Cientistas parecem descobrir o que apaga obras de Van Gogh

POR NOTÍCIAS AO MINUTO
 


A exposição à luz solar forte faz a cor mudar de um amarelo brilhante para um marrom sem graça

Após 100 anos, as cores vibrantes de algumas das mais famosas pinturas de Vincent van Gogh estão apagando. Segundo o Gizmodo, uma equipe de cientistas italianos chegou a uma explicação do motivo dos corantes de cromato de chumbo usados pelo artista degradarem tanto sob a luz. O trabalho foi descrito na Chemical Science.

As pinturas de Van Gogh são especialmente vulneráveis, mesmo que outras obras também venham a apagar, como Renoir. Não apenas ele foi incrivelmente produtivo, pintando quase 1.000 telas em apenas 10 anos, mas também era obcecado por pigmentos, descrevendo os seus favoritos em cartas para amigos e parentes e como ele os usava quando misturava tintas para suas pinturas.

Em 2015, cientistas belgas liderados por Koen Janssens, da Universidade da Antuérpia, usaram mapeamento de difração de raio-X combinado com tomografia no síncrotron DESY em Hamburgo, na Alemanha, para estudar a descoloração nos pigmentos de óxido de chumbo vermelho em “Campo de Trigo Sob Céu Nublado” de Van Gogh.

A mesma equipe ainda esteve por trás de um estudo de 2011 sobre o pigmento amarelo usado pelo artista. Cromo amarelo era moda entre os artistas do fim do século XIX, por isso foi uma escolha natural para Van Gogh, que adorava cores fortes e vibrantes.

Mas a exposição à luz solar forte faz a cor mudar de um amarelo brilhante para um marrom sem graça. Janssens sugeriu que o crômio no pigmento reagiu com força particularmente a compostos como bário e enxofre.

Estes dois elementos eram ingredientes-chave nas tintas brancas dos tempos de Van Gogh, e o artista frequentemente misturava amarelo com branco para dar mais brilho às cores. Duas das pinturas que eles estudaram continham sulfato de bário, provavelmente usadas para fazer a tinta ficar mais forte, segundo Janssens.

Os motivos precisos do porquê isso faz as tintas ficarem tão instáveis não ficou claro na pesquisa. É aí que entram Ana Muñoz-Garcia e seus colegas da Universidade de Nápoles Federico II. Eles modelaram a estrutura química das tintas para descobrir se o enfraquecimento é algo que acontece só na superfície, ou se é um problema estrutural. Infelizmente é a segunda opção, o que significa que há muito pouco o que conservacionistas de arte possam fazer, além de limitar a exposição das pinturas à luz solar.

“O sulfato puro é o vilão da história,” explicou Muñoz-Garcia à Chemistry World. “Todos os sulfatos querem ficar juntos para minimizar o estresse no material. Então por causa da segregação, você gera esse sulfato. E como o sulfato absorve nos raios UV, você tem degradação”. Cromo amarelo brilhante se transforma em um verde sem graça.