PT deve se manifestar ainda hoje sobre prisão de Vaccari, diz Humberto Costa

Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil Edição: Marcos Chagas

Senador Humberto Costa evita entrar no mérito da prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e aguarda nota do partidoJosé Cruz/Agência Brasil

O líder do PT no Senado, Humberto Costa PE), informou que a Executiva Nacional deverá se manifestar ainda hoje (15) sobre a prisão do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. No entanto, o senador preferiu não entrar no mérito do assunto. A Executiva do partido tem reunião marcada para sexta-feira (17).

Vaccari é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com base em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato, segundo os quais o tesoureiro intermediava doações de propina em contratos com fornecedores da Petrobras para financiar campanhas políticas.

O tesoureiro negou as acusações em depoimento na CPI da Petrobras, que investiga denúncias de irregularidades envolvendo a estatal, e antecipou, na ocasião, que não renunciaria ao cargo. Ele transferiu à diretoria do partido a decisão sobre o assunto.

O deputado Afonso Florence (PT-BA), membro da comissão de inquérito, também foi cauteloso e evitou avaliar a situação tecnicamente. “Do ponto de vista partidário, vejo com reserva e naturalidade. Reserva porque penso nas famílias. O réu está dizendo que é inocente. Tem que transitar em julgado. E vejo com naturalidade porque tem tanta gente sendo envolvida na operação que ele não é o primeiro nem será o último a ser preso.”

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também evitou comentar o caso e limitou-se a afirmar que a situação está sendo tratada pelo Judiciário. “Não cabe a mim comentar. Cabe lamentar.”

O vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que foi autor do requerimento de convocação do tesoureiro para depor, classificou a situação do PT de desagradável. “É constrangedor para o partido, que passa a conviver com o segundo tesoureiro nessa situação que é pior que a de réu. Quando o Ministério Público pede a prisão de alguém como Vaccari significa que tem indícios”, avaliou Imbassahy, ao citar o envolvimento de Delúbio Soares, que também foi tesoureiro do partido, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no processo do Mensalão.

O deputado baiano disse que a CPI agora acompanhará o depoimento de Vaccari na Polícia Federal para avaliar novas medidas. “O que importa agora é que o tesoureiro esclareça [os motivos pelos quais foi preso]. No depoimento na CPI, ele não foi convincente, não conseguiu passar confiança nas respostas.”

Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), a prisão do tesoureiro “comprova que o PT está envolvido no esquema de desvio de recursos da Petrobras”. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que a prisão “desmantela totalmente discurso do Partido dos Trabalhadores de que todas as doações recebidas para campanhas eleitorais, especialmente da presidente Dilma Rousseff, foram legais e registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.



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