Ex-presidente do Flamengo entrega documentos sobre investigação da Fifa

Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel

O ex-presidente do Flamengo Kleber Leite confirmou, em seu blog, a entrega de documentos à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF), que foram nessa quarta-feira à sede da empresa de marketing esportivo Klefer, da qual Kleber é sócio. Os órgãos brasileiros estão cooperando com a Justiça dos Estados Unidos, que investiga esquema de corrupção e fraudes na Fifa. O PF e o MPF  ainda não se pronunciaram sobre a ação.

"Acuso que recebemos na Klefer as visitas do Ministério Público e da Polícia Federal, em ato de cooperação com o governo americano, e que todos os documentos solicitados foram prontamente entregues. A Klefer, através de seus dirigentes, está inteiramente à disposição das autoridades", diz Kleber Leite, em texto publicado ontem (27) em seu blog.

No texto, Kleber Leite afirma que "foi surpreendido" com acusações feitas pelo empresário José Hawilla de que a agência Klefer teria pago propina para assinar um contrato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que previa direitos sobre a Copa do Brasil, campeonato organizado pela CBF e disputado por clubes do país em sistema eliminatório. O empresário José Hawilla, fundador da multinacional de marketing esportivo Traffic Group, fez um acordo e pagará multa de US$ 151 milhões por participação no esquema de corrupção na Fifa. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos , Hawilla confessou a participação nos crimes de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Desse montante, US$ 25 milhões foram pagos no momento do acordo, firmado em dezembro de 2014.

"A nossa resposta é muito simples. Jamais usamos deste expediente para obtenção de qualquer contrato ao longo dos 32 anos de vida da Klefer", diz Kleber Leite, em nota.

No blog, ele afirma ainda que "promoveu o diálogo" ao fazer com que a Traffic, empresa de Hawilla, dividisse direitos da Copa América com as argentinas Fullplay e Torneos e Competencias (TyC). Segundo ele, o acordo encerrou uma disputa judicial pelos direitos da competição que envolvia as empresas, a Confederação Sul-Americana de Futebol, as federações e seus dirigentes.

Depois, ainda segundo o texto do blog, Hawilla teria "feito um apelo quase desesperado" para que a Traffic dividisse com a Klefer os direitos da Copa do Brasil. "Apelou para a nossa velha amizade, quase que implorando para que a Klefer dividisse com a Traffic o contrato que havíamos firmado com a CBF. Levei o tema para os meus sócios e, mais no emocional, entendemos que poderíamos aceitar a Traffic como parceira no projeto".

O ex-presidente do Flamengo afirma ainda que Hawilla passou por momentos difíceis em função de uma doença grave, e que "a cabeça dele deve ter sido afetada". "A cabeça, o caráter e, principalmente, o sentimento de gratidão. Lamentável!!! Que fim de vida."


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