Ato em Salvador protesta contra abate de jegues no interior da Bahia

Ato em Salvador reuniu organizações de defesa dos animais como Bicho Feliz e Bicho Não é Lixo Sayonara Moreno/Agência Brasil



Organizações de defesa dos animais fez, na tarde de hoje (27), em Salvador, um ato contra o abate de centenas de jegues, que ocorre no município baiano de Miguel Calmon, centro-oeste do estado. Entidades como Bicho Feliz e Bicho Não é Lixo lideraram a manifestação, em frente a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), ligada à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri).

De acordo com os defensores dos animais, quase mil equídeos foram sacrificados para que o couro seja vendido para a China, além de outros mais de mil que podem ter o mesmo destino. “Nós não sabíamos do ocorrido, mas isso circulou nas redes sociais. Imediatamente confirmamos o ocorrido e acionamos o Ministério Público da Bahia, por meio de uma representação. O estado deveria tutelar esse animal, de repente mata para vender o couro para a China. O que é isso? A vida não vale mais nada?”, diz Gislane Brandão, da organização Bicho Feliz.

Segundo Gislane, o estado permite que isso ocorra, pois existe uma regulamentação recente que permite o abate inspecionado dos jegues.

A Seagri informou, em nota, que a portaria existe desde o dia 6 de julho e confirma os abates, que “foram inspecionados por cinco médicos veterinários da agência, que garantiram o cumprimento de todas as exigências higiênico-sanitárias e de bem-estar animal”. Com isso, o procedimento é semelhante ao feito em bovinos, informa.

A secretaria confirmou que o couro dos animais abatidos “vai ser vendido aos chineses, a carne fornecida ao zoológico e o resíduo restante será transformado em ração animal”.

Ministério Público

Após a representação movida pelas entidades de defesa dos animais, membros do Ministério Público do estado estiveram nos abatedouros e, após as visitas, recomendou, no último dia 18, aos frigoríficos, que não façam mais os abates de jegues, equídeos, mulas, jumentos e quaisquer animais do gênero. Segundo o MP, o descumprimento da recomendação pode gerar pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.

A recomendação a um dos frigoríficos é de que os animais sejam encaminhados a pastagens, com disponibilização de água, alimento e abrigo adequados, devidamente comprovados por laudo técnico. No mesmo documento, consta a quantidade de animais mortos durante o período de dez dias: um total de 978 animais. Além disso, as condições dos locais de abate não são adequadas para garantir a segurança dos trabalhadores e o bem-estar animal dos jumentos.

A Seagri defende que “a regulamentação do abate garante a abertura de novos mercados, com foco na exportação de pele para a China e promove um efeito amenizador, de forma humanitária e ética, no problema histórico dos animais errantes que, além de provocar acidentes em rodovias, servem como agentes disseminadores de doenças infecciosas e zoonoses”.

Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli