Festival Negra América reúne coletivos juvenis da América Latina


Jovens negros do Brasil, Argentina, Colômbia e Equador participam de evento de intercâmbio artístico e cultural em Salvador

Jovens das cinco regiões do Brasil e de três outros países da América Latina (Argentina, Colômbia e Equador) participarão do Festival Negra América – Cultura e Periferia, realizado pela CIPÓ Comunicação Interativa e Latitudes Latinas, projeto de extensão da Universidade Federal da Bahia, com apoio cultural do Oi Futuro, patrocínio da Oi e do Governo do Estado - através do Fazcultura, mecanismo de patrocínio cultural das Secretarias de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz). De 26 a 29 de agosto, o evento ocorrerá  em Salvador, ocupando espaços como o Parque São Bartolomeu (Av. Suburbana), o Centro Cultural de Plataforma e a Praça São Brás (Plataforma) e a Escola Oi Kabum! Arte e Tecnologia Salvador.

Realizado pelo primeiro ano, o projeto tem como objetivo promover o intercâmbio entre coletivos artístico-culturais de bairros periféricos de Salvador com coletivos juvenis, formados por afrodescendentes de outros países latino-americanos. A expectativa é que o encontro proporcione o fortalecimento da produção artístico-cultural dos coletivos participantes, além de promover a reflexão sobre a contribuição das manifestações culturais de matriz africana para o desenvolvimento da América Latina. A intenção do Negra América é promover a visibilidade do jovem de periferia como produtor de riqueza cultural para as cidades onde vivem, especialmente Salvador, cidade que sediará a primeira edição do evento. O Festival Negra América aposta numa ação que valorize e estimule a produção artística inovadora dos jovens, especialmente no campo da convergência entre arte, ciência e tecnologia, além de possibilitar o acesso à cultura e fomento a mobilização de público em bairros populares, fora da agenda cultural.

Afrolatinidade – Os traços afrolatinoamericanos são visíveis nos países participantes do Festival. Encontros de intercâmbio com foco nessas características comuns costumam ser escassos, nem sempre apontando para uma integração nos aspectos de arte, cultura, e produção intelectual.  Para Luciano Simões, coordenador executivo da CIPÓ Comunicação Interativa, “O Festival Negra América se propõe contribuir com a integração e o conhecimento sobre a América Latina, fortalecendo e dando visibilidade à produção artístico-cultural de jovens do continente. Esperamos contribuir para uma efetiva troca de saberes e para cidadania cultural dos jovens em seu sentido mais pleno, dedicando-se, especialmente, à promoção e à proteção das expressões culturais afrolatino-americanas” afirma o gestor.


Ao longo dos dias do evento, acontecerão apresentações culturais, atividades educativas e a construção colaborativa de uma agenda de ações em rede a serem realizadas pelos coletivos juvenis. O Festival Negra América abrangerá diferentes linguagens artísticas, reunindo artistas de música, vídeo, cultura digital, intervenções urbanas, teatro, como uma verdadeira vitrine da produção dos coletivos juvenis.

Para Carlos Bomfim, coordenador do Grupo Latinidades Latinas e professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Milton Santos da Universidade Federal da Bahia, o Festival “constitui uma muito fecunda oportunidade para seguir pensando coletiva e propositivamente, e a partir de diferentes contextos, realidades e projetos, questões que têm entre si diversas afinidades: juventudes, periferia e questões étnico-raciais. Para além dos recorrentes diagnósticos sobre os alarmantes casos de violência contra jovens, para além das recorrentes leituras que tendem a perpetuar uma percepção estigmatizadora de jovens e de periferias”. Para o estudioso, o encontro vai privilegiar modos propositivos de viver-pensar as juventudes, as raças/ etnias e as periferias. “Se, por um lado, os jovens são vistos habitualmente como ameaças, como um problema, por outro, investe-se numa visão ingenuamente redentora das juventudes, vistas vaga e imprecisamente como o futuro, como a esperança” acrescentou Bomfim.

A programação também conta com dois seminários, com os temas Cultura e Economia Solidária – A Experiência das Produtoras Culturais e Cultura Afrolatinamericana – Construção de Redes. Um total de 14 oficinas colaborativas, ministrados pelos representantes das instituições parceiras e dos coletivos: Educomunicação (Brasil), Produção de Áudio/ Webrádio (Brasil), Narração Visual (Equador), Narrativas Audiovisuais para Crianças (Colômbia), entre outras que serão oferecidas ao público.

Coletivos Juvenis – O Festival Negra América pretende integrar os coletivos juvenis, a universidade brasileira, gestores públicos e a sociedade civil organizada para construir conjuntamente uma numa agenda de ações a serem realizadas após o evento. A expectativa é fortalecer a ação dos jovens artistas e ativistas em seus territórios, promovendo iniciativas colaborativas e articuladas. Já estão confirmados como grupos internacionais Escuela Audiovisual Infantil de Belén de los Andaquíes (Colômbia), entre os representantes nacionais o Pombas Urbanas (São Paulo), Coco de Umbigada (Pernambuco), Relatos de Rua (Amapá), e entre os baianos o Reforma Companhia de Dança (Salvador), Grupo Resistência Poética(Salvador),  Dudu Odara (Salvador), Movimento Cultural Arte e Manha (Caravelas), Companhia de Artes Cênicas Rheluz (Pintadas).

Integrante da Escuela Audiovisual Infantil de Belén de los Andaquíes (Colômbia), Natalia Rueda, a expectativa da participação no Festival Negra América “é de poder conhecer a América Latina um pouco mais, para além do território que transitamos. Como uma porta para conhecer o trabalho de jovens de outros países e como desenvolvem duas dinâmicas”. Para a jovem, a criação de contatos para gerar outras oportunidades e diálogos. “A importância de encontros como estes é ter a possibilidade conhecer e compartilhar experiências com outras pessoas em um mesmo espaço. Cremos que esta partilha influencie o surgimento de novas maneiras de realizar os projetos individuais e coletivos dos participantes”, afirmou.

Já para a representante dos coletivos culturais do Norte do Brasil, mais especificamente do Amapá, do grupo Relatos de Rua, Cleide Queiroz, curiosidade e ansidedade são sensações que o Negra América provoca. Para ela, “será um imenso prazer, e satisfação total poder contribuir com o nosso movimento, o movimento hip-hop. Já participamos de grandes festivais, porém, aqui no estado do Amapá, está será  nossa primeira vez em outro estado. Queremos levar para vocês um pouco da nossa cultura, do nosso rap do Norte e contribuir para que este evento seja muito mais diversificado culturalmente. Este Festival é chance de mostrar que o movimento cultural HipHop não tem limites, não tem fronteiras”.

Entre os bairros da periferia de Salvador, terão mais destaque o Subúrbio Ferroviário e Centro Antigo, territórios em que a CIPÓ tem um histórico de atuação e que serão, portanto, espaços de realização de atividades e de convocação dos coletivos e jovens. De acordo com Simões, o encontro permitirá a ampliação do mapeamento dos Coletivos Juvenis de Salvador e sua visibilidade no Brasil e da América Latina.

Serviço

Festival Negra América – Arte e Cultura

Apresentações Culturais, Oficinas, Seminários – Gratuitos

Quando: 26 a 29 de agosto

Onde: Centro Cultural Plataforma, Praça São Brás (Plataforma), Parque São Bartolomeu, Oi Kabum – Escola Arte e Tecnologia

Programação Gratuita