Eduardo Azeredo é condenado a 20 anos de prisão por mensalão tucano

Estadão Conteúdo



O ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo foi condenado nesta quarta-feira, 16, pela Justiça de Minas Gerais a 20 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público) devido ao seu envolvimento no esquema do mensalão tucano. Com a sentença desta quarta, é o primeiro político do PSDB condenado no esquema do mensalão 17 anos após os crimes ocorrerem.

Na sentença, a juíza Melissa Pinheiro Costa Lage da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, determina que Azeredo já comece a cumprir a pena na prisão e relembra a trajetória política do tucano. Ela questiona a versão de que o tucano não saberia da existência do esquema montado junto com o empresário Marcos Valério enquanto era governador do Estado de Minas.

"Ora, acreditar que ele (Eduardo Azeredo) não sabia de nada e foi um simples fantoche seria o mesmo que afirmar que não possuímos líderes políticos, que os candidatos a cargos majoritários são manipulados por seus assessores e coordenadores políticos."

Azeredo foi condenado por desviar R$ 3,5 milhões de estatais mineiras por meio das empresas de publicidade de Marcos Valério, que ficou conhecido como valerioduto e também abasteceu o esquema petista anos depois, para sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. Valério já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal pelo seu envolvimento no mensalão do PT e atualmente cumpre pena de 37 anos de prisão.


O tucano teria utilizado contratos de publicidade de fachada para os eventos esportivos Enduro da Independência, Mundial de Supercross e Iron Biker patrocinados pelas estatais mineiras Comig, Copasa e Bemge por meio da SMP&B Comunicação, usada por Marcos Valério para abastecer os esquemas petista e tucano. Esse dinheiro, segundo a juíza Melissa Pinheiro da Costa Lage, da 9ª Vara Criminal da Capital mineira, abasteceu o caixa 2 da campanha do tucano. "Criou-se uma organização criminosa complexa com divisão de tarefas aprofundada, de forma metódica e duradoura", assinala a juíza na sentença.

"Foi criado um caixa robusto para a campanha eleitoral, com arrecadação de fundos de diversas fontes, inclusive de recursos públicos da Copasa, da Comig e do Bemge, aproveitando-se do uso da máquina pública", assinala a magistrada.

"Utilizando-se das empresas de publicidade de propriedade de Marcos Valério Fernandes de Souza realizou-se o processo de legitimação do dinheiro ilícito e sua distribuição aos colaboradores da campanha, recursos esses que não constaram na prestação de contas apresentada perante a Justiça Eleitoral pela coligação PSDB-PFL", segue a juíza na sentença.