Milhares vão às ruas reivindicar voto universal em Hong Kong

Da Agência Lusa Edição: Talita Cavalcante

A marcha pró-democracia tradicional do dia 1º de julho reuniu menos pessoas do que no ano passadoAlex Hofford/EPA/Agência Lusa
Milhares de pessoas reivindicaram hoje (1º) o voto universal em Hong Kong, na tradicional manifestação para assinalar o aniversário da transição para a China, que este ano registrou adesão menor que no ano passado.

De acordo com agências internacionais e a imprensa de Hong Kong, a Frente Civil para os Direitos Humanos, que organiza a marcha tinha prevista a participação de 100 mil pessoas na manifestação que este ano decorreu sob o lema “Construir a democracia, recuperar o futuro”. O evento ocorre sempre em 1º de julho, data da transferência da soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China,

O número de participantes na marcha ainda não é conhecido, mas, de acordo com a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), a multidão nas ruas este ano era visivelmente menor comparada às 510 mil pessoas estimadas no ano passado.

"O mais importante é expressar a desaprovação ao governo de Hong Kong e ao governo comunista [chinês] por suprimir as liberdades do povo chinês e exigir verdadeiras eleições para a população de Hong Kong", disse à Agência France Press o manifestante Wong Man-ying, 61 anos.

Sete meses após o fim da ocupação das ruas iniciada pelo movimento pró-democracia Occupy, era esperada uma menor adesão à manifestação, que desde 2003 percorre o trajeto entre o Parque Vitória e a sede do governo, na cidade politicamente dividida, com ativistas admitindo que o cansaço se instalou.

"Todos esperam uma menor participação do que no ano passado, o movimento popular não é o mesmo”, reconheceu Johnson Yeung, da Frente Civil para os Direitos Humanos.

A marcha ocorre duas semanas após a derrota, no Conselho Legislativo (LegCo), do plano de reforma política proposto pelo governo da Região Administrativa Especial chinesa e apoiado pelas autoridades de Pequim.

A proposta dava, pela primeira vez, oportunidade a todos os residentes de Hong Kong de em 2017 votarem nas eleições para o chefe do Executivo, sob a condição de que todos os candidatos – dois ou três no máximo – fossem pré-selecionados por um comitê ligado ao governo chinês.

A derrota da proposta é vista como um desafio a Pequim e eleva as dúvidas sobre o desenvolvimento político da antiga região britânica para os próximos anos. Deputados pró-democracia tinham apelado à população para aderirem à manifestação de hoje e, assim, exercer pressão sobre o governo para que retome o processo de reforma eleitoral.

Durante a manhã de hoje, no discurso para marcar o 18º aniversário da transição de Hong Kong para a China, o chefe do governo, Leung Chung-ying, disse que os problemas da cidade não podem ser resolvidos unicamente pela instauração de um sistema democrático e afirmou que, agora que a reforma política foi rejeitada, o governo dará prioridade à luta contra os problemas da habitação e pobreza.

"Agora que o sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo foi rejeitado, o governo necessita do apoio e cooperação de toda a população se queremos impulsionar a economia e melhorar a vida dos residentes de Hong Kong”, afirmou o chefe do Executivo, também conhecido por CY Leung.

Na manifestação do ano passado foram detidos mais de 500 manifestantes que se recusaram a abandonar o distrito financeiro de Hong Kong, após um comício pró-democracia com milhares de pessoas.