virtual da empresa. “A gente acredita que vai ter um valor muito grande para os colecionadores. E é bem legal, porque é um selo que você pode colocar em uma carta e enviar. Tem um valor simbólico”, comentou a diretora do comitê.

Sylmara Multini adiantou que haverá mais dois lançamentos de selos em parceria com os Correios, um deles abrangendo as arenas esportivas. O último será especial, com um tema ainda surpresa, mas que remeterá ao encerramento dos Jogos. “São ilustrações bastante icônicas”, informou.

Os três primeiros lançamentos se referiram às modalidades esportivas, emitidos em três folhas de selos diferentes, com 31 ilustrações, sendo a última relativa aos 31º Jogos Olímpicos de Verão, que ocorrerão no Rio de Janeiro. O quarto e quinto lançamentos envolveram as mascotes da Olimpíada e da Paralimpíada.


Greve ameça Olimpíada

Policiais civis do Rio protestam nas ruas e ameaçam greve durante Olimpíada
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil Edição: Jorge Wamburg

Tomaz Silva/Agência Brasil

Policiais civis do Rio de Janeiro fizeram hoje (27) um protesto e paralisaram parcialmente o atendimento em delegacias do estado, contra atrasos nos salários, falta de material de expediente, serviços de limpeza e escassez de combustível. Uma paralisação da categoria durante a Olimpíada não está descartada, segundo o presidente da Coligação de Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Colpol-RJ), Fábio Neira.

“A paciência acabou. Agora a questão é de subsistência. Estamos em um colapso. Vamos, gradativamente, aumentando o movimento. Não queremos radicalizar, mas o governo está nos levando a isso. A base está muito insatisfeita e sem perspectiva. Uma paralisação total não pode ser descartada”, disse Neira sobre a possibilidade de greve da categoria durante os Jogos Olímpicos.

Centenas de policiais se reuniram nesta segunda-feira em frente à Chefia de Polícia, na Lapa, e depois seguiram em passeata pelas ruas do centro, com faixas e cartazes de protesto, até a Assembleia Legislativa (Alerj), próximo à Praça 15.

“Queremos a volta da integralidade dos salários, que o pagamento volte para o segundo dia útil,  condições dignas nas delegacias, o fim da cota de combustível e que os terceirizados voltem a trabalhar”, disse Neira.

A polícia civil divulgou nota dizendo que entende as reivindicações dos policiais, consideradas justas e motivadas em razão das dificuldades da categoria, e informou que os delegados avaliariam as ocorrências nas delegacias para encaminhar as mais urgentes, durante a paralisação.

“A Chefia de Polícia está avaliando com os diretores-gerais a adesão do movimento, já tendo combinado com estes que o delegado titular da respectiva unidade avaliará a complexidade de ocorrências apresentadas e tomará as providências para o registro e demais medidas legais necessárias ao encarceramento de criminosos presos em flagrante”, informa a nota.

A população também pode fazer ocorrências pela internet, no endereço https://dedic.pcivil.rj.gov.br, bem como pela Central de Atendimento ao Cidadão (CAC), pelos telefones (21) 2334-8823, (21) 2334-8835 e pelo chat https://cacpcerj.pcivil.rj.gov.

"Prisão é intimidação"

Gleisi diz que prisão do marido é para intimidar quem é contra impeachment
Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil Edição: Maria Claudia

Wilson Dias/Agência Brasil
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) falou hoje (27), pela primeira vez, no plenário do Senado, sobre a prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, na Operação Custo Brasil, na última semana. Ela classificou a prisão de "abusiva" e fomentada para intimidar a atuação dos senadores contrários ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.

“A operação montada para busca e apreensão na nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram utilizados, força policial armada, muitos carros. Para que isso? Chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro público desnecessário, é isso. Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma. É uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores e senadoras que discordam dos argumentos que ora vem usados para afastar uma presidenta legitimamente eleita”, disse.

Ainda na mesma linha de argumentação, a senadora procurou relacionar o juiz que determinou a prisão, Paulo Bueno de Azevedo, com a advogada Janaína Paschoal, que conduz os trabalhos da acusação na Comissão Processante do Impeachment no Senado.

