Quem "escolheu" Temer?

Opinião

Um dia após a votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados, nas redes sociais, uns diziam: “Quero ver como vai ser, se Michel Temer assumir a presidência”. Outros respondiam, anexo à imagem de uma urna eletrônica com a foto de Dilma e Temer: “Eu não escolhi Michel Temer nas eleições”...

Esse discurso separatista nos leva à lugar nenhum. Grande parte de nossos discursos não fazem nem “cócegas” em quem deveria atingir. 

“Não escolhemos” a maioria dos deputados que protagonizaram aquele espetáculo mal ensaiado de domingo (17), com atores canastrões, onde até o texto era combinado: Fale de qualquer coisa (família, Deus...), só não fale das pedaladas fiscais...  Aliás, só 35 deputados se elegeram com a própria votação. Os demais 478 eleitos em 2014 contaram com os votos somados do partido ou coligação para atingir a votação necessária para a eleição de um parlamentar. O Cantor Sérgio Reis, por exemplo, (muitos ficaram decepcionados com o seu voto), foi eleito por Celso Russomanno que conseguiu, não só voltar à Casa, como elegeu, junto com o cantor, outros três deputados de seu partido.

O impeachment está longe de ser a solução dos nossos problemas.  O que está posto é uma luta de poder e não um julgamento propriamente dito. Isso ficou ainda mais claro no domingo. 

A operação Lava Jato - grande conquista do povo brasileiro -  está ameaçada diante de acordos para um futuro bem próximo. Vamos acordar para os acordos. A operação não precisa de herói. “Infeliz do povo de precisa de heróis”.


Heraldo Souza Cabriola - Ator e diretor