Tombini: rebaixamento não causa “grande impacto” em investimentos no Brasil

Daniel Lima - Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante


Brasília - “Nossas projeções não mudam em função de reclassificação”, disse TombiniAntonio Cruz/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse hoje (17) em Brasília que não vê “grande impacto” da retirada de grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch no fluxo de investimento estrangeiro no país . Ele lembrou que a decisão da agência foi recebida com muita tranquilidade pelo mercado financeiro e indicou que, de certa forma, já era esperada.

“O que nós já vimos até o momento ocorrendo no Brasil é que nas nossas projeções de balanço de pagamentos apontam para um investimento estrangeiro direto da ordem de US$ 65 bilhões neste ano. As nossas projeções não mudam em função de reclassificação”, disse durante café da manhã com jornalistas, no Banco Central.

Segundo Tombini, 2015 foi um ano de complexidade política, com impactado nos ajustes macroeconômicos.

No setor externo, ele destacou a redução do déficit em conta-corrente este ano, que mede as transações do Brasil com os outros países. "[O déficit] será em torno de US$ 40 bilhões menor do que foi em 2014".

Setor externo

Para ele, o resultado reflete o estado atual do país. “[A economia brasileira] está em contração e a mudança dos preços relativos, com o fortalecimento do dólar e enfraquecimento do real, tem reflexos, consequentemente, na competitividade dos nossos produtos. Então, o setor externo vem avançando rapidamente com impacto do lado da economia [pelas contas nacionais] e vemos uma contribuição pelo lado do Produto Interno Bruto (PIB). Foi a primeira vez em dez anos que o setor externo tem uma contribuição líquida para o produto interno.”

Os números atualizados das projeções econômicas do Banco Central, no entanto, serão conhecidos na apresentação do relatório trimestral de inflação na próxima semana.

Sobre a política monetária, Tombini disse que o momento é de aperto, mas o objetivo é fazer a inflação convergir para o centro da meta de 4,5% em 2017. Em 2016, a tolerância é de 2 pontos percentuais, caindo para 1,5 ponto percentual em 2017. O centro do meta permanece em 4,5 %, nos dois casos.

Como de praxe, Tombini cumprirá a formalidade estabelecida na política monetária de comunicar oficialmente, por carta, ao ministro da Fazenda, o estouro da meta em 2015. Na carta, além de justificar o não cumprimento dos objetivos, ele reforçará que o avanço do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sofreu um intenso impacto dos preços relativos.

Segundo o presidente do Banco Central, dois fatores pressionaram a inflação: o reposicionamento dos preços administrados (aqueles regulados pelo governo) e a desvalorização do real em relação ao dólar.



* Matéria alterada às 16h48 para acréscimo de informação