“Eu pergunto, caros colegas e colegas: o que aconteceu com a isenção que exige-se da Justiça? Por que humilhar um cidadão pacato e conhecido? Por que pré-condenar em praça pública antes de julgamento? Por que a iniciativa judicial vinda de São Paulo, assinada por um juiz que foi orientando da mesma advogada de acusação que assina o pedido de impeachment, priorizou a desmoralização pública por meio de show midiático em todos os meios de comunicação? Por que uma iniciativa judicial visa obter efeitos tão perversos? A quem interessa uma iniciativa como essa? Eu peço que todos reflitam bastante sobre essas perguntas”, disse a senadora aos colegas parlamentares.

Gleisi Hoffmann também voltou a falar sobre a exposição de sua família e de seus filhos diante da prisão de Paulo Bernado, tema que ela já tinha abordado anteriormente em carta divulgada em sua conta no Facebook. Segundo a senadora, a constante imagem do marido nos jornais e redes de televisão representou uma forma de “tortura moderna” para ela e os filhos.

Em defesa do ex-ministro, Gleisi disse que os contratos sob suspeita não são irregulares e que ele não tem responsabilidade sobre eles. “Eu estou aqui serena e humilde, mas não humilhada, para dizer que a inocência de Paulo Bernardo será provada. Eu o conheço, jamais se utilizaria de uma artimanha como esta. Não há contrato do Ministério do Planejamento com a tal Consist, nem vínculo do então ministro do Planejamento com o convênio celebrado entre a empresa e a associação dos bancos. Além disso, o próprio TCU, em acórdão de 2013, afirmou que o acordo com a associação dos bancos era regular e dispensava licitação. Se o Paulo participou de alguma armação criminosa, onde está o seu produto? Para onde foi o dinheiro, em que foi gasto? Volto a repetir, não temos conta no exterior, quase não viajamos, não somos dados a festa e nem badalações, nosso patrimônio é compatível com nossos salários. É um crime sem objeto, então?”, questionou.

A senadora recebeu apartes de colegas de partido e agradeceu o apoio recebido, inclusive, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que acionou o Supremo Tribunal Federal para questionar a legalidade da Operação. Provocada por Calheiros, a Advocacia Geral do Senado questionou a Supremo Corte se o mandado de busca e apreensão na casa de uma parlamentar não deveria ter sido emitido por um ministro. Ainda não houve resposta do Supremo.


Presos na Custo Brasil

Juiz mantém prisão de Paulo Bernardo e demais investigados na Custo Brasil
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco

Rovena Rosa/Agência Brasil
Terminou por volta das 15h30 a audiência de custódia do advogado Guilherme de Salles Gonçalves, que foi preso na Operação Custo Brasil. Gonçalves, que estava em Portugal e chegou ontem (26) ao Brasil, foi ouvido na tarde de hoje (27) pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal, em São Paulo. A audiência teve início por volta das 14h30.

Gonçalves e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que se entregou na última sexta-feira (24), eram os únicos que não tinham sido presos durante a Operação Custo Brasil na quinta-feira (23), quando foi deflagrada  a ação, que apura um esquema de desvio de verbas no sistema de gestão do crédito consignado no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Nove presos na operação já tinham sido ouvidos pelo juiz na sexta-feira (24), também em audiências de custódia: o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, Joaquim José Maranhão da Câmara, Daisson Silva Portanova, Dércio Guedes de Souza, Emanuel Dantas do Nascimento, Nelson Luiz Oliveira Freitas, Washington Luis Viana e Valter Correia da Costa, ex-secretário de municipal de Gestão de São Paulo. Já o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que também teve mandado de prisão expedido na operação, já estava sob custódia em Curitiba.

Após a audiência de custódia de Gonçalves, o último a ser ouvido nesta segunda-feira, o juiz decidiu manter presos todas as pessoas que foram detidas na operação.

“A decisão do juiz da 6ª Vara Criminal foi de que os motivos da prisão preventiva permanecem." Isso significa que todos os investigados que foram presos no âmbito da Operação Custo Brasil continuarão na prisão, disse o procurador da República Rodrigo de Grandis.

Segundo o procurador, os dez presos que estão em São Paulo continuarão detidos na sede da Superintendência da Polícia Federal na Lapa, zona oeste da capital, onde deverão ser ouvidos até o fim desta semana.

