Manifestantes protestam contra violência sofrida por crianças nas ruas de SP

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco

Rovena Rosa/Agência Brasil
Um protesto lembrou hoje (3) as mortes de crianças e adolescentes em situação de rua no centro da capital paulista. Segundo entidades e organizações não governamentais que trabalham com esses jovens, foram pelo menos sete casos no último ano. Uma homenagem especial foi feita a João Victor, um adolescente de 13 anos, que morreu após ser espancado em frente ao Fórum João Mendes, na Praça da Sé, no dia 13 de março. A manifestação envolveu 20 organizações, além de jovens da região central...




“A gente resolveu homenagear e fazer um espaço para que eles possam relembrar essas mortes, fazer um luto. E também a vida dos que estão aqui até hoje”, disse o educador do Projeto Travessia Marcus Vinícius Alves, sobre o ato que começou no Vale do Anhangabaú. No local, foram montados cartazes com os nomes das vítimas da violência e mensagens dos jovens que vivem na região do centro paulistano.

Sobre João Victor, um dos participantes escreveu: “Mais um parceiro guardado no céu”. Outro jovem fez uma cobrança: “Quero justiça para todos os meus amigos que morreram”, dizia a mensagem. Os manifestantes saíram em passeata até a porta do Fórum João Mendes, onde o adolescente foi assassinado em março.

Além dos homicídios e brigas, Vinícius Alves disse que muitos dos jovens acabam morrendo em incidentes e por abuso de drogas. “Na nossa visão, até o uso abusivo de drogas, porque eles estão na rua e não têm muito atendimento, também é uma violência”, destacou o educador. “São várias violências, principalmente do Estado, que dá uma invisibilidade para a vida deles.”

Na opinião de Alves, as políticas públicas para combater o problema devem ter abrangência inclusive fora do centro. Apesar da região concentrar a maior parte da população de rua da capital paulista, muitas crianças e adolescentes têm família nos pontos extremos da cidade. “A gente também briga para que as comunidades e periferias sejam mais bem vistas pelo governo. Que eles não tenham que vir para o centro buscar espaço de lazer e outras coisas.”
Rovena Rosa/Agência Brasil
Esse é o caso de Raquel, de 15 anos, que tem família na Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. Em uma estrela, ela escreveu o nome de cinco pessoas que considerava importantes e que perderam a vida de forma violenta. Uma delas era o irmão, morto pela polícia há poucas semanas. “Ele levou seis tiros”, contou a jovem.

No entanto, o maior medo de Raquel, que vive sob um viaduto, é dos skinheads (cabeças rapadas), como são conhecidos alguns grupos de neonazistas. A adolescente disse que outro irmão, que vive com ela, foi atacado recentemente por um desses bandos. “Os skinheads quebraram o braço dele. Eles andam em gangues, em lugares que não anda ninguém.”