Investigações contra corrupção não podem afetar economia, diz Cardozo

Karine Melo - Repórter da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (centro), lança segunda etapa de consulta sobre o Marco Civil da Internet Elza Fiúza/Agência Brasil

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (27) que é possível investigar e punir empresas envolvidas em escândalos de corrupção sem que haja prejuízo à economia do país. Segundo ele, o combate à corrupção é indispensável e o trabalho deve ser feito com autonomia. O ministro disse também que o governo tenta impedir que a sociedade "pague a conta" dos atos criminosos.

Cardozo destacou que “a exemplo de todos os outros países do mundo”, as investigações não podem atrapalhar a economia. “Temos clareza que a sociedade jamais deve ser penalizada do ponto de vista econômico. Não é justo que a sociedade pague a conta pelos atos de alguns, que devem ser punidos", disse durante lançamento da segunda etapa de consulta sobre o Marco Civil da Internet.

"O governo tem posição clara para que se evite que essas empresas, que podem continuar atuando e podem ser importantes para a economia do país, tenham suas atividades atingidas", acrescentou.

Tumor

Sobre o relatório anual da organização Transparência Internacional divulgado esta semana que aponta o aumento da percepção da população sobre a corrupção no país após denúncias na Petrobras, Cardozo voltou a comparar a corrupção a um tumor. "Os governos Lula e Dilma não agiram para esconder o tumor, mas para expô-lo. Esse é um ônus que todos correm quando a corrupção é descoberta. Ou seja, aumenta-se a percepção da corrupção quando ela é combatida. Quando as pessoas acobertam a corrupção, a percepção é de que ela não existe. A corrupção é percebida porque o governo não se acumplicia com a corrupção".

Para Cardozo, desde o mandato do ex-presidente Lula, o governo tem tornado "nua" a corrupção e criado mecanismos para combatê-la.

No levantamento, o Brasil aparece na 76ª posição,  queda de sete posições no índice que inclui 168 países. O ranking é liderado pela Dinamarca. Os países latino-americanos considerados menos corruptos, segundo o relatório, são Uruguai (21ª), Chile (23ª) e Costa Rica (40ª).

Lava Jato

Cardozo não comentou a 22ª fase da Operação Lava Jato - denominada Triplo X - deflagrada hoje pela Polícia Federal. "A PF executa mandados hoje e não sei se já houve levantamento de sigilo sobre operação, portanto, não farei comentários sobre a operação em execução hoje. O que posso dizer é que a Polícia Federal está cumprindo o que foi determinado pelo Judiciário", disse.

Nesta etapa, segundo a Polícia Federal, está sendo apurada "a existência de estrutura destinada a proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas off shores e contas no exterior para ocultar ou dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobras". Na operação de hoje, cerca de 80 policiais federais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e dois de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Joaçaba (SC).