De Grandis acrescentou que o Ministério Público tem “vários elementos” para acusar os investigados. “Não só colaborações premiadas, mas elementos documentais, provas técnicas e e-mails”, afirmou.

Outro lado

Na saída, o advogado de Gonçalves, Rodrigo Sánchez Rios, disse que seu cliente sempre agiu de forma transparente e que hoje ele falou ao juiz “sobre a origem dos contrato e os trabalhos que ele prestou para a Consist durante cinco anos”. A Consist é a empresa apontada como responsável pela gestão do esquema de crédito consignado montado no Ministério do Planejamento

“Em nenhum momento, pela perícia que apresentamos, há uma retirada de dinheiro vultoso do escritório destinado a algum servidor público”, disse o advogado a jornalistas.

Segundo o advogado, Gonçalves está sendo acusado de ser lobista ou instrumento do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. “Isso é denegrir a imagem de um profissional que tem anos de experiência na área de direito eleitoral e administrativo, um advogado reconhecido em Curitiba e no Brasil inteiro”, afirmou Sánchez Rios.

O advogado admitiu que seu cliente prestou serviços para a Consist. Sánchez Rios informou que amanhã (28) deverá apresentar ao juiz um pedido de soltura de Gonçalves, entregando ao magistrado os contratos feitos entre o escritório de advocacia e a Consist. “A defesa insiste que isso [a prisão] é desproporcional e desnecessário. Não há nenhum dado que prove que, eventualmente, esse valor recebido por um advogado tenha sido repassado para um servidor público.”

Bumlai

Para ser ouvido em outro processo, o pecuarista José Carlos Bumlai também esteve na tarde de hoje na sede da Justiça Federal em São Paulo. Bumlai participou de uma acareação com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no processo da Operação Lava Jato. Bumlai participou da acareação por videoconferência de São Paulo e Delúbio, em Curitiba, na Justiça Federal.

O pecuarista deixou a sede da Justiça Federal por volta das 15h30, acompanhado de advogados, sem falar com a imprensa.

Os advogados disseram aos jornalistas que estão impedidos, por ordem de judicial, de falar sobre o processo.


Ajuda a Moro

Transparência Internacional oferece ajuda a Moro nas investigações da Lava Jato
André Richter - Repórter da Agência Brasil Edição: Luana Lourenço

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça, recebeu hoje (27), em Curitiba, representantes da Transparência Internacional, organização não governamental que atua no combate à corrupção.

Christianne Machiavelli ACS/JFPR

No encontro, Moro e o presidente da entidade, José Carlos Ugaz, discutiram medidas de cooperação na apuração dos crimes cometidos por empresas e pessoas que receberam propina no exterior, oriunda do esquema de desvios na Petrobras.

Em entrevista após a reunião, Ugaz anunciou que será criado no Brasil um centro de conhecimento anticorrupção, um grupo de trabalho para criar instrumentos para ajudar no combate à corrupção no país e na América Latina. O representante da Transparência Internacional também deverá se reunir ainda hoje com integrantes da força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná.

De acordo com dados da Procuradoria-Geral da República (PGR), foram feitos 108 pedidos de cooperação internacional e R$ 659 milhões foram repatriados nas investigações realizadas pela Justiça Federal em Curitiba no âmbito da Lava Jato.


“governo de transição”

Dilma diz que fará “governo de transição” caso retorne ao poder
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil Edição: Luana Lourenço


A presidente afastada Dilma Rousseff disse hoje (27) que, caso retorne à Presidência, fará um governo de transição, com o objetivo de garantir a democracia brasileira até as eleições de 2018. Dilma diz que pretende também aproveitar o momento político para avançar nas discussões sobre a reforma política.

“Farei basicamente um governo de transição. Porque é um governo que vai ter dois anos, e o que nós temos de garantir neste momento é a qualidade da democracia no Brasil, o que vai ocorrer em 2018. Eu farei isso, sobretudo. Acho que cabe a discussão de uma reforma política no Brasil, sem dúvidas. Nós tentamos isso depois de 2013 e perdemos fragorosamente. Tentamos Constituinte, tentamos reforma política”, disse a presidente afastada em entrevista à agência de notícias Pública, publicada nesta segunda-feira.

