Lava Jato: Governo FHC teria recebido US$ 100 milhões em propina em 2002, diz Cerveró

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O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que a compra do conglomerado de energia argentino Pérez Companc (PeCom) pela petrolífera brasileira, em julho de 2002, resultou em pagamento de “propina de US$ 100 milhões ao governo FHC”.

A informação foi publicada nesta segunda-feira (11) pelos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo. Cerveró afirmou aos investigadores da Polícia Federal ter recebido a informação de diretores da PeCom e de Oscar Vicente, executivo argentino que presidia a empresa na época – um negócio de US$ 1,02 bilhão – e que era seria ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999).

Não é a primeira vez que Cerveró vincula pagamentos de propina durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em dezembro do ano passado, o ex-diretor da Petrobras afirmou que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) recebeu propina de contratos com as empresas Alstom e GE quando ambos estavam na diretoria de Gás e Energia, na gestão FHC.

No caso desta nova delação, Cerveró não fala sobre a origem ou o destino da propina. Em outubro de 2002, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a PeCom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A Petrobras, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.

“Cada diretor da Pérez Companc recebeu US$ 1 milhão como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente, US$ 6 milhões. Nós juntamos a Pérez Companc com a Petrobras Argentina e criamos a PESA (Petrobras Energia S/A) na Argentina”, apontou Cerveró.

Cerveró já foi condenado na Lava Jato. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da operação na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. Em sua primeira condenação, Cerveró foi condenado a 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, FHC disse desconhecer o assunto relatado pelo ex-diretor em sua delação e afirmou que ‘afirmações vagas’ não ajudam a esclarecer os fatos.

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“Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político-partidária. Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”, afirmou o tucano.

(Com Estadão Conteúdo)