Tornado no Rio Grande do Sul

Tornado atinge São Miguel das Missões, cidade histórica do Rio Grande do Sul

O Museu de São Miguel das Missões foi danificado pelo tornadoDivulgação/Brigada Militar de São Miguel
Um tornado atingiu o município de São Miguel das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul, no fim da tarde de domingo (24). Segundo a MetSul Meteorologia, os ventos atingiram 250 km/h e caracterizam um tornado de categoria F2 na escala Fujita, que vai de F0 (mais brando) a F5 (mais intenso).

O fenômeno se formou por volta das 17h30 e permaneceu sobre a cidade durante cerca de 5 minutos — tempo suficiente para danificar pelo menos 100 residências e o hospital do município. O prefeito Hilário Casarin explicou que não há famílias desabrigadas, graças a um mutirão que tomou conta de São Miguel das Missões após o tornado.

“Felizmente, há muita solidariedade. Pessoas de várias cidades da região vieram até aqui para oferecer ajuda. O tornado foi assustador, eu nunca tinha visto algo igual”, relatou Casarin. Segundo o prefeito, as casas atingidas pelo fenômeno receberam cobertura provisória de lona.

O tornado não chegou a danificar as ruínas de São Miguel Arcanjo, patrimônio mundial da Unesco e atração turística do município. No entanto, os ventos derrubaram árvores centenárias do sítio arqueológico. O prédio do museu também foi danificado, e o acervo teve de ser retirado para evitar que se perdesse.

Amanhã, o prefeito Casarin vai se reunir com a Defesa Civil para avaliar se decreta situação de emergência no município.

O fenômeno

Tornados são colunas de ar que giram em direção ao solo, de tamanho e de intensidade variada. Como aconteceu em São Miguel das Missões, costumam se formar no fim da tarde, quando a atmosfera está mais instável.

Segundo o meteorologista Maurício Ilha, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a ocorrência de tornados na região não é comum: “Não existe uma climatologia porque o registro desse tipo de fenômeno é bastante esporádico. Quando acontece, no entanto, costuma ser nas estações do ano de transição — outono e primavera”.

O pesquisador também afirmou que é difícil prever com precisão o local onde um tornado vai se formar. O que se pode antecipar, segundo ele, é a identificação de uma área maior onde as condições para o aparecimento do fenômeno estão presentes: instabilidade térmica, ar quente na altura do solo e variação de ventos.

“Especialmente o vento, que fica mais forte quanto mais longe do solo, e que muda de direção. Todas essas condições estavam presentes ontem, na região de São Miguel das Missões”, ressaltou Ilha.

Daniel Isaia - Correspondente da Agência Brasil Edição: Jorge Wamburg