José Cruz/Agência Brasil

Dilma, no entanto, não confirmou a realização de um plebiscito sobre a convocação de novas eleições antes de 2018, proposta defendida por algumas lideranças políticas. “Não há um consenso. É uma das coisas. Uma das propostas colocadas na mesa. Agora, há de todo mundo uma opção por eleição direta, né? Sempre.”

Caso retorne ao poder, a presidente afastada disse que não tentará recompor sua base nos moldes como estava antes do processo de impeachment. “Não tem mais como recompor. Vou te falar, eu não recomponho governo nos termos anteriores em hipótese alguma.”

Perguntada se irá ao Senado para se defender na Comissão Processante do Impeachment, Dilma disse que ainda não se decidiu sobre o assunto. “Estou avaliando. Sou do tipo de gente que avalia.”


Vacina contra o Zika

Butantan fecha parceria com os EUA para produção de vacina contra o Zika
Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante

Rovena Rosa/Agência Brasil

O Instituto Butantan e o Ministério da Saúde dos Estados Unidos fecharam parceria para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Zika. A informação foi divulgada hoje (27) pelo órgão ligado à Secretaria  de Saúde do estado de São Paulo. O vírus Zika é um dos causadores de microcefalia e de lesões cerebrais fetais graves.

A instituição brasileira receberá investimento de US$ 3 milhões da Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda) – Autoridade de Desenvolvimento e Pesquisa em Biomedicina Avançada –, órgão do Ministério da Saúde dos Estados Unidos, para as pesquisas de uma vacina de Zika com vírus inativado. O repasse financeiro se dará por meio de acordo entre a Barda e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para a expansão da capacidade de pesquisa e produção de vacinas no Brasil.

Segundo o instituto, os recursos serão investidos em equipamentos e insumos para o desenvolvimento da vacina contra a doença. O acordo também prevê cooperação técnica entre os especialistas em vacinas da Barda e os pesquisadores do Butantan.

“O Butantan já vem trabalhando no desenvolvimento de uma vacina de vírus inativado. Esse tipo de vacina tem desenvolvimento científico e tecnológico mais rápidos e, por usar vírus não infectante, tem aprovação pelos órgãos reguladores, como a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], facilitada”, disse, em nota, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Atualmente, a instituição está no estágio de imunização do vírus inativado em roedores. Nos últimos meses, os pesquisadores do instituto trabalharam no processo de cultura, purificação e inativação do vírus em laboratório, informou o Butantan.

A expectativa do Instituto Butantan é que a vacina possa estar disponível para os primeiros testes em humanos no primeiro semestre de 2017. “O investimento reconhece a excelência do Instituto Butantan na pesquisa e produção de novos imunobiológicos. A parceria permitirá que a instituição prossiga na produção de uma vacina contra o Zika vírus, contribuindo para o avanço das pesquisas científicas no país”, afirmou Kalil.

Microcefalia

Na quarta-feira (22), o Ministério da Saúde informou que 1.616 casos de microcefalia foram registrados de outubro do ano passado até o dia 18 de junho.

Segundo a pasta, há 3.007 bebês com suspeita de malformações que ainda não tiveram os exames concluídos para diagnóstico preciso. São 40 casos a menos sem diagnóstico conclusivo, considerando os dados do boletim anterior.

Dos casos confirmados, 233 tiveram exames laboratoriais comprovando que foram causados pelo vírus Zika. Entretanto, para o Ministério da Saúde, esse número não reflete a realidade. Para a pasta, a maior parte dos casos confirmados foi causada pelo Zika, mas, por dificuldades de diagnosticar a doença, a situação não foi comprovada em laboratório.

14 mil estabelecimentos fecharam

Mais de 14 mil estabelecimentos do setor de alimentos fecharam no início de 2016
Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

Arquivo/Agência Brasil

Cerca de 14,3 mil estabelecimentos do setor de supermercados, alimentos e bebidas fecharam as portas de janeiro a abril deste ano. Segundo um estudo divulgado hoje (27) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número é quase seis vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 2,4 mil estabelecimentos encerraram suas atividades.

O estudo da CNC mostra que, com o fechamento dos mais de 14 mil estabelecimentos de varejo alimentício, foram encerradas 29,7 mil vagas de empregos formais.

O setor responde por 30,3% do faturamento anual do varejo brasileiro e é responsável por 30,6% da força de trabalho no setor. Nos quatro primeiros meses de 2016, o segmento teve o pior resultado nas vendas, desde 2003, com queda de 3,2%.

