Banco Central: há avanços no combate à inflação, mas persistem riscos para 2016

Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo

Mesmo com alguns resultados positivos inegáveis, acontecimentos recentes mostram que existem novos riscos para o resultado da inflação em 2016. Isso pode afetar as expectativas de inflação no longo prazo, disse o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva.



Ele participa do seminário Assessing International Capital Flows after the Crisis (Avaliando Fluxos de Capitais Internacionais depois da Crise). O evento, que ocorre no Rio de Janeiro, é organizado pelas seguintes instituições: Banco Central do Brasil, Irving Fisher Committee on Central Bank Statistics (IFC/BIS) e Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos (Cemla). O seminário é fechado à imprensa, mas o BC divulgou o discurso do diretor.

A diretoria do BC tem dito que a inflação deve convergir para a meta de 4,5% em 2016. Neste ano, no entanto, o BC projeta a inflação em 9%, bem acima do limite superior da meta, de 6,5%.

O diretor destacou que o país passa por um processo de alinhamento dos preços livres e administrados, internos e externos. Segundo ele, recentemente esse duplo ajuste de preços influenciou a inflação no primeiro semestre, aumentando a inflação em 12 meses. Com isso, as expectativas de mercado da inflação ainda estão acima da meta no final de 2016.

Para ele, há sinais positivos da convergência da inflação para 4,5% no próximo ano, mostrando que o BC está no caminho certo. “No entanto, o progresso até agora na luta contra a inflação precisa ser equilibrado contra riscos recentes que ameaçam nosso objetivo central”, disse. O diretor acrescentou que o BC deve permanecer cauteloso no momento atual.

A Selic já passou por seis altas seguidas e está atualmente em 13,75% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que define a Selic, está marcada para 28 e 29 deste mês.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa um ano de recessão, com queda na produção e no consumo.