Comissão Europeia: acordo com Grécia ainda é técnico e não político

Da Agência Lusa Edição: Denise Griesinger

A Comissão Europeia anunciou hoje (11) que a Grécia alcançou um acordo técnico com os seus credores internacionais para um terceiro resgate. "O que não temos é um acordo político", disse a porta-voz da Comissão, Annika Breidthardt, horas depois do governo de Atenas ter sugerido que haveria acordo total.

O acordo para um terceiro plano de ajuda à Grécia aconteceu hoje de madrugada e foi anunciado pelo executivo grego em comunicado, informando que o país conseguiu "o financiamento de cerca de 85 bilhões de euros" durante três anos.

Annika Breidthardt disse, no entanto, que o Comitê Econômico e Financeiro que coordena as negociações no nível da União Europeia (UE), teria de fazer uma conferência com todos os 28 Estados-membros para lhes permitir "fazer um balanço" do acordo.

A Grécia e os seus credores – a Comissão, o Banco Central Europeu (BCE), o fundo de resgate da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional – esperam finalizar o acordo até 20 de agosto, data em que Atenas tem de reembolsar cerca de 3,4 bilhões de euros ao BCE.

Ambos confirmaram que será necessário acertar alguns detalhes, mas a Grécia adiantou que planeja apresentar o acordo ao parlamento no final do dia para que seja votado na quinta-feira (13), de forma que os ministros das Finanças da zona do euro possam aprová-lo no dia seguinte.

Uma fonte do Ministério das Finanças grego disse à agência France Press que os detalhes que faltam "não afetam o corpo principal do acordo".

A estação de rádio ERT divulgou que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, falou com a chanceler alemã, Angela Merkel; o presidente francês, François Hollande; o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; e o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schultz, sobre o acordo.

A maratona de negociações arrastou-se até a madrugada de hoje com a Grécia comprometendo-se com um déficit primário de 0,25% em 2015 e um excedente em 2016, o que significa que não serão necessárias novas medidas fiscais até então.

O governo grego disse em comunicado que os credores haviam concordado com um "ajuste suave" sobre as metas fiscais que ajudará a promover o crescimento e economizar cerca de 20 bilhões de euros. Atenas acrescentou que os bancos gregos receberiam imediatamente 10 bilhões de euros e seriam totalmente recapitalizados até o final do ano.

O jornal Kathimerini disse que o governo grego teria que implementar imediatamente 35 medidas antes do início do acordo, entre as quais a desregulamentação do mercado de energia, as alterações do imposto sobre a carga para empresas de transporte, cortes de preços em medicamentos genéricos, revisão do sistema de bem-estar social, eliminação gradual das reformas antecipadas e execução das reformas de mercado propostas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).