Para a CNC, a demanda dos consumidores já vinha caindo devido à recessão econômica. A alta de preços contribuiu ainda mais para o recuo das vendas.


Desculpas aos homossexuais

Papa Francisco diz que Igreja deve pedir desculpas aos homossexuais
da Agência Ansa Edição: Graça Adjuto


O papa Francisco disse no último domingo (26) que a Igreja deve pedir desculpas aos homossexuais pela forma com que foram tratados todos estes anos.

Em conversa com jornalistas a bordo do avião papal, quando voltava de uma visita de três dias à Armênia, Francisco voltou a dizer que se a pessoa "tem boa vontade e que busca Deus, quem somos nós para julgá-la?".

"Os cristãos devem pedir perdão por ter acompanhado tantas decisões equivocadas", disse, quando foi questionado se está de acordo com o cardeal Reinhard Marx, que declarou que a Igreja Católica deve pedir desculpas à comunidade gay por tê-la marginalizado.

"Eu creio que a Igreja não só deve pedir desculpa a essa pessoa que é gay e que ofendeu, mas também deve pedir desculpas aos pobres, às mulheres e às crianças exploradas no trabalho. Deve pedir desculpas por ter abençoado tantas armas", acrescentou.

Em 2013, na viagem de regresso a Roma após visitar o Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o papa Francisco chamou a atenção da imprensa mundial ao se referir pela primeira vez como Pontífice sobre o tema. "Se uma pessoa é gay e procura Jesus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O catecismo diz que não se deve marginalizar essas pessoas. Elas devem ser integradas à sociedade", declarou na ocasião.


ProUni: pré-selecionados

MEC divulga a lista dos pré-selecionados na segunda chamada do ProUni
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto


O Ministério da Educação (MEC) divulga hoje (27) o resultado da segunda chamada do Programa Universidade para Todos (ProUni). Os estudantes pré-selecionados têm até o dia 1º de julho para apresentar nas instituições de ensino os documentos que comprovem as informações prestadas na hora da inscrição.

O ProUni seleciona estudantes para receber bolsas de estudo em instituições particulades de ensino superior com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Serão ofertadas, no segundo semestre deste ano, 125.442 bolsas - 57.092 integrais e 68.350 parciais, de 50% - em 22.967 cursos de 901 instituições de ensino superior.

O resultado será divulgado na página do ProUni. Cabe ao candidato  verificar, na instituição, os horários e o local de comparecimento para a aferição das informações. A perda do prazo ou a não comprovação das informações implicará, automaticamente, a reprovação. Aqueles que não forem selecionados podem ainda participar da lista de espera, de 8 a 11 de julho.

A lista dos documentos necessários está disponível na internet. O estudante é selecionado quando a documentação é aprovada.

O programa é dirigido tanto aos estudantes egressos do ensino médio na rede pública, quanto àqueles que tenham vindo da rede particular na condição de bolsistas integrais. Podem concorrer a bolsas integrais os estudantes que comprovem renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Às bolsas parciais, podem concorrer aqueles com renda familiar per capita máxima de três salários mínimos.


Orgulho LGBTS

Parada do Orgulho LGBTS luta por regulamentação de lei que pune homofobia
Aline Leal – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

Elza Fiúza/Agência Brasil
Milhares de pessoas estão na zona central de Brasília desde o início da tarde de hoje (26) na 19ª Parada do Orgulho LGBTS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Simpatizantes), que tem como principal mote a sensibilização do governo do Distrito Federal para regulamentar a lei que pune discriminação por razões de orientação sexual.

“A Lei 2.615 foi aprovada em 2000 pela Câmara [Legislativa] do DF, mas na prática precisa de regulamentação para determinar o trâmite que uma denúncia vai ter. Essa ferramenta é fundamental no enfrentamento da homofobia, pois vem punir com multa tanto pessoas quanto estabelecimentos que agirem com discriminação relacionada à afetividade das pessoas”, disse Michel Platini, um dos organizadores do evento. Ele ressaltou que mais importante que o tema escolhido, é a busca das pessoas LGBTS por visibilidade na sociedade.

