Brasília: crianças estampam em cartazes apoio ao governo Dilma

Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil Edição: Lana Cristina




Brasília - Pais levam filhos menores de 10 anos à Esplanada dos Ministérios para ensinar o respeito à democracia e a diferentes opiniões. Eles fizeram cartazes dizendo que querem defender o Brasil Ivan Richard/Agência Brasil

Cartazes em apoio à democracia e ao governo da presidenta Dilma Rousseff espalhados pelo chão e dezenas de crianças com as mãos e roupas sujas de tinta. Em meio a um número calculado pela Polícia Militar do Distrito Federal em 50 mil pessoas que foram à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra o impeachment,  um grupo de pais aproveitou o momento para sair às ruas ao lado dos filhos, em sua maioria, menores de dez anos.

“A gente veio defender o Brasil”, disse o pequeno Felipe Kitajima, de 4 anos, logo após pintar um cartaz de apoio à presidenta Dilma Rousseff. Para a mãe dele, a enfermeira Adriana Kitajma, é fundamental que as crianças entendam a importância da democracia.

“É importante ele ter contato com esse universo porque, na escola, algumas crianças já falam da política, levam as opiniões dos pais. E é importante ele saber que não é para brigar com o coleguinha e entender que as pessoas podem ter opiniões diferentes”, disse Adriana à Agência Brasil.

Para Davi Martins, de 7 anos, o governo da presidenta Dilma tem ajudado as pessoas mais pobres. “Ela tá tentando fazer com que as pessoas pobres tenham casa, dinheiro, carro”. Acompanhado do pai e da mãe, Davi já conversa sobre política e sobre os acontecimentos do país com a família, como explicou a mãe dele, a psicóloga Ivana Martins.

“O pai é professor de história e em casa a gente debate política, explicamos o que um lado quer é o que o outro quer. Explicamos que esse governo cometeu erros, mas que a democracia tem que estar acima de qualquer coisa”, disse Ivana.

Para ela, o processo de impeachment em tramitação na Câmara dos Deputados não tem argumentos legais. “Como vou formar meu filho se a Constituição não está sendo respeitada. O Brasil precisa de várias mudanças, mas não desse jeito. Ela foi eleita. Vamos estar nas ruas para cobrar que ela faça um bom governo”.

De acordo com a funcionária pública Gabriela Cunha, uma das organizadoras do ato, o Cirandas pela Democracia foi construído conjuntamente por pais e mães que queriam levar os filhos para as manifestações.

“A gente acredita que seja um espaço de educação para os nossos filhos”. Segundo ela, no último dia 18, quando houve outra manifestação em favor do governo, vários pais não levaram os filhos para a rua por medo de ocorrer violência, o que não se confirmou.

“A partir dai nos organizamos para as mães que queriam vir com as crianças, para que elas possam ir se apropriando. Elas têm uma sabedoria inata. Entendem atos de opressão, de injustiça. A gente acredita que tem que passar para eles que as pessoas podem ter opiniões diferentes sem precisar entrar em luta, porque a democracia é isso”. Os pais confeccionaram mais de 100 camisas para as pessoas que confirmaram a participação na manifestação.

A advogada Diana Melo, uma das coordenadoras do ato, explicou que foram tomadas todas as medidas de seguranças das crianças. “Se não garantirmos um espaço que seja possível que as crianças participem vamos impedir que várias mães, que não têm com quem deixar os filhos, não podem contratar babá ou não podem trazer as babás para a manifestação, criamos esse espaço para confraternizar e debater, queremos fazer o debate junto com as crianças, explicando que dá para fazer política sem xingamento, com respeito, respeito as autoridades".

A jornalista Camila de Menezes também levou a filha para o ato infantil. Para ela, as crianças têm que aprender o valor da democracia em casa. “Trouxe ela porque vim na manifestação passada e foi tranquila. Na outra ela queria ter vindo, esse é o assunto que se fala em todo lugar. No primeiro dia, ficamos com medo de confronto, mas está tranquilo. Acho que as crianças têm que aprender a viver na democracia, conviver com as diferenças.”