Naufrágio: União Europeia não tem mais desculpas, diz alta representante

Da Agência Lusa

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, disse hoje (20) em Luxemburgo que “a UE [União Europeia] não tem mais desculpas” e os Estados-Membros devem acertar “uma verdadeira política migratória” para evitar novas tragédias no Mediterrâneo.

Em entrevista ao chegar para uma reunião dos chefes de diplomacia da UE – que, à tarde, terá a presença dos ministros do Interior de 28 países –,  Mogherini afirmou que após a tragédia que representou o naufrágio da embarcação no fim de semana, com pelo menos 700 imigrantes a bordo, que se soma a outras “nos últimos meses e nos últimos anos”, não há mais desculpas para não agir de forma decisiva.

“Não temos mais desculpas. A UE não tem mais álibis, os Estados-Membros não têm mais álibis”, disse a alta representante, que apelou à União Europeia para que assuma sua “responsabilidade”.

De acordo com Mogherini, que preside a reunião de chefes de diplomacia, trata-se de “um dever moral”, sendo a própria credibilidade da UE que está em jogo, pois o projeto europeu sempre se centrou “na proteção dos direitos humanos, da dignidade e na defesa da vida”. Para ela, a Europa deve ser “consistente” e não permitir que mais tragédias ocorram em um mar que também é seu.

A vice-presidenta da comissão admitiu que “não há uma solução fácil, não há uma solução mágica”, mas “há uma responsabilidade europeia” e instrumentos da política externa que podem e devem ser utilizados de imediato.

Lembrou que há responsabilidades que não estão nas mãos dos ministros dos Negócios Estrangeiros, e, por isso, o conselho de hoje será ampliado, na parte da tarde, aos ministros do Interior. Há outras responsabilidades, acrescentou, em nível de chefes de Estado e de governo, motivo pelo qual o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, está em contato com esses países para a realização de uma reunião de cúpula extraordinária.

Pelo menos 700 imigrantes estão desaparecidos no Mediterrâneo, depois de o barco em que viajavam com destino à Itália ter naufragado a 60 milhas da costa da Líbia.

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