A concentração da parada começou por volta das 14h, em frente ao Congresso Nacional e deve terminar em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. Às 17h, a estimativa da organização era de que cerca de seis mil pessoas estavam reunidas próximas ao trio elétrico.

Em cima do trio, militantes convidavam os participantes da marcha a mudarem, com o voto nas próximas eleições, o atual cenário político do país, considerado por eles conservador.

Elza Fiúza/Agência Brasil

“Vim [para a parada] pelos meus direitos, pra exigir respeito. A parada é um ato político e também serve para que possamos pedir políticas públicas direcionadas a nós, gays e lésbicas”, disse Valéria Fria, de 49 anos.

A bancária lamenta que o preconceito ainda seja muito grande no trabalho e na família. “Eles dizem que aceitam, que respeitam, mas por trás soltam piadinhas. O que a gente quer é ser tratado como qualquer hétero, sem cara feia”, concluiu Valéria.

O ator Pablo Cunha escolheu Frida Kahlo como personagem para incorporar durante a parada como símbolo de força. “De fora, as pessoas às vezes confundem a parada com uma festa, mas isso tudo é um ato político. Visibilidade a gente tem, mas precisamos ser escutados e atendidos”, enfatizou o ator.

Segundo Pablo, todos os dias acontecem atos de barbárie contra os homossexuais, porém, o tiroteio na boate gay Pulse, no último dia 12, em Orlando, que deixou 49 mortos, choca as pessoas e evidencia a violência diária que os homossexuais vivem.

Abraçadas, o casal Hosana de Oliveira e Bruna Naiara ouviam uma ativista falar em cima do trio elétrico que todo dia é dia de todos os casais mostrarem afeto, andarem de mão dadas e se abraçarem na rua, independentemente da orientação afetiva.

“Eu sei que a gente não deve evitar andar de mãos dadas e demonstrar carinho na rua porque, agindo assim, as pessoas, quando virem [essas manifestações] vão achar que não é normal. Mas no dia a dia, tenho medo de ser hostilizada, de minha esposa e eu sofrermos violência. Estamos tentando mudar nossa cabeça para assim mudarmos a cabeça dos outros”, desabafou Hosana.




Diabetes: desinformação

Metade dos brasileiros com diabetes não sabe que tem a doença
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel

No Dia Nacional de Combate ao Diabetes, especialistas alertam que metade dos cerca de 14 milhões de brasileiros que têm o diabetes não sabe que tem a doença.

Arquivo/Agência Brasil
Segundo o endocrinologista João Salles, da Sociedade Brasileira de Diabetes, uma das dificuldades em identificar a doença é que ela não apresenta sintomas no início, como é o caso do tipo dois de diabetes. No estágio avançado, podem aparecer sinais como boca seca, vontade de urinar com frequência e perda de peso espontaneamente.

“Pessoas com mais de 40 anos, obesas, principalmente com a circunferência abdominal elevada, pessoas com pressão alta, altas taxas de triglicérides e com o HDL, o colesterol bom, baixo, devem ficar mais atentas pois estes são fatores de risco do diabetes tipo dois”, alertou Salles.

Cegueira, insuficiência renal e amputação de membros inferiores são outras consequências.

Consumo de doce

O especialista ressalta que, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas comer doce que propicia o desenvolvimento da enfermidade. “Existe uma lenda de que o consumo de doce leva ao diabetes, quando na verdade a doença está ligada à obesidade. Se come doce ou pastel e engorda, o risco é igual”, frisou.

Abandono do tratamento

Pesquisas internacionais apontam que a cada seis segundos uma pessoa morre no mundo por causa do diabetes.  A cada 20 segundos, uma pessoa tem uma amputação de membros por causa do diabetes, e que a doença é a maior causa de cegueira. Essas consequências também estão relacionadas à baixa adesão ao tratamento. De acordo com Salles, depois de um ano do diagnóstico, 60% dos pacientes abandonam o tratamento. “Se ele fizer o tratamento adequado, vai ter qualidade de vida normal”.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença crônica resulta na não produção do hormônio que controla a glicose no sangue, chamado insulina, ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia. Se esse quadro permanece por longos períodos, pode have danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.

Existem dois tipos de diabetes. A do tipo um, que é uma doença autoimune, não tem ligação genética forte, tem início abrupto e geralmente se manifesta na infância ou adolescência. Já a do tipo dois, que acomete cerca de 90% das pessoas que tem diabetes, tem fatores genéticos, está muito ligada a obesidade, tem início sem sintomas e pode ser evitada com estilo de vida saudável.

“É importante que o paciente com diabetes entenda que ele precisa participar do tratamento, discutir o tratamento com o médico, saber quanto tá a glicemia dele. Tudo isso é importante pra o controle da doença”, enfatizou o endocrinologista.


Bumbódromo em Parintins

Garantido e Caprichoso levam religiosidade para o bumbódromo em Parintins
Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel

Os bois Garantido e Caprichoso deram mais uma mostra da criatividade e da diversidade cultural dos povos da Amazônia na segunda noite do Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. O boi Garantido entrou na Arena do Bumbódromo às 20h desse sábado (25). O vermelho encantou os brincantes ao abordar a tradição e a fé da alma cabocla de Parintins, muito marcada pela religiosidade.

Um dos itens que é avaliado pelos jurados é a figura típica regional. O Garantido apresentou os Romeiros de Nossa Senhora do Carmo, que costumam participar todos os anos, no dia 16 de julho, da grande proscissão em homenagem à santa padroeira da cidade. A alegoria Romeiros da Fé reproduziu na arena duas imagens gigantes de Nossa Senhora de Nazaré e de Nossa Senhora do Carmo cercadas por anjos. A cantora amazonense Márcia Siqueira interpretou a canção Romaria, levando o público às lágrimas.


Bianca Paiva/Repórter da EBC
A mineira Gleice Kelly Ribeiro, que mora na Inglaterra, veio ao festival pela primeira vez. “As músicas, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora Aparecida, foi muito emocionante. Sempre tive vontade de conhecer essa festa e hoje foi uma noite muito especial”.

O marido dela, que é de Parintins, Luís Pontes, é torcedor do Garantido e acredita na vitória do boi vermelho este ano. “Depois de 12 anos, voltei para assistir o festival. Hoje o Garantido está fantástico. Provavelmente vai ser o campeão, como sempre. E a gente está muito feliz de estar aqui prestigiando a festa”.

Boi Caprichoso

A religiosidade também esteve presente na apresentação do boi Caprichoso, que começou pontualmente às 23h. O azul abordou na segunda noite do festival a temática “Viva Nossa Floresta”. No item, figura típica regional, Nossa Senhora do Carmo também estava representada em uma grande escultura como parte da alegoria O Pescador. O boi azul ressaltou a importância do trabalho desse profissional e da pesca tradicional de subsistência, característica da região amazônica devido à dinâmica de enchentes e vazantes dos rios.

Valéria Moura, moradora de Manaus e torcedora do boi Caprichoso, é apaixonada pela forma que a cultura dos povos da amazônia é representada na arena. “O que mais me emociona é a cultura popular, a cultura do povo parintinense. Cada item que passa aqui na arena é uma emoção diferente, não sei nem como explicar. Toda a vez que a gente vem para o bumbódromo, a gente fica emocionado, não tem como não ficar”.

Nildo Rodrigues, que veio da cidade de Monte Alegre (PA), está confiante no bicampeonato do Caprichoso.

“É um orgulho imenso estar aqui hoje vendo essa vitória do nosso boi. Se Deus quiser, é o bicampeonato. Estou cheio de felicidade. Esperei 10 anos para estar aqui hoje, curtindo e vivendo esse momento histórico do nosso boi bumbá Caprichoso”.

Os indígenas da Amazônia também foram representandos durante o Festival de Parintins. Ritual indígena é mais um item avaliado pelos jurados e costuma ser reproduzido pelos bois em grandes alegorias. O Garantido apresentou um ritual do povo indígena Kanamari, que até hoje mantém viva a prática do xamanismo, que envolve crenças, espiritualidade e até um pouco de magia. Já o Caprichoso representou, por meio da alegoria Monhagaripi, um ritual funerário indígena, contando a prática de se cultuar por vários dias, ou até meses, os mortos.

A segunda noite do Festival Folclórico de Parintins encerrou na madrugada, com o Caprichoso. E será o boi azul o responsável por abrir a última noite do evento neste domingo, às 20h, com a temática Viva Nossa Gente. O boi vermelho, o Garantido, fará o encerramento, abordando o Folclore Amazônico.